sexta-feira, 24 de junho de 2011

O que os portugueses (e os finlandeses) precisam de saber sobre Portugal

Houve uns finlandeses que fizeram na internet um jogo em que os portugueses são retratados como gastadores irresponsáveis. Mesmo a gozar. Nesse caso, ó fazedores de jogos, façam-nos um favor a vocês, se é que é possível, e não se metam connosco - metam antes um bloco de gelo finlandês no cu, agora que é Verão. E ele está derretido, e portanto não vale a pena. Pronto. Vêem? Até somos parceiros, mas, lá no fundo, ou lá onde quiserem, não temos que vos dar satisfações. Ok? Já responder com algo absolutamente letal e mortífero, porque não? Querem? Pode ser outro vídeo explicando-vos tudo o que vocês deveriam saber sobre nós? Já fizemos um. É mortífero. Pelo menos para nós, de tanta vergonha.
Sim, fez-se para aí um vídeo para ensinar umas coisinhas aos finlandeses. Tipo: que mesmo ANTES, repare-se só, de os finlandeses adoptarem a cruz azul para a sua bandeira, hã, já nós a tínhamos nós na nossa bandeira; e também que, num jogo entre o Benfica e uma equipa parisiense EM PARIS, havia mais adeptos portugueses que franceses, imagine-se. Que feras somos, uau, e não sei quê. E outras coisas muito lindas. O vídeo foi feito quando na Finlândia houve um debate sobre a contribuição daquele país para a resolução dos problemas financeiros de países como o nosso. E qual é que era, no fundo, a mensagem dele? Qualquer coisa como: terão vocês, seus finlandeses, depois de terem ficado a saber da desmedida excelência do nosso país, e na vossa ignorante insignificância, ainda a lata, sim, terão vocês ainda a lata de não querer aproveitar uma oportunidade única como esta para dar cá aos maiores uma esmolinha? Hã, vacõezões?
Para que o vídeo ficasse ainda mais azeiteiro, se isso é possível, só faltou que que a única coisa com classe que lá aparece - aquela voz em inglês - fizesse uma pergunta deste tipo. Claro que, tratando-se o destinatário de uma malta habituada a temperar as batatas com banha de foca, enviar um galheteiro a transbordar de virgem extra pode parecer boa ideia. Mas corre-se o risco de receber uma retribuição em espécie, mas com o mesmo azeite, já rançoso, como se viu no vídeo de resposta. Ou até de sermos presenteados com qualquer coisa mais difícil de engolir, provavelmente ensopada em óleo de fígado de bacalhau, como é o caso do jogo - uma espécie de metáfora para a medicina amarga e de efeitos duvidosos da troika. Entretanto o jogo foi retirado. Muito bem. Agora, e isso é que era, era: da nossa parte, fazermos um vídeo, chamado «O que os portugueses precisam de saber sobre Portugal», que mostre muito bem como foi, concretamente, que um país extraordinário, com cruz azul na bandeira, via verde nas auto-estradas, e tudo, deixou chegar as contas cair deste modo no vermelho; da parte deles, aprender os benefícios do azeite no arenque com batatas e grelos. E depois então, pensar em fazer jogos como deve ser. A gozar connosco. É que merecemos.
(Bom, na verdade merecemos um pouco; mas não está certo.)

Sobre o jogo.
O vídeo.

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