quarta-feira, 2 de maio de 2012


Aqui se vai lá. Eis pois:
É finalmente Primavera, mas porra, pela primeira vez desde o 25 de Abril houve tumultos no 1º de Maio! Tumultos! Não por ideologia, mas pela causa das mercearias. E tau, muita carga policial nas donas de casa. Ó sim, pin-go-do-ce-ve-nha-cá!!!
 Hein?! Música linda! 
 Nesta linha de panorama, os gregos têm muito a aprender, que seja a não arriscar a pele e os ossos de mãos a abanar. Os portugueses só de sacos a abarrotar, é nabiça! 
Quando deixados à solta, nós damos sempre espectáculo. Compare-se com o aborrecimento do 25 de Abril: cerimoniosices lúgubres, arrufos fanfarréticos, azias instituciosas. É o que dá organizar e pensar, em geral, coisas.
Antes deixar-nos: celebrando protestamos pelo trabalho o consumo do feriado no nosso próprio reality show.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ninguém nos dirige boas palavras nestes tempos que correm, somos como leprosos no tempo de Cristo, mas sem a Sua compaixão nem curas milagrosas e muito menos direito a menção na Bíblia.
A insidiosa imprensa britânica em contrapartida chama-nos PIGS, e diz a wikipédia que estas nossas economias do Sul são também consideradas economias porcinas, e que isto aqui no Sul é o Olive Belt, o Cinturão da Azeitona. (Um parêntesis para uma tirada muito oportuna e engraçada: o Cinturão da Bíblia já é depreciativo, agora da azeitona, mais não sei quê economia porcina, é assim: nós até já tínhamos percebido que estávamos abaixo dos leprosos da Sagrada Escritura, agora é demais não reconhecer ao menos que o bacalhau é que vai bem com azeite, e que o porco gosta mesmo é de bolota). As estúpidas agências de rating americanas consideram-nos um monte de lixo. O desbocado Presidente República da República Checa humilhou o Presidente da República de Portugal. O sonso Obama usa-nos como um pai de família cita o exemplo de um delinquente numa conversa de família. A merkel Merkel merkela-nos como a merkel. Será que não percebem que não se resolve nada chamando nomes? Será, seus neoliberais anglo-saxónicos, capitalistas selvagens, antieuropeus oportunistas, imperialistas ignorantes, nazis disfarçados? Não entendem isso? O que é que falta? De onde virá, pergunto-me, de onde virá o próximo ataque? A Nova Caledónia virá dizer que cheiramos a sardinha? Madagáscar descerá a terreiro para declarar insuportável o nosso estado maníaco-depressivo com a história da saudade? Ou será o Passos Coelho que nos chamará piegas? Hã? Pois foi. Foi mesmo o africanista de Massamá.
Por mais que puxássemos pela imaginação, nunca nos ocorreria tal proveniência para novo ataque. Duas observações de imediato, no entanto: «piegas» é já uma grande evolução, face a «pigs». Não só pela introdução de duas vogais, que suavizam em termos fonéticos e de percepção da intensidade do qualificativo, como sobretudo em termos semânticos; e, em segundo lugar, porque o Pedro Passos não nos chamou exactamente aquilo: ele fez uma alusão, como quem usa o exemplo dos maus (e piegas) alunos que não devemos ser. Pois entende ele que devemos, isso sim, é ser na Europa como os bons alunos, que os há também em Portugal: aqueles que estudam, se dedicam e esforçam. E tiram cursos. Para acabar a viver de ajudas, sem ter por onde ganhar a vida nem perspectiva alguma de futuro à vista. Assim devemos ser nós na Europa. Foi isto, e era mais ou menos isto, o que acho eu que ele tenha talvez, no fundo, querido dizer. Acho eu.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ao Manuel José, num estádio de futebol do Egipto, quase lhe fazem a jihad (que quer dizer folha), e ele ainda hesita em deixar ou não clube. Entretanto o Cristiano Ronaldo, só porque ouve alguém espirrar no Bernabéu, já pensa em pôr-se a milhas. Às vezes o futebol parece mais um mundo doido.
Quanto a Portugal, há pessoas que dizem que vamos lá, e que há bons sinais já, e outras que não, que não há volta a dar aos problemas de fundo. Prémios Nobel, dirigentes de instituições internacionais, qualquer marreco no café, tanto faz. Até o New York Times já opina – que não, que não, ou que há-de ser muito difícil, muito difícil, exactamente o mesmo que diz o marreco do café, que não, que não, ou que será muito difícil, muito difícil. Assim até eu posso ser marreco do café (acho que não vamos lá, ou então que vai ser muito difícil).
Agora compreendo o Manuel José.