sexta-feira, 2 de julho de 2010

Temos de perder a inocência relativamente ao governo português: de acordo com o que vai constando, parece plausível admitir que tenha recorrido a meios ilegais para intervir num negócio que envolve a PT. Ah, fazem as bocas em tom de espanto (duas ou três; e uma é mais um bocejo). Logo este governo e esta PT? Parece, mas se era para enveredar pelo caminho da marginalidade… mais valia fazê-lo em grande estilo, passe a contradição, ou a redundância, que já nem sabemos.
O nome da operação, Acção Dourada, até escapa, embora eu preferisse Golden Finger, Golden eye ou The man with the golden gun, por exemplo. Por serem títulos de filmes do 007. Estilo, simplesmente. Agora quanto ao modus operandi: em vez de se fazer a ilegalidade em plena assembleia de accionistas anunciada e acompanhada a par e passo por meia mídia do mundo todo, que é sempre uma idiotice, aconselhava a prudência que se metesse um tipo aqui, outro ali, tipo em lugares-chave, know what I mean, para ir controlando a jogada sem dar nas vistas. Eles podiam, claro, falar entre si através de aparelhos de comunicação portáteis, combinar coisas, vestir bem (dentro do género papa-açorda), usar gel e olhares meio manhosos e muito mais. Toda a gente sabe que é assim que um governo intervém à margem das regras nos negócios de uma empresa como a PT.
Mas tudo sem que se saiba. Não também como alegadamente terá ocorrido na alegada tentativa de intervenção na alegada compra da TVI pela PT.
É que é um bocadinho incrível, mas podemos estar perante duas tentativas de controlo de empresas que serão, APESAR DE SE TER RECORRIDO À BATOTA, redondos fracassos. Primeiro, no caso PT-TVI, não terão sabido controlar-se com os ditos aparelhos de comunicação portáteis, falaram demais, fazendo assim falhar controlo da TVI. Depois, no caso PT-Telefónica, sem que a TVI e outros media estivessem devidamente controlados, e à frente destes, agiu de modo aparentemente ilegal para tentar (e provavelmente falhar) o controlo de uma empresa operadora de… aparelhos de comunicação portáteis. E tudo isto vindo da parte de um grupo de malignos aspirantes a senhores do planeta, qual polvo, com plano e tudo, que se diz amigo das tecnologias e que tem a presunção de saber comunicar bem a sua mensagem. Será que nunca viram nos filmes que, quando queremos dominar o mundo, antes de mais nada verificamos se os nossos aparelhos de comunicação portáteis são seguros – ou então falamos mesmo em código -, depois podemos passar à manipulação das mentes através das TVs e tal, e, só depois disso assegurado, é que se pode passar a fazer o que bem se quer e bem apetece, seja legal ou ilegal, à frente de toda a gente. São estas as boas práticas reconhecidas internacionalmente, ou nos filmes. Um certo tipo de filmes. Pelo menos já vimos um parecido com isto, vagamente. Bastante fraquinho, por sinal.

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