Portugal é um porco à solta. Parece que quer fugir do curral, em busca de lama mais suja ainda; se o topam os tratadores, porém, lá se vai ao matadoiro. Ou, para usar metáforas de trazer por casa: Apesar da tendência negativa abranger os chamados países periféricos (Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia, os PIGS), o risco português começa perigosamente a tornar-se num caso isolado: desde Junho, a diferença entre os juros exigidos a Portugal e à Alemanha, medida de percepção de risco dos investidores, cresceu dez vezes mais face ao registado por Espanha.
Oh, pobre leitãozinho! (No entanto, tostadinho deve ser uma delícia!) Pensas que há mais vida para além do matadoiro, não é? Oxalá tenhas sorte, mas sabe que essas águas turvas para onde vais inconsciente podem ser uma armadilha, e que há lobos na floresta. Volta para junto dos outros porcos. Tentarás então comer menos porcarias. E já outro, galo, cantarás.
Sim, o teu estômago é quase insaciável, será como outra morte, mas depois passa. Precipita-se, o Teixeira dos Santos. Parece que já está de luto por morte certa. A nossa. (Na foto.)
Mas não é assim tão grave. O Iraque, isto quanto ao preço de fazer um seguro contra o risco de crédito (3º parágrafo), está pior, um lugar, do que nós: estamos em nono e eles num miserável oitavo. Há coisas que uma pessoa. Então, Iraque? Ouçam lá, não venham agora com histórias: vocês só não fazem parte dos PIGS porque isso é contra a vossa religião. É incrível. Meu Deus, essa economia anda bonita. Oitavo! (Temos de ser um pouco sarcásticos, por muito que seja triste gozar com um país em guerra. É para o bem deles.)
Ou estamos já lixados? Nós apreciaríamos mais uns tempos de irresponsabilidade individual e colectiva, por ser um pouco mais agradável.
Mas há quem diga que sim, que estamos. Pois bem (e eis a resposta): isso é apenas negativo. E bota-abaixivo. Portanto, Teixeira dos Santos – a braços com este e outros trechos do monólogo com a marca da certeza socrática – é fácil: deixa de ser pessimista. Mas corta na ração. (Também pode ser visto assim: conserva o que convier da certeza; esquece de todo o socrática.)
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