quarta-feira, 30 de março de 2011
O estranho caso mais ou menos do costume. Agora em muito mau
domingo, 20 de março de 2011
Também sabemos dizer coisas sem sentido
É agora, a nossa vida colectiva espera ansiosamente por conhecer o seu destino, tudo está prestes a ser decidido: se se confirma a crise política, se as finanças se estatelam, se é o caos, se logo surgem soluções redentoras, enfim, o costume de há 200 anos para cá. Mais uma vez, é agora.
Só que é diferente, pela simples razão de que desta vez é agora. E é sempre assim que funciona, a cada vez. Mas também porque desta vez parece que realmente estamos a caprichar na dose, ditosos os portugueses a quem coube viver este tempo.
E porquê? Não perecebemos nada do que está a acontecer, na verdade, mas o Sócrates tem razão. É mais simples passar simplesmente a acreditar em tudinho o que diz. Fazer outra coisa dá muito trabalho – e muito medo –, daí que a partir de agora tem ele a razão e acabou.
Assim, a anunciada austeridade só se pode efectivamente dever a diferenças na análise das estatísticas: o governo diz alhos, na União Europeia dizem bugalhos, pelo sim pelo não austeriza-se um pouco mais. Com a magninimidade de quem sabe que tem razão, o governo pode dar-se ao luxo de olhar de cima para a coitada da Europa. Não quer que ela fique mal ela que, aiás, nem se sabe governar e já tem tantas dívidas e está numa situação de tão grande fraqueza. A apreciação do que será a médio ou longo prazo o desenlace do confronto entre os deves e os haveres das nossas contas, e mais sabendo nós o que são também as contas das economias europeias, tendo em conta quer os encargos assumidos e os previstos quer as melhores perspectivas de crescimento, convence de imediato mesmo o observador mais desatento sobre as razões desta austeridade. Na dúvida, decide-se a favor do mais fraco (a Europa). É uma questão de cautela, não vá a Portugal por exemplo ter um desempenho económico e financeiro tão bom que as entidades europeias venham a ter que morrer de vergonha ou coisa assim. Faz ou não faz sentido a austeridade neste quadro? Sócrates só pode ter razão.
Pobre Europa.
domingo, 13 de março de 2011
Engenheiros e cientistas sabem fazer contas (e ainda conseguem não ser escravos com doutoramento)
300 mil pessoas na manifestação da geração à rasca, uau! Isso é muito, mesmo tendo em conta a mais que o contagem deve estar errada. Nenhum dos presentes tem a inteligência necessária para fazer contas acima de 100, como se sabe – aqueles que a têm são engenheiros e cientistas, e pessoas em geral que tiravam mais que nove a matemática no secundário. Não se metem nestas coisas, mas seja como for. Trata-se de certeza de um número de pessoas (ainda que do tipo sociólogos e relações internacionais) cuja ordem de grandeza está acima do razoável para ser expresso através da unidade de medida «concerto Tony Carreira no Pavilhão» ou mesmo da unidade «estádio da Luz cheio». E até talvez seja mais do que o número de telespectadores do último Benfica – SPG que aproveitaram o minuto 81 para ir ao estádio de Alvalade lá de casa, depois de Franco Jara ter colocado o resultado em duas bolas a favor dos homens de Jesus. Estavam à rasca, e bem se sabe como é por vezes importate ter um estádio de Alvalade onde possa uma pessoa aliviar-se.
Até agora, só o SLB conseguia pôr fatias inteiras da população a satisfazer em simultâneo uma necessidade qualquer por todo o país; mas eis que os 300 mil de ontem vieram demonstrar que é possível, e posssivelmente desesável, estar mais gente ainda ao mesmo tempo à rasca e já completamente a cagar para a conversa de quem manda. É obra.
Querem coisas concretas; tipo condições; tipo empregos. Trabalho, sim; desemprego, não. Coisas boas e positivas em geral, pelo menos aparentemente, sim; coisas más, não (somos parvos mas não somos malucos). Estamos unidos nisto, sim; sabemos como é que se alcança, ou pelo menos cada um de nós individualmente, já nem se pergunta colectivamente, tem uma ideia, népia. É mais ou menos isto. Sempre é alguma coisa...
terça-feira, 8 de março de 2011
Bom, gostamos muito de momentos António Sala, em termos de ditos com espírito, mas realmente a Dívida Soberana é que é. É nossa e temos dela para dar e vender, não fosse uma das nossas maiores exportações, viva. Vai lá para os gajos que precisam de soberania, ou de dívida, ou lá o que é essa porcaria, tipo roubalheira, a bons preços para eles.
Que os nossos juros disparam mesmo a sério. Pau. Os pequenos (embora cada vez mais espigadotes) juros da tal dona Soberana é tipo pau-pau-pau. Logo a partir dos 5-10 anos é pau-pau, toca a disparar que Meu Deus. Com uma mãe assim tão soberana, que põe e dispõe, pois já tudo roda à sua volta, o que é que se esperava? Que saíssem mansinhos?
Devíamos era reflectir no que terá levado a que uma coisa assim como a dívida se tivesse tornado na nossa inchada soberana. Será que basta ter um presidente que, quer constitucionalmente, quer por feitio, não esteja para intervir; e um governo que, quer por ser composto por quem lá está, quer por lá estar quem o compõe, só faça de conta que faz?
Está bem, então. O problema é que isso significa que será preciso muito mias para que por exemplo a Maria, ou quem sabe a Competência, que isso é que era, se torne a soberana.