Não é que não esperássemos austeridade, ou que ela até não tenha a sua graça, sobretudo quando recai sobre os outros. A Grécia não, coitada, a alta finança aventureira, os especuladores, se é que isso alguma vez se viu. Ou sobre a gordura do estado, também era engraçado. Agora em nós está a tornar-se muito monótono.Quando é que vão acabar os anúncios de NOVOS pacotes de austeridade? Nós, e mais meia dúzia de nabos como nós, acabamos sempre por descobrir as derrapagens nas contas das jantaradas aqui do pessoal d’OMesmo. Normalmente derrapamos nos whiskies. Dá um certo trabalho, mas mesmo sem prestar grande atenção a mais nada senão às mais variadas conversas de chacha, mesmo sem sabermos a tabuada, mesmo empanturrados, mesmo alcoolizados, lá acabamos por acertar com as contas. Como é que o exército de contabilistas abstémios que o Governo tem à disposição não dá conta das despesas da nossa jantarada nacional? Como explicar que tantos economistas virtuosos que compõem o Governo se estejam sempre a deparar com novos buracos, e sobretudo como é que antes estavam tão seguros de que não iriam aparecer? Não sabemos já se um grupo de dentistas, ginecologistas ou mineiros não faria melhor o trabalho, se o problema está realmente nesses malditos buracos. Ou talvez de coveiros.
Bom. As linhas principais do orçamento foram ontem apresentadas pelo chefe do Governo, e oh desilusão, não ouvimos nada de específico sobre o que mais aguardávamos, a criação de vários subsídios para o sector dos blogs, mas, para sermos justos, também não houve ninguém que se tenha ficado propriamente a rir com aquilo.
Os desfavorecidos e desgraçados em geral, sempre a escapar às medidas extraordinárias, a safar-se à grande, pelo menos agora não se hão-de regalar com o leite achocolatado: o famoso e polémico produto vai passar para o escalão mais alto do IVA. (Ai! Por São Jorge, oxalá tudo isto seja realmente necessário, para que o resto realmente melhore e realmente passe; é demasiado triste quando nos começamos a preocupar com o enriquecimento do leite com açúcar e cacau; o leite achocolatado não é de certeza a liquidez mais ilicitamente enriquecida que temos, muito menos aquela que nos deveria preocupar; a propósito ouvimos agora mesmo nas notícias que afinal é o leite aromatizado que está em causa; sentimo-nos mais parvos ainda.)
Os funcionários públicos gostariam que as eleições passassem a ser um acontecimento anual, para serem anualmente aumentados, mas quanto a isso não há nada a fazer (excepto tornar o país mais produtivo e bem governado, enfim, deixem-nos rir). Como, pelo contrário, a cada buraco ou derrapagem são os primeiros a ser «diminuídos», também não se ficarão a rir. Que era só o pior que nos podia acontecer, ficarmos agora com funcionários públicos carrancudos e pouco sorridentes.
Os trabalhadores do sector privado deverão trabalhar mais meia hora por dia, talvez que se fossem antes mais uma ou treze horas por dia o problema estivesse resolvido já no final deste ano.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Mais más notícias. Já lá vamos à Madeira. Lemos nos jornais que os manuais de cristalografia estavam errados: afinal há «quase-cristais». Nossa Senhora! Manuais de química para nós acabou, que desilusão, a sério. Já andávamos sem vontade de ler jornais, então agora se até a secção de ciência deixa uma pessoa desenganada, perdemos de todo a coragem. As bolas do Banco de Portugal, aproveitamos para dizer, e a propósito de desilusão, bem como as de outras entidades, por exemplo as bolas do Governo, devem ser disso, desse tal quase-cristal. Pois se não, como explicar que se estejam sempre a enganar nas previsões económicas? Se tivessem bolas de cristal como deve ser, mas não.
(Pensando melhor no assunto, só quando fez a supervisão do BPN é que que o Banco de Portugal mais parecia ter bolinhas de cristal, mas essa é outra conversa.)
Tudo isto não passa ainda assim de quase-ninharias, comparado com a angústia que temos a propósito dos manuais dos cristais e dos quase-cristais. Que chatice. Afinal estavam errados. É como a Madeira. Mas nem é por nada, agora só por qualquer coisa ser uma chatice fica igual à Madeira, tens uma dor de dentes, é como a Madeira, desgosto de amor, é Madeira, sofres de diarreia ou és um inadaptado social, isso é tão Madeira, metade dos males do Mundo, é a Madeira. Tínhamos prometido a nós mesmos, há já duas semanas, não falar mais neste assunto, mas também nós somos iguais à Madeira! Dá para acreditar? Não, exacto, a questão começa logo por ser essa, muito Madeira.
Enfim, governo da Madeira (e mais não sei quem (até certas entidades nacionais (como por exemplo algumas já referidas (sim, que de alguma coisa saberiam (no mínimo)))), mas o que importa é que se descobriu que afinal existiam quase-facturas. Quase-não-se-acredita-de-avultadas-que são, os manuais estavam errados, mas agora alguém vai ter de pagar a mais-que-certa-conta.
Diz o exaltado líder da Madeira entretanto, exaltado mas pouco ralado, que sim, gastou, mas fazendo obra. Que bom. Precisamos imenso no país de gente que tenha tido a coragem de se querer endividar ainda mais que o Sócrates, ou mais ou menos ao mesmo nível que ele. Tudo à grande, a banca a emprestar, os construtores a construir e o exaltado líder a inaugurar.
E que razão ele tem quando diz que no resto do país, com muito menos obra, também cresceu a dívida. Pois sim, dizemos nós: o governo da Madeira endividava-se com as obras, e o governo da República, entre outras coisas, endividava-se com a ajuda financeira à banca. Para esta poder continuar a emprestar ao governo da Madeira, apetece dizer, e pode bem ser verdade, só não sabemos ao certo se é ou não porque o Google às vezes não percebe o alcance de certas perguntas. Mas para palpite está bom, e como quase-facto serve na perfeição.
(Pensando melhor no assunto, só quando fez a supervisão do BPN é que que o Banco de Portugal mais parecia ter bolinhas de cristal, mas essa é outra conversa.)
Tudo isto não passa ainda assim de quase-ninharias, comparado com a angústia que temos a propósito dos manuais dos cristais e dos quase-cristais. Que chatice. Afinal estavam errados. É como a Madeira. Mas nem é por nada, agora só por qualquer coisa ser uma chatice fica igual à Madeira, tens uma dor de dentes, é como a Madeira, desgosto de amor, é Madeira, sofres de diarreia ou és um inadaptado social, isso é tão Madeira, metade dos males do Mundo, é a Madeira. Tínhamos prometido a nós mesmos, há já duas semanas, não falar mais neste assunto, mas também nós somos iguais à Madeira! Dá para acreditar? Não, exacto, a questão começa logo por ser essa, muito Madeira.
Enfim, governo da Madeira (e mais não sei quem (até certas entidades nacionais (como por exemplo algumas já referidas (sim, que de alguma coisa saberiam (no mínimo)))), mas o que importa é que se descobriu que afinal existiam quase-facturas. Quase-não-se-acredita-de-avultadas-que são, os manuais estavam errados, mas agora alguém vai ter de pagar a mais-que-certa-conta.
Diz o exaltado líder da Madeira entretanto, exaltado mas pouco ralado, que sim, gastou, mas fazendo obra. Que bom. Precisamos imenso no país de gente que tenha tido a coragem de se querer endividar ainda mais que o Sócrates, ou mais ou menos ao mesmo nível que ele. Tudo à grande, a banca a emprestar, os construtores a construir e o exaltado líder a inaugurar.
E que razão ele tem quando diz que no resto do país, com muito menos obra, também cresceu a dívida. Pois sim, dizemos nós: o governo da Madeira endividava-se com as obras, e o governo da República, entre outras coisas, endividava-se com a ajuda financeira à banca. Para esta poder continuar a emprestar ao governo da Madeira, apetece dizer, e pode bem ser verdade, só não sabemos ao certo se é ou não porque o Google às vezes não percebe o alcance de certas perguntas. Mas para palpite está bom, e como quase-facto serve na perfeição.
Subscrever:
Mensagens (Atom)