Mais más notícias. Já lá vamos à Madeira. Lemos nos jornais que os manuais de cristalografia estavam errados: afinal há «quase-cristais». Nossa Senhora! Manuais de química para nós acabou, que desilusão, a sério. Já andávamos sem vontade de ler jornais, então agora se até a secção de ciência deixa uma pessoa desenganada, perdemos de todo a coragem. As bolas do Banco de Portugal, aproveitamos para dizer, e a propósito de desilusão, bem como as de outras entidades, por exemplo as bolas do Governo, devem ser disso, desse tal quase-cristal. Pois se não, como explicar que se estejam sempre a enganar nas previsões económicas? Se tivessem bolas de cristal como deve ser, mas não.
(Pensando melhor no assunto, só quando fez a supervisão do BPN é que que o Banco de Portugal mais parecia ter bolinhas de cristal, mas essa é outra conversa.)
Tudo isto não passa ainda assim de quase-ninharias, comparado com a angústia que temos a propósito dos manuais dos cristais e dos quase-cristais. Que chatice. Afinal estavam errados. É como a Madeira. Mas nem é por nada, agora só por qualquer coisa ser uma chatice fica igual à Madeira, tens uma dor de dentes, é como a Madeira, desgosto de amor, é Madeira, sofres de diarreia ou és um inadaptado social, isso é tão Madeira, metade dos males do Mundo, é a Madeira. Tínhamos prometido a nós mesmos, há já duas semanas, não falar mais neste assunto, mas também nós somos iguais à Madeira! Dá para acreditar? Não, exacto, a questão começa logo por ser essa, muito Madeira.
Enfim, governo da Madeira (e mais não sei quem (até certas entidades nacionais (como por exemplo algumas já referidas (sim, que de alguma coisa saberiam (no mínimo)))), mas o que importa é que se descobriu que afinal existiam quase-facturas. Quase-não-se-acredita-de-avultadas-que são, os manuais estavam errados, mas agora alguém vai ter de pagar a mais-que-certa-conta.
Diz o exaltado líder da Madeira entretanto, exaltado mas pouco ralado, que sim, gastou, mas fazendo obra. Que bom. Precisamos imenso no país de gente que tenha tido a coragem de se querer endividar ainda mais que o Sócrates, ou mais ou menos ao mesmo nível que ele. Tudo à grande, a banca a emprestar, os construtores a construir e o exaltado líder a inaugurar.
E que razão ele tem quando diz que no resto do país, com muito menos obra, também cresceu a dívida. Pois sim, dizemos nós: o governo da Madeira endividava-se com as obras, e o governo da República, entre outras coisas, endividava-se com a ajuda financeira à banca. Para esta poder continuar a emprestar ao governo da Madeira, apetece dizer, e pode bem ser verdade, só não sabemos ao certo se é ou não porque o Google às vezes não percebe o alcance de certas perguntas. Mas para palpite está bom, e como quase-facto serve na perfeição.
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