sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Aconteceu-nos há pouco o primeiro constrangymentto à compreemsão de um texto por via da nova orthographia, ao lêr um artigo da «Visão» sobre uma seyta de orygem indiana adepta do sexo (e com música arrebatadora).
A nova orthographia constrange. Confirma-se o que não poucos anunciaram. E nisto de coisas indianas adeptas do sexo escriptas ao abrigo do novo acordo, emfim, nem se fala. A verdade é que queríamos perceber de que tratava o texto principal , uma vez que a nossa condição de conservadores reaccionários a um temppo nos causa repulsa e phascínio pellos novos rumos da língua portugueza e todas as discussões à volta delles. Bem como um ligeiro phascínio scientíphico pelo sexo indiano, que dizem ser de singular perenidade. E víamo-nos de todo sem perceber sequer se aceiptavam inscripções.
Muito menos entendíamos o fundamental das linhas conceptuaes da seyta, tão bizarra nos parecia a othographia. Jornalistas parece que não são especialmente bem-vindos. Para nossa sorte, no entanto, acabaram por aceiptar um (ou talvez o seu primo), que foi quem depois tentou escrever a crhónica ainda sob o efeito combinado da «Meditação para a Auto-Consciência, (AUM)», da «Simulação Orgíaca» e do caril. Ou talvez seja tudo efeito do acordo orthográphico. Se não, vejamos: temos o «SAR (Sistema de Ativação Retilínio)» – pela sonoridade das palavras parece um conceipto espectacular, mas o que é isso de «ativação»? O nosso diccionário não tem essa palavra. Falta certamente um “c”, pello que seria «Cativação» – ou seja «captura», como nós aprendemos na escola. Só não percebemos se o sistema está vocacionado para capturar «rectas» ou «répteis», pois que de facto o nosso primeiro grande constrangymento foi esse: «retilínio». Diz logo a seguir que é um «filtro mental fantástico» – talvez seja «rectas». No sentido de «linhas».
E assim percebe-se melhor que Atmananda, um indivíduo praticante, diga que a empresa onde trabalha lhe tenha dado «(…)um lugar na informática. Eu não sabia nada de informática, mas é como tudo: aprendese fazendo. E fui subindo." Até agora, que se vai despedir. Nos seus projetos para os próximos dois anos estão a criação de um espaço, franchisado, de depilação a laser(…)». Com esforço, mas perecebese. Ou que o Nuno (mas têm mesmo de usar estes nomes indianos?), que anda «numa busca», se tenha despedido da empresa depois de esta ter « (…) mandado em- bora várias pessoas [que não ele!] por causa da "crise"». Em-boa hora o fizeste. Parece-nos que já começamos a perceber estes estranhos e novos falares.
E a gostar. Vamos inclusivamente voltar àquella página com a música inspiradora e depois lêr mais algumas frases para praticar:

«Assim, o Kundalini abre com dezenas de rajneeshees [ pois, mas no nosso tempo escrevia-se rajneeshehes] a abanar o corpo na tenda grande (ou dome), uma espécie de aquecimento para a fase seguinte, a da dança, a que se seguirá a da meditação propriamente dita»;

«Mas quando a coisa começa a descer e o xamã chama os ícaros da planta... Wow! Que clareza, que awareness (autoconsciência)

«Que sensação." Mais tarde, Mónica F., uma bonita ex-controler financeira e designer gráfica, leu-me a aura descobri que tenho uma energia feminina muito forte, uma presença maligna, e que devia era ser músico e convidou-me, desinteressadamente, para uma destas sessões xamânicas. Custam 90 euros e são semiclandestinas para não dizer ilegais. Mas fazem furor entre os adeptos de Osho."Queres vir?", sorriu-me

«Ao nono estágio "a dança dos amantes", é distribuída uma venda a todos. A ideia é passarmos os próximos 20 minutos numa simulação orgíaca: agarramos um corpo, qualquer corpo, homem ou mulher, desde que ambos se sintam confortáveis, e dá-se um contacto semelhante ao que têm os amantes, antes do início do sexo. Confesso que nesta parte quando me vi agarrado entre um homem e uma mulher não consegui deixar de pensar: "Mas que raio estou eu a fazer aqui?"
P.S.: por favor, não contem isto à minha mãe


«O pai, conservador, achava que o destino de um homem era formarse, casar e ter filhos três, de preferência

Lemos e percebemos que há toda uma ausência de regras aqui. Muito interessante. Não deixaremos de tentar estudar o assumpto em maior profundidade, se a oporttunidade surgir. Ainda bem que não querem lá essa gente mesquinha dos jornais, que nós, ilustres moralistas hipócritas que sommos, também não apreciamos particularmente a exposição em folhetim dos nossos vícios mais exóticos, como o do yoga de frutos silvestres (isto para confessarmos apenas o mais belo e, sim, não menos infame).

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