segunda-feira, 25 de julho de 2011
De uma forma ou de outra, parece que estão incluídos os pés, para gerir as empresas, e o traseiro, para ter onde meter as notas e os cheques, depois de arrumados na carteira, para além de permitir precisamente com ele «assentar» como deve ser (nalgum sítio haviam de o poder fazer); e ainda para nele levar um forte incentivo à saída quando muda a gerência, por falar em pés.
Os dois terços restantes do corpo legislativo são mais do que suficientes para aprovar todas as leis, incluindo as constitucionais. Pode ser um pouco desagradável [argg, uugh, vómitos, desmaios] ver assim espalhados em desarranjo importantes órgãos de soberania, coração para um lado, escondido debaixo de uma cadeira por exemplo, cabeça para o outro, ainda a dizer muito bem ou uh; mas nada neste quadro de horror, aliás de belo efeito literário, e aliás não mais do que isso, se aproxima da hedionda realidade.
Nem precisaríamos de falar das questões que se levantam ao nível de conflitos interesses, de que fala a notícia; nem das questões relacionadas com o facto de que quase metade dos deputados que constituem a comissão parlamentar de Obras Públicas sejam simultaneamente administradores de empresas de obras públicas (elas estão sempre a acontecer, as consequências, ou como é tão normal colocar por exemplo um cão a guardar uma salsicharia e dar-lhe a chave, ainda com uma agravante: no caso do cão, podemos sempre contar com um providencial equilíbrio entre o seu sentido ético e os seus atributos e capacidades).
Comecemos por falar disto: então mas os deputados é sempre do género ah e não sei quê, mas nós trabalhamos muito, não é só o estar, ou o não estar, vá, nas bancadas parlamentares; trabalhamos que nem galegos, só que não se vê. Comissões, reuniões, deslocações, representações. É triste, mas agora corre-se bem o risco, depois de se saber destas ligações às empresas, de se pensar nessas palavras de outra maneira: comissões(!), reuniões, deslocações, representações… Mas talvez seja só o pessoal a falar, ignorante e mal-intencionado como é. Não estávamos a falar de nós, que somos simplesmente estúpidos; a tal ponto que as nossas dúvidas estão naquele outro ponto: se os deputados se dedicam ao seu trabalho na Assembleia, de verdade, e poucas vezes «assentam» noutras paragens, que falta fazem, que resultado útil produzem nas tais empresas? Mas se, pelo contrário, o seu contributo é importante para as empresas, fruto da grande dedicação que lhes reservam, que falta fazem na Assembleia?
Sinceramente não percebemos, mas também já estamos habituados à nossa estupidez, oxalá ela se confirme novamente nesta história.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
O Governo também tem mais ou menos cumprido a promessa de estar calado quanto à situação que encontrou, só que nós queremos acreditar que isso é sinal de que afinal está tudo bem. Nada de mau há a dizer, às tantas.
Né?
Porque: eles são políticos, não iriam cá cumprir promessas! São uns grandes mentirosos. Porque: são uns completos aldrabões. À primeira oportunidade, iriam culpar os outros até à última.
A palavra político, no dicionário, até sugere logo os sinónimos trafulhas, esses bandidos, pá! (é assim, pá, e outras coisas). Claro que há excepções: o Sócrates. Dele é não se pode dizer o que acabámos de dizer, com a mesma ideia ou pretensão de ironia. Perde a graça e até vem logo aquela raiva. Mas o novo Governo, enfim, “vai-se aguentando”. Agora lá arranjaram um diz que disse mas não disse, sobre um desvio das contas colossal ou algo assim, assacado, ups, ao anterior governo, aparentemente para justificar algo como um imposto extraordinário que, ups, até vem contradizer certas ideias. Como a ideia que Pedro P. Coelho quis transmitir quanto à não subida de impostos, durante a campanha; e a ideia nossa de que está tudo bem (bem, quer dizer – no contexto do horror que já se conhecia; pois agora sabemos que estamos muito pior, em termos de horrível!).
A execução orçamental sofreu pois um desvio: dez milhões, de portugueses, serão agora executados. Estamos a falar neste tipo de números, já. Porque em euros chega-se também para os vinte ou trinta. Milhões. De euros!
Cem, aliás, milhões! Parece que é isso. Ou por outra, afinal não, confirmámos agora que são mas é mil milhões. Ou dois mil milhões, é assim uma coisa, ou o que é. Tudo em euros. De buraco, ou desvio, ou avenida, para a execução.
terça-feira, 5 de julho de 2011
Além disso, logo houve quem viesse dizer que a quantia não chegava para nada, se o Governo pensava que ia muito longe, nesse projecto de salvar Portugal, ou lá o que é, também já se tramou, não sei quê. (Só para não se ficar para lá a rir.)
Claro que parece não bater muito bem, o aumento destes impostos, com o que se foi passando na campanha dos partidos vencedores; mas isso faz parte da cartilha Postura dos Políticos de Agora e Sempre – ELEIÇÕES E IMPOSTOS (também conhecida pelo nome abreviado de IMPOSTURA). Aparentemente respeitando a tradição, o novo primeiro-ministro começou logo por impor impostos, assim, de impostor. Basicamente, aparentemente. Verdadeiramente se o foi mesmo ou não é que é mais difícil saber.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
O que se pode dizer do governo, além de que é um amor, em termos de conclusão geral final
Claro que também nós estamos apaixonados por Pedro P. Coelho, só de vê-lo adoecemos, esplêndido. Mas é um indivíduo que tem a mania que diz demasiadas verdades. O outro, se a tinha, não parecia. Era mais modesto: apenas tinha a mania de que podia mentir à vontade, sem nunca ser responsabilizado. E isso é uma coisa mais realista para Portugal. Bem visto, outro.
Agora a gente está cá para ver até onde dura a fanfarronice deste, que é como quem diz, para ver até que ponto o país aguenta a verdade. A verdade, sim, alegadamente. E há limites para ela.
Para já, podemos de parvoíces, ou coisas que parecem parecidas, que é obviamente a melhor maneira de se fazer do período histórico correspondente à governação de Pedro P. Coelho uma análise total e definitiva.
Caso Fernando Nobre – o Fernando é uma pessoa que nos merece a máxima consideração, não o conhecendo pessoalmente temos muita estima, não sei quê, por ele, mas, fó, man, há que tempos desejávamos ardentemente que levasse uma valente paulada na mona. Desde que, felizmente, não levou um tiro na cabeça. Foi desde essa altura, sobretudo, que o desejávamos. Desta vez só ameaçou dêem-me a eleição, que sem eleição à cabeça… eu vou para Santarém! guardar gado e vê-lo pastar, enquanto como uns pastéis, também! E os deputados (pff, políticos!, terão pensado) – está bem! (Mas ele não deixou o parlamento; lá está, políticos, pff!) Foi tão forte a paulada que até o Pedro Passos apanhou, e bem, que muita culpa teve no caso. E daqui se passou ao caso seguinte.
Caso Assunção Esteves – sem melodramas Venezuela Televisión, sem tiros na cabeça, foi ver subir a senhora até à cadeira de Presidente, tranquila e segura, como se nada fosse fazê-lo daquela maneira – numa nuvem de bolhinhas de sabão sopradas por anjos!
(A parvoíce aqui está mesmo em não ter feito esta escolha logo à partida.)
Caso superministros – por este andar ainda se convence os portugueses que meia dúzia até chegava: o Miguel Relvas já se sabe que podia ficar de fora e fazer tudo na sede do PSD com uma câmera e dois ou três microfones à frente; a Justiça pede Saúde e vice-versa, ou mesmo a Administração Interna (ministério cujo nome, aliás, é uma contradição nos termos); a Tropa devia estar em força na Escola; os Negócios Estrangeiros juntavam-se, no preenchimento dos papéis para o rendimento mínimo da Troika, à Segurança Social; a Agricultura agregava a Cultura, para pôr em ordem o problema da falta de tomates e excesso de nabos nesses campos tão mal amanhado. E o Primeiro-Ministro ficava formalmente sob a alçada da Troika.