quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O Benfica agora até já perde


Ei, porque é que os jogadores do Lyon não fizeram greve (malditos sejam!)? Ora bom, na verdade foi porque não são obrigados a esperar até aos sessenta e dois anos de idade para se poderem reformar, como os do AC Milan. Eis porquê. Podem ir para a reforma aos trinta e disfrutar dignamente de um resto de vida melancólico mas ameno. E sendo assim e não foram incendiar carros para a rua – apesar de se tratar de uma actividade perigosa para ser deixada entregue apenas às pessoas normais.
Eis também: porque em França há vários desportos que continuam a ser praticados ao mais alto nível, incluindo a cremação do automóvel e bom futebol, e a ideia de que os franceses apenas dominam a primeira é apenas mais um de muitos clichês injustos e ignorantes de que os franceses são vítimas (como aquele da raiva que têm às palavras estrangeiras: isso é mesmo um grande clichê, plavra que eles até usam quase igualzinha à nossa, só para dar uma ideia).
O Benfica é culpado por não ter percebido tudo isto. Mas nós (alguns de nós, a maior parte) somos culpados por termos achado, em tempos, que o Jesus era milagreiro. A culpa é nossa, sempre. Só para não haver mais chatices.
Mesmo nos assuntos mais insignificantes para a vida nacional, como o Orçamento de Estado, e se o problema é esse, a culpa é nossa, vamos embora. Deixem de tentar controlar a narrativa da culpa, vocês, Sócrates Inocêncio e Passos da Imaculação, deixem, cada um, de nos querer enfiar pelos olhos dentro que estamos mesmo lixados graças ao outro. Entendam-se ou desentendam-se, digam porquê e deixem a culpa, que combina muito bem com os impostos, por nossa conta. Nós depois decidimos. E até lá já é nossa por defeito, ou por feitio.
A culpa é sempre nossa, pronto. Afinal nós é que às vezes vos elegemos, nós é que ficamos reverentemente embasbacados com vossos modos aristocrático-decadentes, enquanto vos servimos mais uma torradinha na última bandeja de prata que resta em casa. A culpa é nossa até pela razão mais banal e sem graça, e no entanto sempre surpreendente, de todas: é que nós, caros leitores de Taiwan em especial (aquele abraço), somos apenas o mordomo.

Sem comentários:

Enviar um comentário