quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Esquecer o horror

Como tudo isto existe e tudo isto é horrível, pensámos também em olhar para as coisas apenas tristes. Olhar mesmo, para as imagens, porque lendo ou ouvindo as mil palavras vezes mil não se acredita. As imagens dizem às vezes mais, porque deixam mais espaço para a imaginação e para a subjectividade de cada um. E já agora para inventar mais coisas. Para descobrir, aliás, para descobrir.

Sócrates vintage. Reconhecível de olhos fechados, só pelo som metálico da foto.[ Foto essa a que chegámos através do site do DN hoje, mesmo sendo de um evento de Setembro, mas não importa, porque o slogan é que é bom - 'FORÇA DO PROGRESSO'. Acontece que o link para o DN não está a funcionar e, assim, pedimos desculpa mas a imgem vai ter mesmo som! Aqui.] Mas o slogan é mais papista que o Papa. Não podias, Sócrates, ter escolhido outro igualmente vazio mas mais actualizado? Em vez de 'progresso', porque não 'conhecimento-informação', 'criatividade-tecnologia', lá sabemos, 'magalhães-novas oportunidades-chip electónico' ou outra utopia-pop qualquer dos nossos dias?
E então o mais que morto 'força'? De certeza que ainda se pode usar essa palavra em slogans? É horrível. Devia ser, vá lá, qualquer coisa como 'iniciativa-empreendedorismo', 'determinção-acção', 'coragem-coragem-ai-tanta-coragem'.
'Força do progresso' deve ser a coisa mais péssima que vimos ultimamente – sim, mais péssima, se descontarmos o que tem sido toda a nossa política nacional. Mas pelo menos mostra mesmo bem, Sócrates, que apesar de todo o teu estilo retórico-erótico-neo-tecno-gótico de fazer política, ou talvez em muito graças a ele, estás efectivamente, e nós contigo, ainda em pleno século XIX (como demonstrámos cabalmente acima).


Esta tem os dois heróis da saga, com ar frio e duro. Mas tipo 'galã com nó na garganta' . Como algumas das melhores pinturas, está cheia de simbolismos. O ponto de fuga passa pela imagem de um cão submisso a ser afagado pelo dono, no quadro em fundo. Depois, olhamos outra vez para a cara dos dois protagonistas, e percebemos melhor como o fotógrafo terá tentado captar o estado de espírito (uma espécie de jogo mental sobre qual deles seria o quê) que lhes estaria subjacente.


É só o Teixeira dos Santos com uma expressão sorridente. Aparentemente é bom, para desanuviar. Mas na verdade não sabemos se o simples facto de ver esta imagem, numa altura destas, nos deixa felizes ou tristes, animados ou preocupados.

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