Houve uns finlandeses que fizeram na internet um jogo em que os portugueses são retratados como gastadores irresponsáveis. Mesmo a gozar. Nesse caso, ó fazedores de jogos, façam-nos um favor a vocês, se é que é possível, e não se metam connosco - metam antes um bloco de gelo finlandês no cu, agora que é Verão. E ele está derretido, e portanto não vale a pena. Pronto. Vêem? Até somos parceiros, mas, lá no fundo, ou lá onde quiserem, não temos que vos dar satisfações. Ok? Já responder com algo absolutamente letal e mortífero, porque não? Querem? Pode ser outro vídeo explicando-vos tudo o que vocês deveriam saber sobre nós? Já fizemos um. É mortífero. Pelo menos para nós, de tanta vergonha.
Sim, fez-se para aí um vídeo para ensinar umas coisinhas aos finlandeses. Tipo: que mesmo ANTES, repare-se só, de os finlandeses adoptarem a cruz azul para a sua bandeira, hã, já nós a tínhamos nós na nossa bandeira; e também que, num jogo entre o Benfica e uma equipa parisiense EM PARIS, havia mais adeptos portugueses que franceses, imagine-se. Que feras somos, uau, e não sei quê. E outras coisas muito lindas. O vídeo foi feito quando na Finlândia houve um debate sobre a contribuição daquele país para a resolução dos problemas financeiros de países como o nosso. E qual é que era, no fundo, a mensagem dele? Qualquer coisa como: terão vocês, seus finlandeses, depois de terem ficado a saber da desmedida excelência do nosso país, e na vossa ignorante insignificância, ainda a lata, sim, terão vocês ainda a lata de não querer aproveitar uma oportunidade única como esta para dar cá aos maiores uma esmolinha? Hã, vacõezões?
Para que o vídeo ficasse ainda mais azeiteiro, se isso é possível, só faltou que que a única coisa com classe que lá aparece - aquela voz em inglês - fizesse uma pergunta deste tipo. Claro que, tratando-se o destinatário de uma malta habituada a temperar as batatas com banha de foca, enviar um galheteiro a transbordar de virgem extra pode parecer boa ideia. Mas corre-se o risco de receber uma retribuição em espécie, mas com o mesmo azeite, já rançoso, como se viu no vídeo de resposta. Ou até de sermos presenteados com qualquer coisa mais difícil de engolir, provavelmente ensopada em óleo de fígado de bacalhau, como é o caso do jogo - uma espécie de metáfora para a medicina amarga e de efeitos duvidosos da troika. Entretanto o jogo foi retirado. Muito bem. Agora, e isso é que era, era: da nossa parte, fazermos um vídeo, chamado «O que os portugueses precisam de saber sobre Portugal», que mostre muito bem como foi, concretamente, que um país extraordinário, com cruz azul na bandeira, via verde nas auto-estradas, e tudo, deixou chegar as contas cair deste modo no vermelho; da parte deles, aprender os benefícios do azeite no arenque com batatas e grelos. E depois então, pensar em fazer jogos como deve ser. A gozar connosco. É que merecemos.
(Bom, na verdade merecemos um pouco; mas não está certo.)
Sobre o jogo.
O vídeo.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Toda a gente sabe que há países mais importantes que outros, no mundo. A Espanha não vale nada, ou lá o que é. A Nova Zelândia não chateia ninguém. E não só, há mais. Para dizer portanto que não nos devemos espantar com o facto de o nome de certos países, como é evidentemente o caso aqui do Portugal, surgir de repente na boca de um importante candidato republicano à Casa Branca na América, e outros não. Foi o Tim Pawlenty que puxou pelo nosso nome, a meio de um debate. E só com isso já quase ganhou. O pessoal ficou tipo wow! Ele disse que os Estados Unidos não se deveriam ver como «um entre iguais em todo o mundo» porque os Estados Unidos «não são o mesmo que Portugal, não são o mesmo que a Argentina». Ele queria dizer que os Estados Unidos eram tão bons, tão bons, que até mesmo PORTUGAL, esse inacreditavelmente excelente país, não se lhe podia comparar! Está aqui! E queremos acreditar que, enfim… que, enfim. Que pelo menos é. Mais ou menos bom. Falarem em. Nós.
Sim, é isso, raios partó homem! (Mesmo.) Qual é que acham que era o país de que os americanos se serviam antigamente quando se queriam referir a um país europeu insignificante sobre o qual ninguém sabia nada de nada além do nome? Era a Bélgica.
E só nesses momentos os belgas sentiam que existiam no mundo. Agora os americanos deixaram de falar deles e - a Bélgica, ai a Bélgica - vamos ver. Ai, a Bélgica. Entretanto não interessa, porque nós já fomos promovidos a Bélgica.
Queria um Burkina Faso, morria um Laos pelo luxo de poder servir de referência digerível pela mente de hambúrguer do americano médio, mas não, nada. Nós, yes, é que sim. Nós e a Argentina. Dupla vitória para Portugal! No contexto da chamada guerra das civilizações entre ibero-americanos e anglo-americanos, para ilustrar bem o lado opositor, foi-se, como é óbvio, por quem conta. E, assim, bem se compreende a referência a Portugal, quem se lembraria da parva da Espanha, e à Argentina, qual Brasil qual quê, tontinhos alegria e alto astral, está bem, e não sei quê.
Sim, é isso, raios partó homem! (Mesmo.) Qual é que acham que era o país de que os americanos se serviam antigamente quando se queriam referir a um país europeu insignificante sobre o qual ninguém sabia nada de nada além do nome? Era a Bélgica.
E só nesses momentos os belgas sentiam que existiam no mundo. Agora os americanos deixaram de falar deles e - a Bélgica, ai a Bélgica - vamos ver. Ai, a Bélgica. Entretanto não interessa, porque nós já fomos promovidos a Bélgica.
Queria um Burkina Faso, morria um Laos pelo luxo de poder servir de referência digerível pela mente de hambúrguer do americano médio, mas não, nada. Nós, yes, é que sim. Nós e a Argentina. Dupla vitória para Portugal! No contexto da chamada guerra das civilizações entre ibero-americanos e anglo-americanos, para ilustrar bem o lado opositor, foi-se, como é óbvio, por quem conta. E, assim, bem se compreende a referência a Portugal, quem se lembraria da parva da Espanha, e à Argentina, qual Brasil qual quê, tontinhos alegria e alto astral, está bem, e não sei quê.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Competente, forte, estável, coeso, discreto, corajoso, reformista, rápido, moderado, pequeno, é assim que o novo governo diz que vai ser, pronto, dizemos nós que vai ser, ainda bem, vem a calhar, que bom, dá jeito, óptimo, maravilha, estamos contigo, bem hajas, bem visto, bem-vindo, porque chegámos a pensar que fosse incompetente, fraco, instável, desunido, histérico, medroso, complacente, espaventoso, lento, grande.
Ora ufa.
(Só que não foi muito moderado, nem pequeno, em auto-elogios, dirão alguns; mas talvez não seja assim, desde que, e oxalá, seja o tal do competente).
Os ministros serão poucos. Ou nenhuns, se Passos Coelho acabar por nos convencer de que quantos menos, realmente, e agora que falas nisso, melhor. E também porque parece que quase ninguém quer aceitar! Sim, apesar de tanta descrição, já todos os jornais sabem ou inventam ministros que são e eram para ser. E diz (lá mais para baixo) que muitos bons nomes se têm recusado, por causa da situação em geral do país; e também por causa dos baixos vencimentos. Mas acontece que é precisamente por causa da situação em geral do país que era importante haver bons nomes! E que, se calhar, foi por não haver na mesma bons nomes, a governar, já antes, quando a situação não era tão em geral má, portanto tivessem havido, bolas, que agora a situação em geral é assim. Quanto aos vencimentos, dá ideia que dizem mais ou menos às pessoas: se os ordenados fossem melhores, talvez os contributos fossem outros; e as pessoas vá que respondam mais ou menos : os ordenados talvez fossem outros, se os contributos fossem melhores.
De ministros, entretanto saberemos.
Ora ufa.
(Só que não foi muito moderado, nem pequeno, em auto-elogios, dirão alguns; mas talvez não seja assim, desde que, e oxalá, seja o tal do competente).
Os ministros serão poucos. Ou nenhuns, se Passos Coelho acabar por nos convencer de que quantos menos, realmente, e agora que falas nisso, melhor. E também porque parece que quase ninguém quer aceitar! Sim, apesar de tanta descrição, já todos os jornais sabem ou inventam ministros que são e eram para ser. E diz (lá mais para baixo) que muitos bons nomes se têm recusado, por causa da situação em geral do país; e também por causa dos baixos vencimentos. Mas acontece que é precisamente por causa da situação em geral do país que era importante haver bons nomes! E que, se calhar, foi por não haver na mesma bons nomes, a governar, já antes, quando a situação não era tão em geral má, portanto tivessem havido, bolas, que agora a situação em geral é assim. Quanto aos vencimentos, dá ideia que dizem mais ou menos às pessoas: se os ordenados fossem melhores, talvez os contributos fossem outros; e as pessoas vá que respondam mais ou menos : os ordenados talvez fossem outros, se os contributos fossem melhores.
De ministros, entretanto saberemos.
terça-feira, 7 de junho de 2011
A direita concretiza finalmente o seu sonho: um Sócrates humilhado, um governo, uma maioria e um Presidente. E uma troika. Qual cereja. Melhor ainda que qualquer sonho de Sá Carneiro. Mas a direita não vai em maluqueiras nem em festejos, Passos Coelho nem saltou, no autocarro, na noite da vitória, com os militantes à volta, e salta Passos, e salta Passos, olé, olé, e os mercados a espreitar, dizia aquele tremelicar das pálpebras. Tocaram duas vezes o hino nacional, lá no PSD, mas apenas porque por estes dias ajuda muito a chegar à tristeza e às lágrimas. Paulo Portas já mandou engomar os fatos Contenção&Recato às riscas e arrumar os chapéus Feira&Campanha. A esquerda. Quanto ao Bloco, parece que efectivamente se fez a tão reclamada JUSTIÇA. E alguma mais se vai fazer, talvez. A CDU está melhor do que nunca, mais uma vez. O PS, é um partido muito importante.
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