sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não é que não esperássemos austeridade, ou que ela até não tenha a sua graça, sobretudo quando recai sobre os outros. A Grécia não, coitada, a alta finança aventureira, os especuladores, se é que isso alguma vez se viu. Ou sobre a gordura do estado, também era engraçado. Agora em nós está a tornar-se muito monótono.Quando é que vão acabar os anúncios de NOVOS pacotes de austeridade? Nós, e mais meia dúzia de nabos como nós, acabamos sempre por descobrir as derrapagens nas contas das jantaradas aqui do pessoal d’OMesmo. Normalmente derrapamos nos whiskies. Dá um certo trabalho, mas mesmo sem prestar grande atenção a mais nada senão às mais variadas conversas de chacha, mesmo sem sabermos a tabuada, mesmo empanturrados, mesmo alcoolizados, lá acabamos por acertar com as contas. Como é que o exército de contabilistas abstémios que o Governo tem à disposição não dá conta das despesas da nossa jantarada nacional? Como explicar que tantos economistas virtuosos que compõem o Governo se estejam sempre a deparar com novos buracos, e sobretudo como é que antes estavam tão seguros de que não iriam aparecer? Não sabemos já se um grupo de dentistas, ginecologistas ou mineiros não faria melhor o trabalho, se o problema está realmente nesses malditos buracos. Ou talvez de coveiros.
Bom. As linhas principais do orçamento foram ontem apresentadas pelo chefe do Governo, e oh desilusão, não ouvimos nada de específico sobre o que mais aguardávamos, a criação de vários subsídios para o sector dos blogs, mas, para sermos justos, também não houve ninguém que se tenha ficado propriamente a rir com aquilo.
Os desfavorecidos e desgraçados em geral, sempre a escapar às medidas extraordinárias, a safar-se à grande, pelo menos agora não se hão-de regalar com o leite achocolatado: o famoso e polémico produto vai passar para o escalão mais alto do IVA. (Ai! Por São Jorge, oxalá tudo isto seja realmente necessário, para que o resto realmente melhore e realmente passe; é demasiado triste quando nos começamos a preocupar com o enriquecimento do leite com açúcar e cacau; o leite achocolatado não é de certeza a liquidez mais ilicitamente enriquecida que temos, muito menos aquela que nos deveria preocupar; a propósito ouvimos agora mesmo nas notícias que afinal é o leite aromatizado que está em causa; sentimo-nos mais parvos ainda.)
Os funcionários públicos gostariam que as eleições passassem a ser um acontecimento anual, para serem anualmente aumentados, mas quanto a isso não há nada a fazer (excepto tornar o país mais produtivo e bem governado, enfim, deixem-nos rir). Como, pelo contrário, a cada buraco ou derrapagem são os primeiros a ser «diminuídos», também não se ficarão a rir. Que era só o pior que nos podia acontecer, ficarmos agora com funcionários públicos carrancudos e pouco sorridentes.
Os trabalhadores do sector privado deverão trabalhar mais meia hora por dia, talvez que se fossem antes mais uma ou treze horas por dia o problema estivesse resolvido já no final deste ano.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mais más notícias. Já lá vamos à Madeira. Lemos nos jornais que os manuais de cristalografia estavam errados: afinal há «quase-cristais». Nossa Senhora! Manuais de química para nós acabou, que desilusão, a sério. Já andávamos sem vontade de ler jornais, então agora se até a secção de ciência deixa uma pessoa desenganada, perdemos de todo a coragem. As bolas do Banco de Portugal, aproveitamos para dizer, e a propósito de desilusão, bem como as de outras entidades, por exemplo as bolas do Governo, devem ser disso, desse tal quase-cristal. Pois se não, como explicar que se estejam sempre a enganar nas previsões económicas? Se tivessem bolas de cristal como deve ser, mas não.
(Pensando melhor no assunto, só quando fez a supervisão do BPN é que que o Banco de Portugal mais parecia ter bolinhas de cristal, mas essa é outra conversa.)
Tudo isto não passa ainda assim de quase-ninharias, comparado com a angústia que temos a propósito dos manuais dos cristais e dos quase-cristais. Que chatice. Afinal estavam errados. É como a Madeira. Mas nem é por nada, agora só por qualquer coisa ser uma chatice fica igual à Madeira, tens uma dor de dentes, é como a Madeira, desgosto de amor, é Madeira, sofres de diarreia ou és um inadaptado social, isso é tão Madeira, metade dos males do Mundo, é a Madeira. Tínhamos prometido a nós mesmos, há já duas semanas, não falar mais neste assunto, mas também nós somos iguais à Madeira! Dá para acreditar? Não, exacto, a questão começa logo por ser essa, muito Madeira.
Enfim, governo da Madeira (e mais não sei quem (até certas entidades nacionais (como por exemplo algumas já referidas (sim, que de alguma coisa saberiam (no mínimo)))), mas o que importa é que se descobriu que afinal existiam quase-facturas. Quase-não-se-acredita-de-avultadas-que são, os manuais estavam errados, mas agora alguém vai ter de pagar a mais-que-certa-conta.

Diz o exaltado líder da Madeira entretanto, exaltado mas pouco ralado, que sim, gastou, mas fazendo obra. Que bom. Precisamos imenso no país de gente que tenha tido a coragem de se querer endividar ainda mais que o Sócrates, ou mais ou menos ao mesmo nível que ele. Tudo à grande, a banca a emprestar, os construtores a construir e o exaltado líder a inaugurar.
E que razão ele tem quando diz que no resto do país, com muito menos obra, também cresceu a dívida. Pois sim, dizemos nós: o governo da Madeira endividava-se com as obras, e o governo da República, entre outras coisas, endividava-se com a ajuda financeira à banca. Para esta poder continuar a emprestar ao governo da Madeira, apetece dizer, e pode bem ser verdade, só não sabemos ao certo se é ou não porque o Google às vezes não percebe o alcance de certas perguntas. Mas para palpite está bom, e como quase-facto serve na perfeição.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Os serviços secretos portugueses, num edifício exteriormente insuspeito, abrem, compilam, analisam, informação, estatísticas, dossiers. Supercomputadores alinhados, diligentemente trabalhando, pessoas de aspecto comum, porém compenetradas, com certo aprumo nos modos. Gabinetes a perder de vista, como favos numa colmeia apinhada e tensa. Abre-se uma porta. A criada tem de entrar de olhos vendados, com o carrinho das bolachas e do chocolate quente. Um agente encosta-a de repente à parede gritando-lhe aos ouvidos «Quem és tu?», «A tua escrava!», «Diz mais alto!», «Ahh».
São homens duros. Brutais às vezes, com certo aprumo nos modos, se possível. Acima de tudo, fazem o seu trabalho. «Quem és tu?», «Sou um carrinho inteligente!», «Não percebi bem! Diz mais alto!», «Ouça, não quer antes um chá?», «Ai, robot, ai! Se soubesses o que é a minha vida!». E é de facto uma vida penosa, sem que se possa dizer no entanto, especialmente o robot, que ele aqui não tem um momento de exagero.
Enfim, há que perceber a mentalidade muito particular deste tipo de operacionais, não é assim? O círculo fechado em que se trabalha, o sentido do dever, a impossibilidade de falar do que se faz, de dizer coisas cá para fora. A impossibilidade, repare-se, a impossibilidade! De dizer coisas cá para fora! Muito sigilo, por ali. Muito sentido do dever. Entretanto chegam mais dossiers.
Um agente detecta algo de suspeito, finalmente: um colega chama «maluca» a outro; logo depois desculpa-se, e ambos dizem «meu filho, teu afilhado; agora vamos espiar o colega do lado!». Ora esse agente de que falam é o que estava precisamente a detectar a situação já desde o início numa secretária contígua, apesar dos headphones e do dedo médio em riste bem à vista, para mostrar desdém. Ou antes, para dele fazer crer mais ainda os outros, como disfarce, e aproveitar isso sim para detectar algo suspeito, como dissemos. Detectar e reportar. Através de mail, em tempo real. A um jornal, empresa, empresa detentora de jornais, a uma dona de casa, ou outra coisa, enfim, a um destinatário com relevância e de suficientemente segurança e descrição para receber informações dos serviços secretos da nação.
É então que uma das «comadres» da secretária do lado lhe pede pioneses, aproveitando o momento de distracção para passar os olhos pelo endereço de correio electrónico, no ecrã aberto. Mas o nosso agente previra o golpe e segue discretamente o destino do papel com o endereço, de mão em mão, de maneira que quando noutro sector se fica a saber quem era o destinatário do mail, logo elementos feitos com ele obtêm à socapa uma cópia da lista dos contactos do referido destinatário, fornecida por uma empresa de telecomunicações cujo grupo detém um diário, para dar a conhecer a um jornalista de outro jornal, a isto reage o grupo dos da secretária adjacente à do nosso agente procurando protestar junto das chefias quanto a tudo isto, mas as que não se queixavam de mal-estar tinham tinham-se ausentado permanentemente para uma empresa, ou grupo, de comunicações ou telecomunicações, ou donas de casa, até.
Este sistema permite a qualquer serviço secreto encontrar sempre quem dê o devido valor às suas informações, que tão árduo trabalho requerem, e, a qualquer jornal, obter notícias sobre coisas sérias e graves, pois que nem sempre elas se encontram à mão.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Lembram-se do Tó Zé? Aquele rapaz que desaparecia sempre a meio da brincadeira lá atrás, o palerma. Ou seria Frederico Pimentel? Bom, era o palerma, aquele gordo. Agora é gerente de um banco.
A mãe até já nem se lembra do número da polícia. Portanto está resolvido, é o que interessa. Vamos ao próximo. Agora o que está a dar é tentar saber onde andará o Khaddafi. Lá atrás não está. De certeza que procuraram bem na tenda? Que chatice esta, assim de repente. E lá para os lados da incomensurável mente dele, já viram? É que às vezes perde-se por lá.
Mas é uma pena, se aquele homem desaparece. Não se vê quem possa como ele ocupar o palco mundial no papel de vilão. Pode parecer-nos assim qualquer coisa estranha e do outro mundo, aqui em Portugal, terra onde todas as pessoas são boas por natureza; mas a verdade é que qualquer palerma pode ser um cabrão. Isso é banal, o mundo é assim mesmo.
Não é pois a cabronice que se admira em Khaddafi. É o requinte, a densidade e a complexidade da personagem, as excentricidades, as violações cruéis dos direitos humanos… enfim, com tudo isto, numa pessoa assim, lá se fechava um pouco os olhos às negociatas com o petróleo em que gostava de se envolver. Como quem, pronto vá, não gostamos muito dessa tua faceta, mas para falar do resto estamos cheios de vontade de nos encontrarmos contigo na tenda.
Bem, e não era para menos. Havia a própria história da tenda, a correr o mundo; a enfermeira ucraniana, o oposto de um babuíno massagista, em simbologia gangster; o corpo de guarda-costas feminino, obra-prima ambulante do bacoco conceptual de quem simples mas genialmente gosta das costas, corpos femininos e guardas; as fardas militares Galliano; gravações de vídeo-sermões à chuva, estética MTV anos 80; e tanta coisa mais. E depois, a coroar tudo, uma pitadinha de maldade. Perfeito.
Ou até mais do que isso. É que nem há palavras nem metáforas para falar adequadamente deste gajo! Só isto: mas haverá alguma coisa da vida deste gajo que não tenha sido criada para fazer pouco da (falta de) imaginação de quem inventou as excentricidades, e as torpezas, dos vilões dos filmes do James Bond?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Os líbios são bons, mas muito rebeldes são os da Madeira. Porquê? Não sabemos. Talvez por causa dos anos passados na caça à baleia (cachalote). Ou aos fundos comunitários! E empréstimos à maluca, para obras à João Jardim (cachalote)! Não é bem rebeldes, é altivas; não é bem baleias, é mais tipo morsa, como a morsa Alberto e a morsa Joe, que eles querem pôr, ou deviam, lá num aquário para turistas, até aos 12 anos é grátis, mas os preços das coisas lá dentro são puxados, porque a mesma Comunidade que dá os fundos acabou com a pesca e a caça e outros costumes e tem que se fazer pela vida.
Pronto, o que procuramos é um adjectivo que dê simultaneamente para as pessoas em geral da Madeira, altivas, briosas, dignas, ilustres; e para algumas em particular, altivas, mau feitio, papada, dentes longos e afiados, cheiro a peixe (cachalote), quais morsas.
Por exemplo o Cristiano Ronaldo, o jogador, também é da Madeira. Só para a gente ter uma ideia de como as coisas não são necessariamente o que parecem. Mas adolescente rebelde mesmo (cachalote) é o Alberto João. Porque é mimado, recebe boas mesadas, só pensa na figura que pode fazer com elas sem querer saber de responsabilidades, quando se lhe acaba o saldo, e até já se endividou, vem logo com a chantagem, com a ameaça de que abandona a casa e a família se não lhe derem para umas jantes novas para o Audi 80, e se não lhe assumirem as dívidas, já agora. Ou então, admite ficar com a condição de lhe ser dada mais «autonomia» (mas se ele é já o gajo com mais autonomia em Portugal! diz e faz o que bem quer e lhe apetece! é ou não? porra!).
Também verdade que tem tido pais complicados, caprichosos, pouco exemplares e rigorosos na sua própria conduta, lá isso (cachalote)! Como foram os casos do Engenheiro, daquele do Sócrates, do Pinto de Sousa, do Zézito, para não falar do Coveiro e do Deixa-te-Lá-Estar; e de outros, que o AJJ já se fez adoptar por muita gente (cachalote). Para compensar, ou para piorar, a mãe Cavaco tem sido estranhamente compreensiva e afectuosa.
E é assim que pelo menos no caso do Alberto João já percebemos um pouco melhor a causa da sua rebeldia. É que ele é justamente (para não dizer injustamente) um rebelde com causas: a sua.
(Aqui está ele, adolescente, rebelde, morsa, missangas, shot, papada.)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um terço dos deputados [argg] da anterior legislatura, dizem os jornais, tinha assento em empresas do estado [uuhg]. Isso é horrível. Mas um terço, como? Um bocado de cada um, como uma fatia única, ou vários bocados de cada um, no total de um terço de todos e cada um? Que coisa horrível pode ser matemática, quando deixa a singeleza dos números inteiros.
De uma forma ou de outra, parece que estão incluídos os pés, para gerir as empresas, e o traseiro, para ter onde meter as notas e os cheques, depois de arrumados na carteira, para além de permitir precisamente com ele «assentar» como deve ser (nalgum sítio haviam de o poder fazer); e ainda para nele levar um forte incentivo à saída quando muda a gerência, por falar em pés.
Os dois terços restantes do corpo legislativo são mais do que suficientes para aprovar todas as leis, incluindo as constitucionais. Pode ser um pouco desagradável [argg, uugh, vómitos, desmaios] ver assim espalhados em desarranjo importantes órgãos de soberania, coração para um lado, escondido debaixo de uma cadeira por exemplo, cabeça para o outro, ainda a dizer muito bem ou uh; mas nada neste quadro de horror, aliás de belo efeito literário, e aliás não mais do que isso, se aproxima da hedionda realidade.
Nem precisaríamos de falar das questões que se levantam ao nível de conflitos interesses, de que fala a notícia; nem das questões relacionadas com o facto de que quase metade dos deputados que constituem a comissão parlamentar de Obras Públicas sejam simultaneamente administradores de empresas de obras públicas (elas estão sempre a acontecer, as consequências, ou como é tão normal colocar por exemplo um cão a guardar uma salsicharia e dar-lhe a chave, ainda com uma agravante: no caso do cão, podemos sempre contar com um providencial equilíbrio entre o seu sentido ético e os seus atributos e capacidades).
Comecemos por falar disto: então mas os deputados é sempre do género ah e não sei quê, mas nós trabalhamos muito, não é só o estar, ou o não estar, vá, nas bancadas parlamentares; trabalhamos que nem galegos, só que não se vê. Comissões, reuniões, deslocações, representações. É triste, mas agora corre-se bem o risco, depois de se saber destas ligações às empresas, de se pensar nessas palavras de outra maneira: comissões(!), reuniões, deslocações, representações… Mas talvez seja só o pessoal a falar, ignorante e mal-intencionado como é. Não estávamos a falar de nós, que somos simplesmente estúpidos; a tal ponto que as nossas dúvidas estão naquele outro ponto: se os deputados se dedicam ao seu trabalho na Assembleia, de verdade, e poucas vezes «assentam» noutras paragens, que falta fazem, que resultado útil produzem nas tais empresas? Mas se, pelo contrário, o seu contributo é importante para as empresas, fruto da grande dedicação que lhes reservam, que falta fazem na Assembleia?
Sinceramente não percebemos, mas também já estamos habituados à nossa estupidez, oxalá ela se confirme novamente nesta história.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Temos estado moodys e calados (lol) aqui n’EL Mesmo, porque só agora nos veio este trocadilho, bem lol, para começar a dizer uma parvoíce qualquer. Mas ainda vamos a tempo de confirmar com outra lolice que o timing do downgrading do rating da República, para não falar da arrogância à mother father king, dos gajos, veio um pouco a despropósito. (chorandol, da manhã que perdemos para escrever isto!)
O Governo também tem mais ou menos cumprido a promessa de estar calado quanto à situação que encontrou, só que nós queremos acreditar que isso é sinal de que afinal está tudo bem. Nada de mau há a dizer, às tantas.
Né?
Porque: eles são políticos, não iriam cá cumprir promessas! São uns grandes mentirosos. Porque: são uns completos aldrabões. À primeira oportunidade, iriam culpar os outros até à última.
A palavra político, no dicionário, até sugere logo os sinónimos trafulhas, esses bandidos, pá! (é assim, pá, e outras coisas). Claro que há excepções: o Sócrates. Dele é não se pode dizer o que acabámos de dizer, com a mesma ideia ou pretensão de ironia. Perde a graça e até vem logo aquela raiva. Mas o novo Governo, enfim, “vai-se aguentando”. Agora lá arranjaram um diz que disse mas não disse, sobre um desvio das contas colossal ou algo assim, assacado, ups, ao anterior governo, aparentemente para justificar algo como um imposto extraordinário que, ups, até vem contradizer certas ideias. Como a ideia que Pedro P. Coelho quis transmitir quanto à não subida de impostos, durante a campanha; e a ideia nossa de que está tudo bem (bem, quer dizer – no contexto do horror que já se conhecia; pois agora sabemos que estamos muito pior, em termos de horrível!).
A execução orçamental sofreu pois um desvio: dez milhões, de portugueses, serão agora executados. Estamos a falar neste tipo de números, já. Porque em euros chega-se também para os vinte ou trinta. Milhões. De euros!
Cem, aliás, milhões! Parece que é isso. Ou por outra, afinal não, confirmámos agora que são mas é mil milhões. Ou dois mil milhões, é assim uma coisa, ou o que é. Tudo em euros. De buraco, ou desvio, ou avenida, para a execução.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Todos os Governos aumentam um bocadinho os impostos mal assentam o rabo nas poltronas, nós sabemos, é até uma bela tradição no que (pouco) respeita aos rabos em Portugal, pelo que mantemos um amor incondicional ao Governo novo. Os portugueses não poderem comprar presentes de Natal para os miúdos, o que é que tem? Choram um bocadinho e depois calam-se, mais nada (de preferência longe dos olhares dos filhos, para ser um pouco menos difícil para todos). Aliás, o dinheiro vai para aqueles pobres miúdos do Governo, como o rapaz do CDS que nem carta tem ainda, bem mais precisados do que a generalidade dos meninos.
Além disso, logo houve quem viesse dizer que a quantia não chegava para nada, se o Governo pensava que ia muito longe, nesse projecto de salvar Portugal, ou lá o que é, também já se tramou, não sei quê. (Só para não se ficar para lá a rir.)
Claro que parece não bater muito bem, o aumento destes impostos, com o que se foi passando na campanha dos partidos vencedores; mas isso faz parte da cartilha Postura dos Políticos de Agora e Sempre – ELEIÇÕES E IMPOSTOS (também conhecida pelo nome abreviado de IMPOSTURA). Aparentemente respeitando a tradição, o novo primeiro-ministro começou logo por impor impostos, assim, de impostor. Basicamente, aparentemente. Verdadeiramente se o foi mesmo ou não é que é mais difícil saber.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O que se pode dizer do governo, além de que é um amor, em termos de conclusão geral final


Claro que também nós estamos apaixonados por Pedro P. Coelho, só de vê-lo adoecemos, esplêndido. Mas é um indivíduo que tem a mania que diz demasiadas verdades. O outro, se a tinha, não parecia. Era mais modesto: apenas tinha a mania de que podia mentir à vontade, sem nunca ser responsabilizado. E isso é uma coisa mais realista para Portugal. Bem visto, outro.
Agora a gente está cá para ver até onde dura a fanfarronice deste, que é como quem diz, para ver até que ponto o país aguenta a verdade. A verdade, sim, alegadamente. E há limites para ela.
Para já, podemos de parvoíces, ou coisas que parecem parecidas, que é obviamente a melhor maneira de se fazer do período histórico correspondente à governação de Pedro P. Coelho uma análise total e definitiva.

Caso Fernando Nobre – o Fernando é uma pessoa que nos merece a máxima consideração, não o conhecendo pessoalmente temos muita estima, não sei quê, por ele, mas, fó, man, há que tempos desejávamos ardentemente que levasse uma valente paulada na mona. Desde que, felizmente, não levou um tiro na cabeça. Foi desde essa altura, sobretudo, que o desejávamos. Desta vez só ameaçou dêem-me a eleição, que sem eleição à cabeça… eu vou para Santarém! guardar gado e vê-lo pastar, enquanto como uns pastéis, também! E os deputados (pff, políticos!, terão pensado) – está bem! (Mas ele não deixou o parlamento; lá está, políticos, pff!) Foi tão forte a paulada que até o Pedro Passos apanhou, e bem, que muita culpa teve no caso. E daqui se passou ao caso seguinte.

Caso Assunção Esteves – sem melodramas Venezuela Televisión, sem tiros na cabeça, foi ver subir a senhora até à cadeira de Presidente, tranquila e segura, como se nada fosse fazê-lo daquela maneira – numa nuvem de bolhinhas de sabão sopradas por anjos!
(A parvoíce aqui está mesmo em não ter feito esta escolha logo à partida.)

Caso superministros – por este andar ainda se convence os portugueses que meia dúzia até chegava: o Miguel Relvas já se sabe que podia ficar de fora e fazer tudo na sede do PSD com uma câmera e dois ou três microfones à frente; a Justiça pede Saúde e vice-versa, ou mesmo a Administração Interna (ministério cujo nome, aliás, é uma contradição nos termos); a Tropa devia estar em força na Escola; os Negócios Estrangeiros juntavam-se, no preenchimento dos papéis para o rendimento mínimo da Troika, à Segurança Social; a Agricultura agregava a Cultura, para pôr em ordem o problema da falta de tomates e excesso de nabos nesses campos tão mal amanhado. E o Primeiro-Ministro ficava formalmente sob a alçada da Troika.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O que os portugueses (e os finlandeses) precisam de saber sobre Portugal

Houve uns finlandeses que fizeram na internet um jogo em que os portugueses são retratados como gastadores irresponsáveis. Mesmo a gozar. Nesse caso, ó fazedores de jogos, façam-nos um favor a vocês, se é que é possível, e não se metam connosco - metam antes um bloco de gelo finlandês no cu, agora que é Verão. E ele está derretido, e portanto não vale a pena. Pronto. Vêem? Até somos parceiros, mas, lá no fundo, ou lá onde quiserem, não temos que vos dar satisfações. Ok? Já responder com algo absolutamente letal e mortífero, porque não? Querem? Pode ser outro vídeo explicando-vos tudo o que vocês deveriam saber sobre nós? Já fizemos um. É mortífero. Pelo menos para nós, de tanta vergonha.
Sim, fez-se para aí um vídeo para ensinar umas coisinhas aos finlandeses. Tipo: que mesmo ANTES, repare-se só, de os finlandeses adoptarem a cruz azul para a sua bandeira, hã, já nós a tínhamos nós na nossa bandeira; e também que, num jogo entre o Benfica e uma equipa parisiense EM PARIS, havia mais adeptos portugueses que franceses, imagine-se. Que feras somos, uau, e não sei quê. E outras coisas muito lindas. O vídeo foi feito quando na Finlândia houve um debate sobre a contribuição daquele país para a resolução dos problemas financeiros de países como o nosso. E qual é que era, no fundo, a mensagem dele? Qualquer coisa como: terão vocês, seus finlandeses, depois de terem ficado a saber da desmedida excelência do nosso país, e na vossa ignorante insignificância, ainda a lata, sim, terão vocês ainda a lata de não querer aproveitar uma oportunidade única como esta para dar cá aos maiores uma esmolinha? Hã, vacõezões?
Para que o vídeo ficasse ainda mais azeiteiro, se isso é possível, só faltou que que a única coisa com classe que lá aparece - aquela voz em inglês - fizesse uma pergunta deste tipo. Claro que, tratando-se o destinatário de uma malta habituada a temperar as batatas com banha de foca, enviar um galheteiro a transbordar de virgem extra pode parecer boa ideia. Mas corre-se o risco de receber uma retribuição em espécie, mas com o mesmo azeite, já rançoso, como se viu no vídeo de resposta. Ou até de sermos presenteados com qualquer coisa mais difícil de engolir, provavelmente ensopada em óleo de fígado de bacalhau, como é o caso do jogo - uma espécie de metáfora para a medicina amarga e de efeitos duvidosos da troika. Entretanto o jogo foi retirado. Muito bem. Agora, e isso é que era, era: da nossa parte, fazermos um vídeo, chamado «O que os portugueses precisam de saber sobre Portugal», que mostre muito bem como foi, concretamente, que um país extraordinário, com cruz azul na bandeira, via verde nas auto-estradas, e tudo, deixou chegar as contas cair deste modo no vermelho; da parte deles, aprender os benefícios do azeite no arenque com batatas e grelos. E depois então, pensar em fazer jogos como deve ser. A gozar connosco. É que merecemos.
(Bom, na verdade merecemos um pouco; mas não está certo.)

Sobre o jogo.
O vídeo.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Toda a gente sabe que há países mais importantes que outros, no mundo. A Espanha não vale nada, ou lá o que é. A Nova Zelândia não chateia ninguém. E não só, há mais. Para dizer portanto que não nos devemos espantar com o facto de o nome de certos países, como é evidentemente o caso aqui do Portugal, surgir de repente na boca de um importante candidato republicano à Casa Branca na América, e outros não. Foi o Tim Pawlenty que puxou pelo nosso nome, a meio de um debate. E só com isso já quase ganhou. O pessoal ficou tipo wow! Ele disse que os Estados Unidos não se deveriam ver como «um entre iguais em todo o mundo» porque os Estados Unidos «não são o mesmo que Portugal, não são o mesmo que a Argentina». Ele queria dizer que os Estados Unidos eram tão bons, tão bons, que até mesmo PORTUGAL, esse inacreditavelmente excelente país, não se lhe podia comparar! Está aqui! E queremos acreditar que, enfim… que, enfim. Que pelo menos é. Mais ou menos bom. Falarem em. Nós.
Sim, é isso, raios partó homem! (Mesmo.) Qual é que acham que era o país de que os americanos se serviam antigamente quando se queriam referir a um país europeu insignificante sobre o qual ninguém sabia nada de nada além do nome? Era a Bélgica.
E só nesses momentos os belgas sentiam que existiam no mundo. Agora os americanos deixaram de falar deles e - a Bélgica, ai a Bélgica - vamos ver. Ai, a Bélgica. Entretanto não interessa, porque nós já fomos promovidos a Bélgica.
Queria um Burkina Faso, morria um Laos pelo luxo de poder servir de referência digerível pela mente de hambúrguer do americano médio, mas não, nada. Nós, yes, é que sim. Nós e a Argentina. Dupla vitória para Portugal! No contexto da chamada guerra das civilizações entre ibero-americanos e anglo-americanos, para ilustrar bem o lado opositor, foi-se, como é óbvio, por quem conta. E, assim, bem se compreende a referência a Portugal, quem se lembraria da parva da Espanha, e à Argentina, qual Brasil qual quê, tontinhos alegria e alto astral, está bem, e não sei quê.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Competente, forte, estável, coeso, discreto, corajoso, reformista, rápido, moderado, pequeno, é assim que o novo governo diz que vai ser, pronto, dizemos nós que vai ser, ainda bem, vem a calhar, que bom, dá jeito, óptimo, maravilha, estamos contigo, bem hajas, bem visto, bem-vindo, porque chegámos a pensar que fosse incompetente, fraco, instável, desunido, histérico, medroso, complacente, espaventoso, lento, grande.
Ora ufa.
(Só que não foi muito moderado, nem pequeno, em auto-elogios, dirão alguns; mas talvez não seja assim, desde que, e oxalá, seja o tal do competente).
Os ministros serão poucos. Ou nenhuns, se Passos Coelho acabar por nos convencer de que quantos menos, realmente, e agora que falas nisso, melhor. E também porque parece que quase ninguém quer aceitar! Sim, apesar de tanta descrição, já todos os jornais sabem ou inventam ministros que são e eram para ser. E diz (lá mais para baixo) que muitos bons nomes se têm recusado, por causa da situação em geral do país; e também por causa dos baixos vencimentos. Mas acontece que é precisamente por causa da situação em geral do país que era importante haver bons nomes! E que, se calhar, foi por não haver na mesma bons nomes, a governar, já antes, quando a situação não era tão em geral má, portanto tivessem havido, bolas, que agora a situação em geral é assim. Quanto aos vencimentos, dá ideia que dizem mais ou menos às pessoas: se os ordenados fossem melhores, talvez os contributos fossem outros; e as pessoas vá que respondam mais ou menos : os ordenados talvez fossem outros, se os contributos fossem melhores.
De ministros, entretanto saberemos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

A direita concretiza finalmente o seu sonho: um Sócrates humilhado, um governo, uma maioria e um Presidente. E uma troika. Qual cereja. Melhor ainda que qualquer sonho de Sá Carneiro. Mas a direita não vai em maluqueiras nem em festejos, Passos Coelho nem saltou, no autocarro, na noite da vitória, com os militantes à volta, e salta Passos, e salta Passos, olé, olé, e os mercados a espreitar, dizia aquele tremelicar das pálpebras. Tocaram duas vezes o hino nacional, lá no PSD, mas apenas porque por estes dias ajuda muito a chegar à tristeza e às lágrimas. Paulo Portas já mandou engomar os fatos Contenção&Recato às riscas e arrumar os chapéus Feira&Campanha. A esquerda. Quanto ao Bloco, parece que efectivamente se fez a tão reclamada JUSTIÇA. E alguma mais se vai fazer, talvez. A CDU está melhor do que nunca, mais uma vez. O PS, é um partido muito importante.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Infelizmente a campanha eleitoral está a chegar ao fim em Portugal, lembrámo-nos de escrever, claro que isto é uma ironia, claro que o que nós na verdade pensamos é o exacto oposto, ou seja, felizmente Portugal está a chegar ao fim em campanha eleitoral. Imaginemos que chegávamos ao nosso fim durante um período eleitoralmente desacampanhado, onde buscaríamos o elemento ridículo-ridículo tão necessário à desresponsabilização colectiva? Em José Sócrates? Sim, como se ele fosse capaz de prometer a pés juntos que não exigiria mais sacrifícios do que os já anunciados aos portugueses caso não estivesse, como está, completamente bêbado! E um Passos Coelho sóbrio diria que Santana Lopes «talvez, talvez» volte? Não. É a campanha que os alcooliza (e no entanto nós é que quase sempre vomitamos, hihi, é o bafo, o bafo).
É uma bebedeira triste, apesar de tudo, e ao contrário do que é costume com as boas bebedeiras (talvez porque sobretudo, aiai, nos chega o bafo), mas para entorpecer um bocadinho a noção da realidade que atravessamos sempre serve – por isso, siga a campanha.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Passos Coelho tem aproveitado bem as Novas Oportunidades, todas as que surgem, de não estar calado. Agora quer dar ao tema do referendo sobre o aborto uma Nova Oportunidade, como se ele não tivesse a escola toda. O aborto foi já exaustivamente discutido durante décadas, especialmente entre meados dos anos 90 e 2007, foi referendado nesse ano, consequentemente legalizado, em 2009, ainda assim o governo PS foi reeleito, mantendo vivo o debate sobre vantagens e desvantagens de abortar certas coisas, quer dizer! Estamos em 2011! Passou tão pouco tempo!
Ok, ok, por princípio não deve haver temas tabu na discussão democrática, mas também não deve haver temas-tipo-antónimo-de-tabu, isto é, tão-politiqueiramente-obrigatórios-que-até-já-metem-nojú.
E ok, ok, quase parece que as barrigas das portuguesas ainda são das poucas coisas sobre as quais se pode exercer alguma soberania nacional, através da vontade das donas. Mas será realmente oportuno, neste momento de troikas, de decisões difíceis para o futuro e de outras coisas etc. estar, a pensar (e fazer-nos pensar) em possíveis decisões a tomar relativamente a esta matéria?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Mas ninguém ataca o futuro, só o PSD?


Atacar o futuro no sentido de apontar baterias ao que é preciso fazer, só o PSD no sentido de que nada mais é atacado. Ninguém fala do que se vai fazer (e do que se fez, então…) a gente parece que é suposta é escolher quem é que melhor dá porrada no PSD. Para já, o PSD vai à frente, mas por quanto tempo mais? O CDS está já a ficar muito bom a molestar sociais-democratas, Sócrates é completamente PSDófilo, o BE e o PC também apreciam espremer a laranja.
Então é assim:
- PSD, essa táctica de bateres em ti como um maluco para não sobrar para os outros nada por onde pegar não está a resultar; tens mais corpo para apanhar do que julgas;
- outros: há mais vida para além do PSD;
- todos: digam qualquer coisa de Portugal;

Em vez do PSD, vamos atacar o futuro.

domingo, 22 de maio de 2011

Esperava-se que no debate de sexta-feira entre primeiro-ministro e líder da oposição viesse animal feroz devorar um pobre coelhinho, que jorrasse sangue, e outras coisas etc., isto da parte dos especialistas, como nós, e afinal o que se viu foi uma espécie de bicho peçonhento ser encurralado com passos de grande confiança, jorrou a luz da verdade, nada de sangue, ok, algum sangue, e tal. Enfim, muito exageramos nós, especialistas, ou meros politólogos, que os há também para aí, nas metáforas e nas análises. Nas anteriores e nas posteriores. Deveríamos deixar o sensacionalismo e sermos mais comedidos na abordagem a estes assuntos, como fazem os jornalistas. Foi só um debate. Em que por acaso um anjo salvador reacendeu alguma esperança de deter o monstro de sete cabeças. Que ameaçava cobrir para sempre de trevas o abismo que abriu. Só isso.
Seja como for, depois da pré-campanha e dos debates eleitorais, sabemos finalmente em quem votar (num qualquer, no fundo é isso; mas de maneira a preservar o Sócrates noite e dia do lado de fora dos edifícios do governo). Ora bem, o PS diz-se mais estado social, e bem, a julgar pelo que se tem visto: inaugurações, anúncios, recepções de copo de Martini à mão, o Sócrates bem vestido, militantes socialites e pessoas bem à frente de eventos e instituições de beneficência (própria). Muito social. E, sem dúvida, não pouco estado. O PSD tem ideias concretas, apresentadas num belo programa. Muitas ideias, aliás, em muitos programas: enfim, ideias diferentes a cada programa, a cada entrevista, a cada resposta, parece que era mais isso, ou o catroga. O CDS é competente, coerente, responsável, ponderado e realista. Quem o diz são os seus dirigentes máximos. Poderíamos suspeitar de algum exagero, se se tratasse de outro partido, mas não tratando-se deste: precisamente porque, como se deixa logo bem claro para não haver dúvidas, este partido é tudo menos incompetente, incoerente, irresponsável, imponderado ou irrealista, pelo que não poderia agora passar uma mensagem que fosse em sentido contrário. O PCP assume-se, desta vez, como a voz dos trabalhadores. Infelizmente para os comunistas, nós, como a maioria dos portugueses, nunca votaremos neles: o nosso partido ideal é mais o que defende os interesses dos preguiçosos. O BE, enfim, é pena exalar por vezes alguma superioridade moral desnecessária, porque tem excelentes ideias, pelo menos para um universo onde a metafísica substitui a física.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Angela Merkel não sabe ser engenhosa, isto é, aldrabona. Tem muito a aprender com os políticos nacionais, isto é, engenhosos, se quer assim tanto governar-nos (coitada, por isso!). Falando claramente para os seus vassalos portugueses, que lá mandona é ela, mas isto somos nós a adivinhar, disse que devíamos ter menos férias e trabalhar até mais tarde, como na Alemanha. Sem espinhas, à alemã. Só que é mentira que os alemães se reformem mais tarde ou tenham menos férias. Ela falou rigorosamente de coisas concretas que podem concretamente verificar-se não serem nada rigorosas. Não é assim que se fala para portugueses, não é assim que se engana os portugueses. Nunca se deve fazer referência a factos cuja veracidade possa ser de imediato verificada; se necessário, fala-se só do que interessa e omite-se o resto, por muito importante que seja; pode dizer-se uma coisa agora, e outra depois, seguida de outra ainda, e assim sucessivamente. Depois os comentadores falam em inverdade, o povo em aldrabice, entretanto alguns políticos podem acusar os outros de efectivamente mentir, mas de qualquer maneira é conversa de inverdadeiros ou aldrabões, ninguém dá muita confiança, e ficamos todos felizes. E vens agora tu, Angela, não sei quê? Vai mentir para a tua terra, que com esse nome não enganas ninguém, e vê lá mas é se olhas para a gente. Para aprenderes, ah camano, como é que se governa bem!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Uma pessoa que de repente chegasse de viver toda a sua vida em Portugal olharia estes dias para os jornais e diria Mas o que é isto? Jornais. Ah. E aqui são as Gomas. Então era cinquenta cêntimos de gomas. Pois que o Passos Coelho desdobra-se em explicações detalhadas sobre tudo e mais alguma coisa (sobretudo sobre as próprias explicações) – é os jornais maçudos, que dizem coisas e coisas e ninguém liga; e o Sócrates é as gomas – uma espécie de borracha plastificada, enjoativa e viciante.
Passos preocupa-se demasiado em dizer o que pensa (e o resto do PSD também faz questão). Sócrates preocupa-se demasiado em pensar demasiado no que há-de dizer (e todo o PS o imita).
Um, isto. Outro, aquilo. Mas agora o que mete mesmo graça é só dizer mal do Sócrates. Até o Passos Coelho já se atira a ele. Diz o DN: « Passos Coelho insurgiu-se contra o que classificou como uma "campanha de medo" contra o PSD que tem sido organizada pelo PS, ao "mentir" sobre o que o seu partido de facto defende para a sociedade portuguesa.»
Bom, em defesa de Sócrates, pode sempre alegar-se que também mente quando fala sobre o que ele próprio se propõe fazer. Não há cá tratamento de desfavor para nenhum dos lados. Digamos que usa a mentira com magnanimidade. Com generosidade, se for preciso. (Psst, admitamos: já só um método da CIA, do Tempo da Guerra, para Detectar a Mentira, a que Tivemos Acesso, nos tem permitido perceber quando o Engenharias Impossíveis em Lata está a mentir: diz assim:
VOCÊ, QUE AGORA LÊ ESTE MÉTODO DA CIA PARA DETECTAR A MENTIRA, SABE COMO É QUE SE FAZ PARA SABER SE O ENGENHARIAS MENTE?
Não.
TEM QUE OLHAR MUITO BEM PARA OS LÁBIOS DELE.
Sim.
SE SE MEXEREM, ELE ESTÁ A MENTIR!
Ora.
AH, AH, AH,AI, AI, NÃO POSSO, AHAHAH AHA.
Estúpido.)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Nós ontem perdemos. Passou cá por casa o Yurg mais o Sols e nós perdemos, à sueca. O Catroga diz que entretanto ganhou ao Gov, à troika. Mas o Gov é que diz que ganhou ao belo jogo da troika, ao Catroga. Ai como é que é, queres PEC, queres não sei quê, privatizar velhos, troika que é para aprenderes!
Ganhámos, festa , vai! Nós somos, pá. Ok? Vocês deviam era, ganhámos, man! Culpa? Vossa, vossa! A vitória é nossa. A culpa é vossa. Culpa? Culpa o quê? Vossa, vossa. Vitória? Nossa. Isto agora é assim: a culpa é vossa, a vitória é nossa. Não, não, escutem, esta merda agora é assim: (desgraçámos um tanto as pessoas não foi? fogg!). Vossa, vossa. Nossa. Não sei quê.
A culpa da nossa vitória é vossa.

sábado, 23 de abril de 2011

Primeira muçulmana na Playboy

Agora que uma pessoa não sabe se há-de ver um telejornal ou ter uma dor de dentes, seguida de um par de dedos enfiados nos olhos e um ataque suicida de pânico e gases em plena reunião do governo com o FMI depois de este ter saído, eis que surge, por fim e para compensar, a primeira muçulmana a posar nua para a Playboy. O mundo estava precisado, porque até aqui, da Muçulmânia, só de burqa havia quem ousasse aparecer em revistas. E todos homens.
Mas esta parece que se virou para a família e disse Hoje apetece-me hoje fazer qualquer coisa radical, O quê filha adorada, posar nua para a Playboy? Não, caldo verde com chouriço de cobaia! Ah. E vai a família toda e só lhe deu uma bofetada, cada um. Ela nem se tinha atrevido a dizer ‘porquinho-da-índia’ – por ser matéria sensível e perigosa de abordar, experimentou com a cobaia – mas aquilo, como se sabe, é gente implacável por natureza. E quando é para enveredar pela radicalidade, não importa em que sentido, não há cá meias medidas: vê lá mas é se não queres rebentar com um grupo aleatório de pessoas numa praça qualquer, ou então se não te apetece fazer qualquer coisa inadmissível e superchocante, para depois rebentarmos nós contigo à porrada, ou tipo a tiro.
E foi assim que ela pensou que seria melhor tornar-se explosiva pela via da Playboy. Os pais é que foram uma decepção: apenas deixaram de lhe falar (mas ao menos nem lhe disseram nada sobre isso, e ela, coitada, toda confusa). Foi assim.
E muito bem. Porque, ao contrário daquela malta que se rebenta na rua, matando quem passa, para conhecer setenta gajas tocadoras de harpa no Paraíso, este tipo de mulher-bomba, além de até parecer devolver a vida aos mortos, dá a conhecer o paraíso a milhões de gajos tocadores de gaita cá na terra. É muito mais pragmático e altruísta aparecer na Playboy do que interesseiramente alguém matar-se para ser playboy no céu (como todos os muçulmanos fazem, todinhos, como sabemos, e pelo menos uma vez! essa malta!). Ser-se modelo da Playboy é ser paraíso que não se sonha: já se vê. Enfim, até nós, que apreciamos pouco religiões que não exijam uma autodisciplina implacável e masoquista como forma de ter ao menos a possibilidade de ouvir falar na promessa do paraíso e da sua música harpaica, até nós, confessamos, estamos completamente convertidos.
Para quem não sabe, se é que há alguém, dizer ainda que qualquer religião proíbe os gases em reuniões com o FMI (já cá fora, para dispersar os chatos dos anti-globalização, é expressamente recomendado). Mas nós agora já estamos num nível completamente diferente das coisas, e o que muita gente concretamente gostaria de saber é qual a posição do Islão quanto ao assunto em questão. Não sabemos. Bem qual é. Mas sempre dizemos que há muitas maneiras de encarar o véu (e especialmente depois de termos visto a foto). E também que, se é absolutamente inaceitável, para qualquer pessoa decente, a morte de inocentes, como é – para não falar em ser inaceitável para qualquer religião decente, como é –, já no caso de quem queira livremente aparecer nu na Playboy, sem aleijar ninguém, meu Deus. Nem mais nem menos: seria caso, achamos nós, para cada um simplesmente dizer «meu Deus», dando-lhe a entoação que quisesse (tipo ‘meu Deus, que esta leviana se arrependa e pague duramente pelo mal que fez’, no caso dos mais beatos; ou tipo ‘meu Deus, esta gaja é tão boa’, no caso dos mais depravados, como nós; ou tipo ‘meu Deus, confio apenas no Teu julgamento, e não no desses moralistas de trazer por casa, nem no desses outros (ou Mesmos) depravados’, como poderia ser o caso do que pensa a rapariga, dizemos nós).

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ainda há dias, que calor! Antigamente, já que é para abrir o coração, parecia que bastava acreditar em dois visionários Professores para carrilar toda a esperança. Eram eles o Professor Queiroz e o Professor Cavaco, daqueles bons tempos do bom aluno na Europa e da geração de oiro no Futebol. Ah! Aquele Figo, aquela seiva nas uvas doiradas de Portugal, e bochechas coradas, e vida! E por baixo do sulfate! Mas desde segunda-feira que tem feito frio! Ainda há dias calor, agora frio! Um dos Professores devia era aprender a estar calado! O outro já sabe. Nós precisávamos era de outro Salazar ou de outro 25 de Abril, ou lá o que é. Ou de outro tempo, por amor de Deus. Que este frio, em Abril, na Páscoa, antes, na Quaresma, quer dizer, nem sequer se pode comer carne para fornecer calorias ao corpo. Qualquer dia vem o calor, ou acaba-se a Quaresma, ou a crise, e fica-se nesta situação desesperada de se ter dinheiro para o supermercado e não haver desculpas para não comprar dois quilos de enchidos e outro de febras e lentriscas. Isto numa época do ano que já começa a exigir mais à base de saladas, sementes de girassol e fome.
A culpa, a culpa. A culpa! A culpa é toda da conjugação de coisas: dos nossos atrasos estruturais, da crise financeira internacional, do nosso modelo económico das últimas décadas, das opções políticas, as mudanças políticas na Europa, da inexistência de Deus em Portugal (ou pensam que não há para aí malta que O tem?). Enfim, não interessa, e nem é agora o momento, de andar à procura dos culpados.
(Mas, não esquecer: começa por ‘S’! Ahahahah).
Repare-se contudo, ao menos para não nos sentirmos sós, que não é só em Portugal. Não! A desgraça, a trapalhada, a aldrabice, felizmente, não são algo de exclusivo. Encontram-se-se noutros lados, também. Como, por exexmplo, na Madeira. Ahahaha.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Os principais decisores da nossa futura vida colectiva não se entendem, muito para aí vai de horrores, e isso assim, meu Deus, é o caos. O FMI (ó chefe!) diz uma coisa, e a Comissão Europeia (ó dona!), diz outra, no que respeita ao plano de resgate: o primeiro (ó chefe! coméqué?) quer um prazo mais alargado e juros mais baixos; a segunda (dona, atão?) quer juros mais altos e um prazo mais curto. Uma trapalhada. Em vez de se entenderem, como adultos, andam nestes jogos, ora quem vê isto cá de dentro deve julgar, bem, estes tipos estão doidos, se calhar julgam que os portugueses têm paciência para aturar isto. Vejam mas é se encontram uma plataforma de entendimento ou coisa e, até lá, o mínimo que se exige é que revelem o essencial do decurso das conversações: é por telefone ou é mais do género tipo pessoalmente? Pois é. O Público, diz no quarto parágrafo desta notícia, que quaisquer medidas com impacte orçamental deverão ser aprovadas previamente em Bruxelas (pela Comissão), em Frankfurt (pelo BCE) e em Washington (pelo FMI). É melhor falarem pelo telefone.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A receita

A receita do FMI é conhecida:

batatas e feijões,
batatas e feijões,
batatas e feijões,
e o Sócrates aos trambolhões
.

Lá-lá-lá a gosto, e já está. Uma delícia, aquele gostinho a engenheiro a desfazer-se no céu-da-boca. A única coisa decente, pensava-se, que muita gente poderia saborear nos anos mais próximos. Mas não, nem isso ele dá aos pobres: afinal até está disponível para governar com o FMI (já não lhe sobravam os defeitos, para agora vir ainda enveredar pela mentira? ?) Como é evidente, para nós, um bom FMI não é assim. Claro que é assado, mas bem passado, feito a tempos e horas, e sem osso. Tenrinho. O osso é muito duro de roer. O que o FMI tinha de bom, parecia-nos, era justamente afastar o osso para o lado. Que é como que diz: afastar o José Sócrates. Isso é que sim. Sai ali para o lado, andalápámaséecala-te. Depois, bastava pôr um lourinho, para quem gostasse (ou inventava-se), e juntar as batatinhas.

quarta-feira, 30 de março de 2011

O estranho caso mais ou menos do costume. Agora em muito mau

O jornal titulava Juros da dívida batem novo record, naquela fria manhã. Coisas muito importantes estavam entretanto a acontecer: a duquesa da Cornualha estaria presente. Duquesa da Cornualha, hein?, salivavam já as celulazinhas cinzentas: que estranho casal forma com aquele seu Príncipe Charles de Gales! Cúmplices, ambos, em escândalos nos tentadores recessos da Cornualha; só ela, no entanto, ostentando o nome - da Cornualha (e que bem lhe ficava, a ele, o título da Cornualha; algo como «Príncipe da Cornualha»). Pois bem, há aqui qualquer coisa que não bate certo (como por exemplo, a falta de referência ao título da Cornualha). Para além disso, da Cornualha, há a questão das razões da visita. Qualquer visita a casa da vítima nas horas ou dias anteriores à morte será sempre objecto de alguma atenção, sobretudo quando se trata de visita inesperada ou aparentemente... inexplicável! Hum. Aliás, sem dúvida que Charles já não sairia da alçada da polícia se se tivesse provado que o móbil do crime estava de algum modo relacionado com o «belo sexo» (Ferreira Leite, talvez? - parece ser o seu tipo; e ela foi de facto, em tempos, maltratada pelo falecido). O desenrolar do caso trataria, queríamos crer, de pôr as coisas no seu lugar. Prossigamos. Quem mais foi visita cá de casa e, até, quem estaria presente no funeral? Sabíamos ser extremamente importante prestar atenção a isso, ao funeral, ao nosso, isto é, ao funeral do nosso Portugal (sim!). O próprio criminoso, quem sabe, poderia estar presente! Só para gozar, o cabrão! Só para não levantar suspeitas – também serve. Celulazinhas. Celulazinhas é que é preciso. Vejamos: o falecido tinha inimigos declarados? Só a Maitê Proença. Ah, então foi ela. Pronto, é só isto. Hum. De repente este quase desesperado devaneio abriu-nos a mente para outras vertentes do problema: quais as relações do morto com a família? Depois de alguma pesquisa e meditação, achámos seguro concluir que o irmã pelo lado da Geografia, a Espanha, não teria nada a ganhar com a tragédia, uma vez que se encontra numa situação parecida (por isso, por outro lado, não é de todo descabido dizer que é quase certo que foram eles: o seu alibi é demasiado perfeito e, sobretudo, por ser da Espanha que estamos a falar!); e concluir também que o irmão pelo lado da História, o Brasil, está bem na vida mas enviou a Dilma e o Lula ao enterro. A Dilma disse logo que tão cedo não queria tratar de negócios, mais tarde falava já numa eventual ajuda depois de consideradas as burocracias e outras desculpas muito convenientes, para não dizer suspeitas, hum, e tal. E como se nós tivéssemos feito qualquer cerimónia quando se tratou de lhes surripar as riquezas! Enfim. O Lula: é um sujeito mindineta que fala pelos cotovelos. A propósito, aquele defeito na mão deve-se a um acidente com um pé-de-cabra que sofreu quando forçava a porta de elegante residência, não tem nada a ver com nenhuma punição por violar o código de honra de um gang de Niteroi, como às vezes se quer fazer crer. Simplesmente sinistro. E por falar em Presidentes, e em Presidentes ainda por falar, o mordomo é um tal Cavaco, sujeito imperscrutável (por falar em falar) e sisudo (para não falar mais em sinistro). Portanto, em termos de família mais chegadas e de mordomo, temos mais perguntas do que respostas. Em breve falaremos da família mais alargada. Entetanto, o cadáver jazia, num espectáculo agonizante de horror, gritando bem mais alto que todos os comentários aparentemente pesarosos que se iam fazendo ouvir. Toda a criadagem de dentro murmurava; escondendo-se mais que todos no ruído que incessantemente debitava, Sócrates, o astuto feitor. Mas onde estivera também o esquivo Passos Coelho na noite da véspera do anúncio das medidas de austeridade nos gastos domésticos? Saberia ou não de alguma coisa? Os arquivos das escutas PJ e da Procuradoria, sedeados nas diversas redacções de jornais, teriam certamente muito que contar, um telefonema de Sócrates para Passos antes da reunião com os parentes europeus, por exemplo. Parentes esses cujo comportamento também parece algo estranho. O problema, no entanto, estava em descobrir a ficha certa, no autêntico palheiro que era o monte de registos de todo o tipo de conversas, como a da Mónica do 3ºB da EB1 de Eiras de Sabaio com a Sara, no recreio. Para não falar da dificuldade em aceder a segredos que os jornais fazem tanta questão em guardar. Felizmente a sorte parecia estar do nosso lado. Numa tasca ranhosa. Quando já íamos no terceiro copo de aguardente, uma precária sensual, de lábios demasiado pintados, nossa habitual prestadora de serviços (mas que para nossa felicidade também é estagiária de jornal), chegou-se a nós, dando a entender que escondera entre os seios um escaldente diálogo entre o da esquerda e o da direita, respectivamente o «animal feroz» e o «coelhinho fofo», como lhes chama. E ali estavam eles, ao leu. Começámos de imediato a ler o que a miúda guardara no peito, mas quando íamos a deitar a mão recebemos um inesperado «é apenas para isto que eu sirvo, não é? Eu já calculava», juntamente com uma estalada e um fechar de blusa na cara. «Mas nós só queremos saber quem é o culpado, depois tratamos melhor de ti como investigadora, ou como amante, ou lá o que é que tu queres!», dissemos, cada vez com menos esperança de perceber fossse o que fosse. O cheiro forte e nauseabundo a aguardente reles entranhava-se nas paredes da sala, tão mal pintadas como os lábios da instável precária, nas suas sombras, tão escuras como pareciam as perspectivas de resolver...Ah! Mas é isso! Por falar em cheiro forte e nauseabundo! E os mercados? E por falar em mal pintadas! E as agências de rating? Por falar em intável e precária, e a Europa? Por falar em escura, e a loira Merkel? (Ou, e é com custo que o dizemos, por falar em reles, terá na verdade sido um suicídio?) Pistas, pistas, pistas! Ou algo! Assim! Este trabalho é assim mesmo. Quando já estamos quase a desistir, há um pensamento, um sinal, qualquer coisa, que torne tudo mais confuso ainda! Mas não importa, vamos voltar à estaca zero (terá sido a duquesa ou não?), reinterpretar tudo com os novos dados e apanhar finalmente o responsável por este crime. A alternativa é simplesmente intolerável: passar o resto da década a ouvir falar nas provas circunstânciais relacionadas com a proposta de medidas de austeridade e na sua não aprovação e ouvir até à náusea a associação entre isso e acusação «culpado!», «culpado!». Não! Há que ir mais longe, e a Camila tem muito mais cara de suspeita!

domingo, 20 de março de 2011

Também sabemos dizer coisas sem sentido


É agora, a nossa vida colectiva espera ansiosamente por conhecer o seu destino, tudo está prestes a ser decidido: se se confirma a crise política, se as finanças se estatelam, se é o caos, se logo surgem soluções redentoras, enfim, o costume de há 200 anos para cá. Mais uma vez, é agora.
Só que é diferente, pela simples razão de que desta vez é agora. E é sempre assim que funciona, a cada vez. Mas também porque desta vez parece que realmente estamos a caprichar na dose, ditosos os portugueses a quem coube viver este tempo.
E porquê? Não perecebemos nada do que está a acontecer, na verdade, mas o Sócrates tem razão. É mais simples passar simplesmente a acreditar em tudinho o que diz. Fazer outra coisa dá muito trabalho – e muito medo –, daí que a partir de agora tem ele a razão e acabou.
Assim, a anunciada austeridade só se pode efectivamente dever a diferenças na análise das estatísticas: o governo diz alhos, na União Europeia dizem bugalhos, pelo sim pelo não austeriza-se um pouco mais. Com a magninimidade de quem sabe que tem razão, o governo pode dar-se ao luxo de olhar de cima para a coitada da Europa. Não quer que ela fique mal ela que, aiás, nem se sabe governar e já tem tantas dívidas e está numa situação de tão grande fraqueza. A apreciação do que será a médio ou longo prazo o desenlace do confronto entre os deves e os haveres das nossas contas, e mais sabendo nós o que são também as contas das economias europeias, tendo em conta quer os encargos assumidos e os previstos quer as melhores perspectivas de crescimento, convence de imediato mesmo o observador mais desatento sobre as razões desta austeridade. Na dúvida, decide-se a favor do mais fraco (a Europa). É uma questão de cautela, não vá a Portugal por exemplo ter um desempenho económico e financeiro tão bom que as entidades europeias venham a ter que morrer de vergonha ou coisa assim. Faz ou não faz sentido a austeridade neste quadro? Sócrates só pode ter razão.
Pobre Europa.

domingo, 13 de março de 2011

Engenheiros e cientistas sabem fazer contas (e ainda conseguem não ser escravos com doutoramento)


300 mil pessoas na manifestação da geração à rasca, uau! Isso é muito, mesmo tendo em conta a mais que o contagem deve estar errada. Nenhum dos presentes tem a inteligência necessária para fazer contas acima de 100, como se sabe – aqueles que a têm são engenheiros e cientistas, e pessoas em geral que tiravam mais que nove a matemática no secundário. Não se metem nestas coisas, mas seja como for. Trata-se de certeza de um número de pessoas (ainda que do tipo sociólogos e relações internacionais) cuja ordem de grandeza está acima do razoável para ser expresso através da unidade de medida «concerto Tony Carreira no Pavilhão» ou mesmo da unidade «estádio da Luz cheio». E até talvez seja mais do que o número de telespectadores do último Benfica – SPG que aproveitaram o minuto 81 para ir ao estádio de Alvalade lá de casa, depois de Franco Jara ter colocado o resultado em duas bolas a favor dos homens de Jesus. Estavam à rasca, e bem se sabe como é por vezes importate ter um estádio de Alvalade onde possa uma pessoa aliviar-se.
Até agora, só o SLB conseguia pôr fatias inteiras da população a satisfazer em simultâneo uma necessidade qualquer por todo o país; mas eis que os 300 mil de ontem vieram demonstrar que é possível, e posssivelmente desesável, estar mais gente ainda ao mesmo tempo à rasca e já completamente a cagar para a conversa de quem manda. É obra.
Querem coisas concretas; tipo condições; tipo empregos. Trabalho, sim; desemprego, não. Coisas boas e positivas em geral, pelo menos aparentemente, sim; coisas más, não (somos parvos mas não somos malucos). Estamos unidos nisto, sim; sabemos como é que se alcança, ou pelo menos cada um de nós individualmente, já nem se pergunta colectivamente, tem uma ideia, népia. É mais ou menos isto. Sempre é alguma coisa...

terça-feira, 8 de março de 2011

Folks, é assim que através de programas de humor os americanos falam nestas ocasiões, o país está tão à toa que a única coisa soberana que lhe resta é a dívida [clap]. Outra: está tanto vento que os carros nem precisam de gasolina: o que é bom, por causa do preço dela. (Ou, para quem prefere mesmo o estilo humorista decadente: “… : basta abrir o capô”.) Isto é o quão ventoso está. Exactly, exactly. E tanto frio que os deputados do PS, quando ouvem o líder discursar, já não batem palmas apenas por causa do biscoito que recebem. Isto é o quão frio está. Settle down.
Bom, gostamos muito de momentos António Sala, em termos de ditos com espírito, mas realmente a Dívida Soberana é que é. É nossa e temos dela para dar e vender, não fosse uma das nossas maiores exportações, viva. Vai lá para os gajos que precisam de soberania, ou de dívida, ou lá o que é essa porcaria, tipo roubalheira, a bons preços para eles.
Que os nossos juros disparam mesmo a sério. Pau. Os pequenos (embora cada vez mais espigadotes) juros da tal dona Soberana é tipo pau-pau-pau. Logo a partir dos 5-10 anos é pau-pau, toca a disparar que Meu Deus. Com uma mãe assim tão soberana, que põe e dispõe, pois já tudo roda à sua volta, o que é que se esperava? Que saíssem mansinhos?
Devíamos era reflectir no que terá levado a que uma coisa assim como a dívida se tivesse tornado na nossa inchada soberana. Será que basta ter um presidente que, quer constitucionalmente, quer por feitio, não esteja para intervir; e um governo que, quer por ser composto por quem lá está, quer por lá estar quem o compõe, só faça de conta que faz?
Está bem, então. O problema é que isso significa que será preciso muito mias para que por exemplo a Maria, ou quem sabe a Competência, que isso é que era, se torne a soberana.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Quem é Medina Carreira?

Apenas mais um político, com tanta conversa, ou lá o que é aquilo (tecnicamente,um banal culto esotérico semi-doutrinário de fim do mundo), dirão alguns (pff, tanta gente!), na medida em que reúne todas as condições necessárias, e em grande grau de pureza: a) procura de forma especialmente dramática passar a ideia de que sente um grande nojo por essa cambada de (outros) políticos e pela política em geral; b) fala como se a solução para “os nossos problemas” fosse simples e clara – embora nunca o pareça, quando o ouvimos com atenção –, bastando aparentemente convertermo-nos sem apelo nem agravo «à sua verdade» (querias!). Mas não. Ele é, pior ainda, um infiltrado. Um agente do governo, contratado pelo Sócrates. A história PT\TVI parece uma artimanha tosca, comparada com este «plano inquinado» – de que nos apercebemos quando assistíamos a mais um programa de quase o mesmo nome, com o também-vendido-mas-já-não-engana-ninguém Mário Crespo. Um programa no qual Medina Carreira parecia possuído, cuspia-se todo, etc., mormente zurzido com a situação do país e com o não haver quem o ouça. Apercebemo-nos dele, e agora revelamos o plano diabólico: o Sócrates vira-se para o Medina e diz-lhe, Vai lá fazer de maluquinho que é para as pessoas verem como é que é por dentro quem não percebe que está tudo bem, que agora é juros da dívida, é instabilidade política e social e é tal e coiso, e as pessoas precisam de uma distracção pedagógica. Este é o plano. De uma estranha mas bela simplicidade. E chega o MC ao programa e começa: Ai, e qual é a câmara, e vejam, está aqui o gráfico, e não sei quê. E as câmaras com as imagens, gráficos explícitos com umas linhas para baixo e para cima, sobretudo para cima, uns números de 0 a 100 no eixo vertical e as letras A Q U E P O N T O E S T A M O S N A M E R D A a acompanhar, no mesmo eixo. E no eixo horizontal todos os anos, de 1143 a 2013, sendo este último o ano em que isto é para acabar (até o fim do mundo nos chega cá um pouco mais tarde, ao que parece; é a conhecida décalage, mas alguma vantagem havia de haver e há). Um plano. Só pode ser isto. Ou querem convencer-nos de que estamos assim real e verdadeiramente zurzidos? (O que equivaleria a dizer que estamos nas últimas, pelo menos no que respeita às palavras do dicionário; só para se ter uma ideia.)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Vai-se falar: do Egipto

Nós não somos egiptólogos, mas já percebemos que é perigoso ligar pessoas com fome à internet (e nos portáteis mais vale que a energia da bateria morra completamente, para não haver manifestações indesejáveis). Aliás, isso é dos manuais. O governo egípcio devia sabê-lo, é incrível como não seguiu as instruções dos fabricantes, que foram Deus, no caso das pessoas, e uma entidade desconhecida (propomos a designação ‘Fred’) no caso da Internet.
Nós que, apesar de tudo, ainda somos meio mouros, da parte do D. Duarte de Bragança, pelo menos do Mondego para baixo, deveríamos pensar nisso. Já está: o nosso Grão-Vizir Sócrates é que anda para aí com isso das tecnologias, mas isto somos só nós a pensar alto, não estamos a dizer nada. Literalmente. Portanto, pormenores à parte, agora é combinar tudo no facebook e ir para a rua gritar assim: Fora, Sócrates, vai lá para a para a Arábia Saudita (e qualquer coisa num cartaz em inglês, e pronto).
Entretanto, o ainda presidente Mubarak veio dizer: “não tenho intenção de me apresentar às próximas presidenciais”, transcreve o Expresso, “vão mas é chamar Egito à vossa avó, ou gostavam que chamassem Exresso ao vosso jornal? Demitiam-se imediatamente é o que era, eu ainda espero até Setembro”, terá acrescentado, mas essa parte só passou na Al Jazeera em árabe (como se o Ricardo Costa não percebesse a língua de Bin Laden com aquele bronzeado!). Para quem não sabia, aí está: o presidente Mubarak leva a ortografia muito a sério (naturalmente é um patife com todas as letras). Ainda bem para os egícios.
E mesmo os egípcios, com este anúncio, poderão ter, qualquer dia, oportunidade de escolher novo Presidente. Obviamente que o leque de candidatos incluirá um radical islâmico, um moderado islâmico, um islâmico não praticante (às vezes mistura vinho na 7up, mas usa bigode), um ateu islâmico e um que apenas se chama Mohamed; além disso, fala-se também da possibilidade de um candidato surpresa, que poderá inclusive ter a ver com o legado dos faraós, e que terá portanto mais ou menos a mesma idade de Mubarak (e igualmente um coração empedernido e ar impassível): uma pirâmide. Não tem nada de mais, afinal as pirâmides têm uma sólida base de apoio. E é ou não verdade que nós próprios temos uma esfinge na presidência? O Mário Soares é que diz.
Com tudo isto, e indo ao que verdadeiramente interessa à civilização, o que poderá o Ocidente esperar do novo regime? Uma onda terrível de fundamentalismo? Uma era de maravilhoso desenvolvimento político, social, espiritual e humano? Um impasse de meses ou anos assente em muita retórica inflamada, gente sempre em protesto e em concurso ocasional de arremesso de pedras da calçada à cabeça dos que são anti aquilo que quem arremessa é pró (levando Manuel José a deixar o Egipto , confessando a O Mesmo que se era para assistir a moiros a serem apedrejados tinha ficado como treinador do SLB)?
Quem sabe. Se afinal não teremos apenas mais um palco, mais ou menos estabilizado, de intermináveis debates sobre a compatibilidade entre a barba farfalhuda e a homossexualidade envergonhada; ou sobre a obrigatoriedade ou proibição (só uma das duas parece poder ser admissível) do véu islâmico nos espaços públicos, sobretudo fechados – tendo em conta que quem não usa pano não tem culpa e pode ainda assim ser contaminado\salvo (de apanhar uma constipação ou caspa no cabelo); e outras coisas semelhantes e igualmente importantes, como já vai acontecendo em diversos países muçulmanos, tais como a Turquia o Afeganistão e a França, entre outros.
Oxalá seja este último cenário o pior que pode acontecer ao Egipto.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cá o Portugal estava sisudo, mas o galhofas Cavaco ganhou e as pessoas pronto. Mais ou menos na mesma, mas que foi triste ver alguns quererem convercer-nos de que ele é sério, quando as portuguesas e os portugueses sabem bem que ele é um bem-dispostão, foi. Cavaco não precisa de dizer que é galhofeiro, porque isso é uma coisa evidente em si mesma. Que é sério também poderá até ser de uma desarmante evidência automática, mas no sentido de ter que se estar sempre a confirmar, do género, ouve lá, então e agora isto do Cavaco, e responde logo alguém, sério, sério e evidentemente sério, para já não dizer impoluto. É automático.
O que é certo é que fica sempre alguma suspeita e que isso incomoda e chateia, independentemente de se culpar mais quem a lança ou quem não a desfaz. E é deste modo que alguns cidadãos são levados interrogar-se nos termos seguintes: mas terei eu de prescindir de uma porção da minha regalada vida, tão trabalhosamente repleta de porreiridão, sabe Deus o que me custa purificá-la de toda e qualquer chatice, e preocupar-me com o meu país? Não posso simplesmente ficar a ver e a dizer mal? (Aliás, pago em geral os impostos, para que saiba quem gosta de opinar sobre coisas simplificando tudo, ok?)
E mais, foi por estas e por outras que a restante cidadania ficou um pouquinho magoada. A frase «o professor Cavaco está acima de qualquer suspeita» ameaçou inclusive tornar-se comparável àquela do «eu acredito na justiça portuguesa»! Mas onde é que nós estamos? Trata-se do nosso PR, não se está para aqui a falar de um Afeganistão ou de umas eleições autárquicas, onde, aí sim, às vezes se passam coisas que fazem lembrar o género de suspeitas que temos tido nas legislativas.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Os homens são pragmáticos nas suas amizades com outros homens porque de alguma forma identificam imediatamente o perigo mortal que adviria da guerra entre si. As mulheres são pragmáticas nas suas guerras com outras mulheres porque de alguma forma identificam imediatamente o perigo mortal que adviria da amizade entre si. No mais, Teixeira dos Santos vai a Bruxelas e volta para Abu Dhabi, diz o Público.
Enquanto isso, Renato volta de viagem para procurar Marcela.
Quem é afinal Abu Dhabi? É algum sítio na Ásia, por acaso, para o ministro das Finanças estar assim a voltar-lhe? Deus nosso. Por acaso. De qualquer maneira, deve ser uma relação séria. Digamos, aliás está dito, que ele «vai», não sei aonde, a Bruxelas, tanto faz, só para dar um olá, mas está de «volta». De volta para os braços de Abu. E nada de “vai a Bruxelas e volta para LISBOA”, não, nem pensar, está bem está, isso é para os piolhentos, ora já viram, tu realmente, Fernando Teixeira, quem diria que fazias essa ideia do teu país.
Agora como é que vamos salvar o país sem ministro das Finanças? E sem uma «supercomitiva governamental», que o Público diz ter-se deslocado para lá (fujam, amigos do Abu Dhabi, fujam; ou declarem a jihad).
Acontece, ainda por cima, que em Bruxelas se vai discutir uma coisa importante, o tema comunitário inclusivamente mais difícil do momento, a b&<@ merda em que estamos metidos. Mas é assim, ministros das finanças fundamentalistas da Europa do Norte, vocês têm toalhas de mesa na cabeça ou dinheiro para nos dar? Por acaso? Têm? Ok, talvez tenham dinheiro, mas nós não concordamos com a maneira como vocês o tratam nos vossos países em termos de direitos humanos (e que queriam implementar no nosso), ali, sempre controladinho. O dinheiro público precisa de apanhar sol de maneira a evitar a traça. Está bom? Então vá, dirá o ministro, muito de passagem, aos seus colegas europeus, foi bom Qatar um bocadinho mas agora com licença que o Abu Dhabi ainda vai ser melhor.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Viva. Uma palavra a bem dizer meio desacostumada. Com ares, mas simpática. Mas, viva. Pronto. Cada um. Viva. Isso é que é preciso, por causa do étimo da crise em si. Muita paz e amor. Está bom?
Nós também, obrigado. Sim, sim, igualmente e com licença. Então vamos lá a 2011, que começa Alegre para ligar algum Cavaco, nós às vezes, mas calma que há melhor.
Iva. A todos e a tudo. Iva, iva, muito iva! (Obviamente, é preciso um sentido de humor especialíssimo para pereceber onde exactamente está a piada do iva, não podemos fazer mais nada; é mesmo assim, uma coisa cheia de piada, o iva; para quem não é burro; ok?)
Vulva, vulva, mas podia ser uva ou pipa, já não temos nada a perder, depois deste início!
A propósito – de não ter nada a perder – o doutor Manuel Alegre quer que o candidato Cavaco Silva explique as acções. E o Cavaco, que não é bem candidato, diz que já explicou tudo. Sim, as pessoas que sofrem do mesmo tipo particular de paralisia verbal selectiva aguda que o nosso Presidente não precisam, a partir de agora, de continuar a viver em sofrimento: contam tudo à Internet. No caso dele, e uma vez que até foi ela que o elegeu, hum, «faz sentido».«Todo». Além disso, perguntamos nós, que acções serão essas? Hã? Se o homem nunca faz nada! Como é que querem que uma pessoa que nunca se justifica e raramente dá explicações seja do que for vá justamente explicar coisa que não se lhe conhece desde que é PR, como“acções”?
Ah.
E o bipartido Manuel Alegre, então se é isso, e se se sente tão incomodado, também deveria ter exigido explicações a dirigentes máximos de partido que o apoia a propósito de outros casos, nomeadamente o caso da farsa oculta. Em que estará implicado Francisco Louçã, em termos de ideias políticas.Vá, quem é que quer apanhar mais? Não, mas parece que pelo menos alguns dos que agora alegremente apoiam o candidato das esquerdas na sua «campanha de denúncia», ainda há pouco «denunciavam campanhas» – alegadamente – orquestradas contra Sócrates, relativas a casos que em todo o caso tinham mais substância, na nossa jactante opinião. Queremos nós, vamos apanhar já a seguir: não conseguimos dar mais objectividade ao nosso post, mas, em grande, parte porque dá muito trabalho. A impensa: parece-se mais ou menos, para usar o lugar-comum, com aquelas pessoas que querem quer ver (mostrar, aliás) o foguetório e ao mesmo tempo ser um bocadinho dispensadas do risco de se molhar com os pingos da chuva (exactamente, essas pessoas, coitadas), na medida em que, se (aparentemente) não investiga para poder falar com mais autoridade ou calar-se para sempre (enfim, no mínimo para baixar um pouco o volume), podia pelo menos dar melhores explicações, fazer comparações com outros casos, fornecer contexto, opinar de maneira mais fundamentada. Enfim, conformemo-nos. Alguma coisa havia de funcionar menos bem em Portugal.
E assim, e inclusive de maneiras diferentes, como por exemplo a mais terrível de todas as notícias do ano, já nos esquecíamos, aquela de ser agora reconhecido pelo próprio fabricante da pulseira do equilíbrio que afinal o dito objecto não passa de uma fraude, enfim, viva 2011, mas já não se pode confiar em ninguém, é o que temos para dizer. Nem no fabricante da pulseira do equilíbrio.