Toda a gente sabe que há países mais importantes que outros, no mundo. A Espanha não vale nada, ou lá o que é. A Nova Zelândia não chateia ninguém. E não só, há mais. Para dizer portanto que não nos devemos espantar com o facto de o nome de certos países, como é evidentemente o caso aqui do Portugal, surgir de repente na boca de um importante candidato republicano à Casa Branca na América, e outros não. Foi o Tim Pawlenty que puxou pelo nosso nome, a meio de um debate. E só com isso já quase ganhou. O pessoal ficou tipo wow! Ele disse que os Estados Unidos não se deveriam ver como «um entre iguais em todo o mundo» porque os Estados Unidos «não são o mesmo que Portugal, não são o mesmo que a Argentina». Ele queria dizer que os Estados Unidos eram tão bons, tão bons, que até mesmo PORTUGAL, esse inacreditavelmente excelente país, não se lhe podia comparar! Está aqui! E queremos acreditar que, enfim… que, enfim. Que pelo menos é. Mais ou menos bom. Falarem em. Nós.
Sim, é isso, raios partó homem! (Mesmo.) Qual é que acham que era o país de que os americanos se serviam antigamente quando se queriam referir a um país europeu insignificante sobre o qual ninguém sabia nada de nada além do nome? Era a Bélgica.
E só nesses momentos os belgas sentiam que existiam no mundo. Agora os americanos deixaram de falar deles e - a Bélgica, ai a Bélgica - vamos ver. Ai, a Bélgica. Entretanto não interessa, porque nós já fomos promovidos a Bélgica.
Queria um Burkina Faso, morria um Laos pelo luxo de poder servir de referência digerível pela mente de hambúrguer do americano médio, mas não, nada. Nós, yes, é que sim. Nós e a Argentina. Dupla vitória para Portugal! No contexto da chamada guerra das civilizações entre ibero-americanos e anglo-americanos, para ilustrar bem o lado opositor, foi-se, como é óbvio, por quem conta. E, assim, bem se compreende a referência a Portugal, quem se lembraria da parva da Espanha, e à Argentina, qual Brasil qual quê, tontinhos alegria e alto astral, está bem, e não sei quê.
Sem comentários:
Enviar um comentário