sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não é que não esperássemos austeridade, ou que ela até não tenha a sua graça, sobretudo quando recai sobre os outros. A Grécia não, coitada, a alta finança aventureira, os especuladores, se é que isso alguma vez se viu. Ou sobre a gordura do estado, também era engraçado. Agora em nós está a tornar-se muito monótono.Quando é que vão acabar os anúncios de NOVOS pacotes de austeridade? Nós, e mais meia dúzia de nabos como nós, acabamos sempre por descobrir as derrapagens nas contas das jantaradas aqui do pessoal d’OMesmo. Normalmente derrapamos nos whiskies. Dá um certo trabalho, mas mesmo sem prestar grande atenção a mais nada senão às mais variadas conversas de chacha, mesmo sem sabermos a tabuada, mesmo empanturrados, mesmo alcoolizados, lá acabamos por acertar com as contas. Como é que o exército de contabilistas abstémios que o Governo tem à disposição não dá conta das despesas da nossa jantarada nacional? Como explicar que tantos economistas virtuosos que compõem o Governo se estejam sempre a deparar com novos buracos, e sobretudo como é que antes estavam tão seguros de que não iriam aparecer? Não sabemos já se um grupo de dentistas, ginecologistas ou mineiros não faria melhor o trabalho, se o problema está realmente nesses malditos buracos. Ou talvez de coveiros.
Bom. As linhas principais do orçamento foram ontem apresentadas pelo chefe do Governo, e oh desilusão, não ouvimos nada de específico sobre o que mais aguardávamos, a criação de vários subsídios para o sector dos blogs, mas, para sermos justos, também não houve ninguém que se tenha ficado propriamente a rir com aquilo.
Os desfavorecidos e desgraçados em geral, sempre a escapar às medidas extraordinárias, a safar-se à grande, pelo menos agora não se hão-de regalar com o leite achocolatado: o famoso e polémico produto vai passar para o escalão mais alto do IVA. (Ai! Por São Jorge, oxalá tudo isto seja realmente necessário, para que o resto realmente melhore e realmente passe; é demasiado triste quando nos começamos a preocupar com o enriquecimento do leite com açúcar e cacau; o leite achocolatado não é de certeza a liquidez mais ilicitamente enriquecida que temos, muito menos aquela que nos deveria preocupar; a propósito ouvimos agora mesmo nas notícias que afinal é o leite aromatizado que está em causa; sentimo-nos mais parvos ainda.)
Os funcionários públicos gostariam que as eleições passassem a ser um acontecimento anual, para serem anualmente aumentados, mas quanto a isso não há nada a fazer (excepto tornar o país mais produtivo e bem governado, enfim, deixem-nos rir). Como, pelo contrário, a cada buraco ou derrapagem são os primeiros a ser «diminuídos», também não se ficarão a rir. Que era só o pior que nos podia acontecer, ficarmos agora com funcionários públicos carrancudos e pouco sorridentes.
Os trabalhadores do sector privado deverão trabalhar mais meia hora por dia, talvez que se fossem antes mais uma ou treze horas por dia o problema estivesse resolvido já no final deste ano.

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