As negociações entre os dois países, se assim lhes podemos chamar, às negociações, agora já está, são extremamente delicadas. Os observadores aguardam com reserva, e os oportunistas, internos ou externos, não hesitarão em tentar deitar tudo a perder, na expectativa de lucrarem com os despojos. Foi por isso muito boa ideia destacar o responsável máximo pela pasta da diplomacia, Luís Amado, para vir a público apelar à cooperação. Ninguém melhor do que o ministro dos Negócios Estrangeiros para desbravar terreno nessa árdua tarefa da obtenção dos compromissos necessários à resolução dos graves problemas internos de Portugal, ou melhor, dos dois Portugais: o do primeiro-ministro e o real.
São de facto dois países diferentes, e até se ouve falar, já nem sabemos ao certo se por essas capitais mundiais e respectivas chancelarias se, na verdade, aqui Mesmo, numa oficial two states solution, numa solution à deus États, numa estatu bien konponbidea. Caso as negociações não consigam nada de realmente extraordinário, enfim, que venham cá a República Populista do Optimismo, de uma banda, e o Estado Desgraçado a que Isto Chegou, da outra, e que digam qualquer coisa para a gente ouvir.
Ficara já entretanto provado que o Governo e Portugal vivem em mundos à parte. Ninguém conhece ministro nenhum – excepto o das Finanças, que por vezes vem cá à colónia recolher impostos; e, quanto ao primeiro-ministro, é vê-lo passear-se por cá como governante de outro país: cara de quem não é nada com ele por aí, discursos impregnados de boas intenções e palavras bonitas aqui, retórica mais ou menos rebuscada ali, inaugurações um pouco por todo o lado e visitas a locais interessantes em geral.
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