sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Bom. As linhas principais do orçamento foram ontem apresentadas pelo chefe do Governo, e oh desilusão, não ouvimos nada de específico sobre o que mais aguardávamos, a criação de vários subsídios para o sector dos blogs, mas, para sermos justos, também não houve ninguém que se tenha ficado propriamente a rir com aquilo.
Os desfavorecidos e desgraçados em geral, sempre a escapar às medidas extraordinárias, a safar-se à grande, pelo menos agora não se hão-de regalar com o leite achocolatado: o famoso e polémico produto vai passar para o escalão mais alto do IVA. (Ai! Por São Jorge, oxalá tudo isto seja realmente necessário, para que o resto realmente melhore e realmente passe; é demasiado triste quando nos começamos a preocupar com o enriquecimento do leite com açúcar e cacau; o leite achocolatado não é de certeza a liquidez mais ilicitamente enriquecida que temos, muito menos aquela que nos deveria preocupar; a propósito ouvimos agora mesmo nas notícias que afinal é o leite aromatizado que está em causa; sentimo-nos mais parvos ainda.)
Os funcionários públicos gostariam que as eleições passassem a ser um acontecimento anual, para serem anualmente aumentados, mas quanto a isso não há nada a fazer (excepto tornar o país mais produtivo e bem governado, enfim, deixem-nos rir). Como, pelo contrário, a cada buraco ou derrapagem são os primeiros a ser «diminuídos», também não se ficarão a rir. Que era só o pior que nos podia acontecer, ficarmos agora com funcionários públicos carrancudos e pouco sorridentes.
Os trabalhadores do sector privado deverão trabalhar mais meia hora por dia, talvez que se fossem antes mais uma ou treze horas por dia o problema estivesse resolvido já no final deste ano.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
(Pensando melhor no assunto, só quando fez a supervisão do BPN é que que o Banco de Portugal mais parecia ter bolinhas de cristal, mas essa é outra conversa.)
Tudo isto não passa ainda assim de quase-ninharias, comparado com a angústia que temos a propósito dos manuais dos cristais e dos quase-cristais. Que chatice. Afinal estavam errados. É como a Madeira. Mas nem é por nada, agora só por qualquer coisa ser uma chatice fica igual à Madeira, tens uma dor de dentes, é como a Madeira, desgosto de amor, é Madeira, sofres de diarreia ou és um inadaptado social, isso é tão Madeira, metade dos males do Mundo, é a Madeira. Tínhamos prometido a nós mesmos, há já duas semanas, não falar mais neste assunto, mas também nós somos iguais à Madeira! Dá para acreditar? Não, exacto, a questão começa logo por ser essa, muito Madeira.
Enfim, governo da Madeira (e mais não sei quem (até certas entidades nacionais (como por exemplo algumas já referidas (sim, que de alguma coisa saberiam (no mínimo)))), mas o que importa é que se descobriu que afinal existiam quase-facturas. Quase-não-se-acredita-de-avultadas-que são, os manuais estavam errados, mas agora alguém vai ter de pagar a mais-que-certa-conta.
Diz o exaltado líder da Madeira entretanto, exaltado mas pouco ralado, que sim, gastou, mas fazendo obra. Que bom. Precisamos imenso no país de gente que tenha tido a coragem de se querer endividar ainda mais que o Sócrates, ou mais ou menos ao mesmo nível que ele. Tudo à grande, a banca a emprestar, os construtores a construir e o exaltado líder a inaugurar.
E que razão ele tem quando diz que no resto do país, com muito menos obra, também cresceu a dívida. Pois sim, dizemos nós: o governo da Madeira endividava-se com as obras, e o governo da República, entre outras coisas, endividava-se com a ajuda financeira à banca. Para esta poder continuar a emprestar ao governo da Madeira, apetece dizer, e pode bem ser verdade, só não sabemos ao certo se é ou não porque o Google às vezes não percebe o alcance de certas perguntas. Mas para palpite está bom, e como quase-facto serve na perfeição.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
São homens duros. Brutais às vezes, com certo aprumo nos modos, se possível. Acima de tudo, fazem o seu trabalho. «Quem és tu?», «Sou um carrinho inteligente!», «Não percebi bem! Diz mais alto!», «Ouça, não quer antes um chá?», «Ai, robot, ai! Se soubesses o que é a minha vida!». E é de facto uma vida penosa, sem que se possa dizer no entanto, especialmente o robot, que ele aqui não tem um momento de exagero.
Enfim, há que perceber a mentalidade muito particular deste tipo de operacionais, não é assim? O círculo fechado em que se trabalha, o sentido do dever, a impossibilidade de falar do que se faz, de dizer coisas cá para fora. A impossibilidade, repare-se, a impossibilidade! De dizer coisas cá para fora! Muito sigilo, por ali. Muito sentido do dever. Entretanto chegam mais dossiers.
Um agente detecta algo de suspeito, finalmente: um colega chama «maluca» a outro; logo depois desculpa-se, e ambos dizem «meu filho, teu afilhado; agora vamos espiar o colega do lado!». Ora esse agente de que falam é o que estava precisamente a detectar a situação já desde o início numa secretária contígua, apesar dos headphones e do dedo médio em riste bem à vista, para mostrar desdém. Ou antes, para dele fazer crer mais ainda os outros, como disfarce, e aproveitar isso sim para detectar algo suspeito, como dissemos. Detectar e reportar. Através de mail, em tempo real. A um jornal, empresa, empresa detentora de jornais, a uma dona de casa, ou outra coisa, enfim, a um destinatário com relevância e de suficientemente segurança e descrição para receber informações dos serviços secretos da nação.
É então que uma das «comadres» da secretária do lado lhe pede pioneses, aproveitando o momento de distracção para passar os olhos pelo endereço de correio electrónico, no ecrã aberto. Mas o nosso agente previra o golpe e segue discretamente o destino do papel com o endereço, de mão em mão, de maneira que quando noutro sector se fica a saber quem era o destinatário do mail, logo elementos feitos com ele obtêm à socapa uma cópia da lista dos contactos do referido destinatário, fornecida por uma empresa de telecomunicações cujo grupo detém um diário, para dar a conhecer a um jornalista de outro jornal, a isto reage o grupo dos da secretária adjacente à do nosso agente procurando protestar junto das chefias quanto a tudo isto, mas as que não se queixavam de mal-estar tinham tinham-se ausentado permanentemente para uma empresa, ou grupo, de comunicações ou telecomunicações, ou donas de casa, até.
Este sistema permite a qualquer serviço secreto encontrar sempre quem dê o devido valor às suas informações, que tão árduo trabalho requerem, e, a qualquer jornal, obter notícias sobre coisas sérias e graves, pois que nem sempre elas se encontram à mão.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
A mãe até já nem se lembra do número da polícia. Portanto está resolvido, é o que interessa. Vamos ao próximo. Agora o que está a dar é tentar saber onde andará o Khaddafi. Lá atrás não está. De certeza que procuraram bem na tenda? Que chatice esta, assim de repente. E lá para os lados da incomensurável mente dele, já viram? É que às vezes perde-se por lá.
Mas é uma pena, se aquele homem desaparece. Não se vê quem possa como ele ocupar o palco mundial no papel de vilão. Pode parecer-nos assim qualquer coisa estranha e do outro mundo, aqui em Portugal, terra onde todas as pessoas são boas por natureza; mas a verdade é que qualquer palerma pode ser um cabrão. Isso é banal, o mundo é assim mesmo.
Não é pois a cabronice que se admira em Khaddafi. É o requinte, a densidade e a complexidade da personagem, as excentricidades, as violações cruéis dos direitos humanos… enfim, com tudo isto, numa pessoa assim, lá se fechava um pouco os olhos às negociatas com o petróleo em que gostava de se envolver. Como quem, pronto vá, não gostamos muito dessa tua faceta, mas para falar do resto estamos cheios de vontade de nos encontrarmos contigo na tenda.
Bem, e não era para menos. Havia a própria história da tenda, a correr o mundo; a enfermeira ucraniana, o oposto de um babuíno massagista, em simbologia gangster; o corpo de guarda-costas feminino, obra-prima ambulante do bacoco conceptual de quem simples mas genialmente gosta das costas, corpos femininos e guardas; as fardas militares Galliano; gravações de vídeo-sermões à chuva, estética MTV anos 80; e tanta coisa mais. E depois, a coroar tudo, uma pitadinha de maldade. Perfeito.
Ou até mais do que isso. É que nem há palavras nem metáforas para falar adequadamente deste gajo! Só isto: mas haverá alguma coisa da vida deste gajo que não tenha sido criada para fazer pouco da (falta de) imaginação de quem inventou as excentricidades, e as torpezas, dos vilões dos filmes do James Bond?
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Pronto, o que procuramos é um adjectivo que dê simultaneamente para as pessoas em geral da Madeira, altivas, briosas, dignas, ilustres; e para algumas em particular, altivas, mau feitio, papada, dentes longos e afiados, cheiro a peixe (cachalote), quais morsas.
Por exemplo o Cristiano Ronaldo, o jogador, também é da Madeira. Só para a gente ter uma ideia de como as coisas não são necessariamente o que parecem. Mas adolescente rebelde mesmo (cachalote) é o Alberto João. Porque é mimado, recebe boas mesadas, só pensa na figura que pode fazer com elas sem querer saber de responsabilidades, quando se lhe acaba o saldo, e até já se endividou, vem logo com a chantagem, com a ameaça de que abandona a casa e a família se não lhe derem para umas jantes novas para o Audi 80, e se não lhe assumirem as dívidas, já agora. Ou então, admite ficar com a condição de lhe ser dada mais «autonomia» (mas se ele é já o gajo com mais autonomia em Portugal! diz e faz o que bem quer e lhe apetece! é ou não? porra!).
Também verdade que tem tido pais complicados, caprichosos, pouco exemplares e rigorosos na sua própria conduta, lá isso (cachalote)! Como foram os casos do Engenheiro, daquele do Sócrates, do Pinto de Sousa, do Zézito, para não falar do Coveiro e do Deixa-te-Lá-Estar; e de outros, que o AJJ já se fez adoptar por muita gente (cachalote). Para compensar, ou para piorar, a mãe Cavaco tem sido estranhamente compreensiva e afectuosa.
E é assim que pelo menos no caso do Alberto João já percebemos um pouco melhor a causa da sua rebeldia. É que ele é justamente (para não dizer injustamente) um rebelde com causas: a sua.
(Aqui está ele, adolescente, rebelde, morsa, missangas, shot, papada.)
segunda-feira, 25 de julho de 2011
De uma forma ou de outra, parece que estão incluídos os pés, para gerir as empresas, e o traseiro, para ter onde meter as notas e os cheques, depois de arrumados na carteira, para além de permitir precisamente com ele «assentar» como deve ser (nalgum sítio haviam de o poder fazer); e ainda para nele levar um forte incentivo à saída quando muda a gerência, por falar em pés.
Os dois terços restantes do corpo legislativo são mais do que suficientes para aprovar todas as leis, incluindo as constitucionais. Pode ser um pouco desagradável [argg, uugh, vómitos, desmaios] ver assim espalhados em desarranjo importantes órgãos de soberania, coração para um lado, escondido debaixo de uma cadeira por exemplo, cabeça para o outro, ainda a dizer muito bem ou uh; mas nada neste quadro de horror, aliás de belo efeito literário, e aliás não mais do que isso, se aproxima da hedionda realidade.
Nem precisaríamos de falar das questões que se levantam ao nível de conflitos interesses, de que fala a notícia; nem das questões relacionadas com o facto de que quase metade dos deputados que constituem a comissão parlamentar de Obras Públicas sejam simultaneamente administradores de empresas de obras públicas (elas estão sempre a acontecer, as consequências, ou como é tão normal colocar por exemplo um cão a guardar uma salsicharia e dar-lhe a chave, ainda com uma agravante: no caso do cão, podemos sempre contar com um providencial equilíbrio entre o seu sentido ético e os seus atributos e capacidades).
Comecemos por falar disto: então mas os deputados é sempre do género ah e não sei quê, mas nós trabalhamos muito, não é só o estar, ou o não estar, vá, nas bancadas parlamentares; trabalhamos que nem galegos, só que não se vê. Comissões, reuniões, deslocações, representações. É triste, mas agora corre-se bem o risco, depois de se saber destas ligações às empresas, de se pensar nessas palavras de outra maneira: comissões(!), reuniões, deslocações, representações… Mas talvez seja só o pessoal a falar, ignorante e mal-intencionado como é. Não estávamos a falar de nós, que somos simplesmente estúpidos; a tal ponto que as nossas dúvidas estão naquele outro ponto: se os deputados se dedicam ao seu trabalho na Assembleia, de verdade, e poucas vezes «assentam» noutras paragens, que falta fazem, que resultado útil produzem nas tais empresas? Mas se, pelo contrário, o seu contributo é importante para as empresas, fruto da grande dedicação que lhes reservam, que falta fazem na Assembleia?
Sinceramente não percebemos, mas também já estamos habituados à nossa estupidez, oxalá ela se confirme novamente nesta história.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
O Governo também tem mais ou menos cumprido a promessa de estar calado quanto à situação que encontrou, só que nós queremos acreditar que isso é sinal de que afinal está tudo bem. Nada de mau há a dizer, às tantas.
Né?
Porque: eles são políticos, não iriam cá cumprir promessas! São uns grandes mentirosos. Porque: são uns completos aldrabões. À primeira oportunidade, iriam culpar os outros até à última.
A palavra político, no dicionário, até sugere logo os sinónimos trafulhas, esses bandidos, pá! (é assim, pá, e outras coisas). Claro que há excepções: o Sócrates. Dele é não se pode dizer o que acabámos de dizer, com a mesma ideia ou pretensão de ironia. Perde a graça e até vem logo aquela raiva. Mas o novo Governo, enfim, “vai-se aguentando”. Agora lá arranjaram um diz que disse mas não disse, sobre um desvio das contas colossal ou algo assim, assacado, ups, ao anterior governo, aparentemente para justificar algo como um imposto extraordinário que, ups, até vem contradizer certas ideias. Como a ideia que Pedro P. Coelho quis transmitir quanto à não subida de impostos, durante a campanha; e a ideia nossa de que está tudo bem (bem, quer dizer – no contexto do horror que já se conhecia; pois agora sabemos que estamos muito pior, em termos de horrível!).
A execução orçamental sofreu pois um desvio: dez milhões, de portugueses, serão agora executados. Estamos a falar neste tipo de números, já. Porque em euros chega-se também para os vinte ou trinta. Milhões. De euros!
Cem, aliás, milhões! Parece que é isso. Ou por outra, afinal não, confirmámos agora que são mas é mil milhões. Ou dois mil milhões, é assim uma coisa, ou o que é. Tudo em euros. De buraco, ou desvio, ou avenida, para a execução.
terça-feira, 5 de julho de 2011
Além disso, logo houve quem viesse dizer que a quantia não chegava para nada, se o Governo pensava que ia muito longe, nesse projecto de salvar Portugal, ou lá o que é, também já se tramou, não sei quê. (Só para não se ficar para lá a rir.)
Claro que parece não bater muito bem, o aumento destes impostos, com o que se foi passando na campanha dos partidos vencedores; mas isso faz parte da cartilha Postura dos Políticos de Agora e Sempre – ELEIÇÕES E IMPOSTOS (também conhecida pelo nome abreviado de IMPOSTURA). Aparentemente respeitando a tradição, o novo primeiro-ministro começou logo por impor impostos, assim, de impostor. Basicamente, aparentemente. Verdadeiramente se o foi mesmo ou não é que é mais difícil saber.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
O que se pode dizer do governo, além de que é um amor, em termos de conclusão geral final
Claro que também nós estamos apaixonados por Pedro P. Coelho, só de vê-lo adoecemos, esplêndido. Mas é um indivíduo que tem a mania que diz demasiadas verdades. O outro, se a tinha, não parecia. Era mais modesto: apenas tinha a mania de que podia mentir à vontade, sem nunca ser responsabilizado. E isso é uma coisa mais realista para Portugal. Bem visto, outro.
Agora a gente está cá para ver até onde dura a fanfarronice deste, que é como quem diz, para ver até que ponto o país aguenta a verdade. A verdade, sim, alegadamente. E há limites para ela.
Para já, podemos de parvoíces, ou coisas que parecem parecidas, que é obviamente a melhor maneira de se fazer do período histórico correspondente à governação de Pedro P. Coelho uma análise total e definitiva.
Caso Fernando Nobre – o Fernando é uma pessoa que nos merece a máxima consideração, não o conhecendo pessoalmente temos muita estima, não sei quê, por ele, mas, fó, man, há que tempos desejávamos ardentemente que levasse uma valente paulada na mona. Desde que, felizmente, não levou um tiro na cabeça. Foi desde essa altura, sobretudo, que o desejávamos. Desta vez só ameaçou dêem-me a eleição, que sem eleição à cabeça… eu vou para Santarém! guardar gado e vê-lo pastar, enquanto como uns pastéis, também! E os deputados (pff, políticos!, terão pensado) – está bem! (Mas ele não deixou o parlamento; lá está, políticos, pff!) Foi tão forte a paulada que até o Pedro Passos apanhou, e bem, que muita culpa teve no caso. E daqui se passou ao caso seguinte.
Caso Assunção Esteves – sem melodramas Venezuela Televisión, sem tiros na cabeça, foi ver subir a senhora até à cadeira de Presidente, tranquila e segura, como se nada fosse fazê-lo daquela maneira – numa nuvem de bolhinhas de sabão sopradas por anjos!
(A parvoíce aqui está mesmo em não ter feito esta escolha logo à partida.)
Caso superministros – por este andar ainda se convence os portugueses que meia dúzia até chegava: o Miguel Relvas já se sabe que podia ficar de fora e fazer tudo na sede do PSD com uma câmera e dois ou três microfones à frente; a Justiça pede Saúde e vice-versa, ou mesmo a Administração Interna (ministério cujo nome, aliás, é uma contradição nos termos); a Tropa devia estar em força na Escola; os Negócios Estrangeiros juntavam-se, no preenchimento dos papéis para o rendimento mínimo da Troika, à Segurança Social; a Agricultura agregava a Cultura, para pôr em ordem o problema da falta de tomates e excesso de nabos nesses campos tão mal amanhado. E o Primeiro-Ministro ficava formalmente sob a alçada da Troika.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
O que os portugueses (e os finlandeses) precisam de saber sobre Portugal
Sim, fez-se para aí um vídeo para ensinar umas coisinhas aos finlandeses. Tipo: que mesmo ANTES, repare-se só, de os finlandeses adoptarem a cruz azul para a sua bandeira, hã, já nós a tínhamos nós na nossa bandeira; e também que, num jogo entre o Benfica e uma equipa parisiense EM PARIS, havia mais adeptos portugueses que franceses, imagine-se. Que feras somos, uau, e não sei quê. E outras coisas muito lindas. O vídeo foi feito quando na Finlândia houve um debate sobre a contribuição daquele país para a resolução dos problemas financeiros de países como o nosso. E qual é que era, no fundo, a mensagem dele? Qualquer coisa como: terão vocês, seus finlandeses, depois de terem ficado a saber da desmedida excelência do nosso país, e na vossa ignorante insignificância, ainda a lata, sim, terão vocês ainda a lata de não querer aproveitar uma oportunidade única como esta para dar cá aos maiores uma esmolinha? Hã, vacõezões?
Para que o vídeo ficasse ainda mais azeiteiro, se isso é possível, só faltou que que a única coisa com classe que lá aparece - aquela voz em inglês - fizesse uma pergunta deste tipo. Claro que, tratando-se o destinatário de uma malta habituada a temperar as batatas com banha de foca, enviar um galheteiro a transbordar de virgem extra pode parecer boa ideia. Mas corre-se o risco de receber uma retribuição em espécie, mas com o mesmo azeite, já rançoso, como se viu no vídeo de resposta. Ou até de sermos presenteados com qualquer coisa mais difícil de engolir, provavelmente ensopada em óleo de fígado de bacalhau, como é o caso do jogo - uma espécie de metáfora para a medicina amarga e de efeitos duvidosos da troika. Entretanto o jogo foi retirado. Muito bem. Agora, e isso é que era, era: da nossa parte, fazermos um vídeo, chamado «O que os portugueses precisam de saber sobre Portugal», que mostre muito bem como foi, concretamente, que um país extraordinário, com cruz azul na bandeira, via verde nas auto-estradas, e tudo, deixou chegar as contas cair deste modo no vermelho; da parte deles, aprender os benefícios do azeite no arenque com batatas e grelos. E depois então, pensar em fazer jogos como deve ser. A gozar connosco. É que merecemos.
(Bom, na verdade merecemos um pouco; mas não está certo.)
Sobre o jogo.
O vídeo.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Sim, é isso, raios partó homem! (Mesmo.) Qual é que acham que era o país de que os americanos se serviam antigamente quando se queriam referir a um país europeu insignificante sobre o qual ninguém sabia nada de nada além do nome? Era a Bélgica.
E só nesses momentos os belgas sentiam que existiam no mundo. Agora os americanos deixaram de falar deles e - a Bélgica, ai a Bélgica - vamos ver. Ai, a Bélgica. Entretanto não interessa, porque nós já fomos promovidos a Bélgica.
Queria um Burkina Faso, morria um Laos pelo luxo de poder servir de referência digerível pela mente de hambúrguer do americano médio, mas não, nada. Nós, yes, é que sim. Nós e a Argentina. Dupla vitória para Portugal! No contexto da chamada guerra das civilizações entre ibero-americanos e anglo-americanos, para ilustrar bem o lado opositor, foi-se, como é óbvio, por quem conta. E, assim, bem se compreende a referência a Portugal, quem se lembraria da parva da Espanha, e à Argentina, qual Brasil qual quê, tontinhos alegria e alto astral, está bem, e não sei quê.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Ora ufa.
(Só que não foi muito moderado, nem pequeno, em auto-elogios, dirão alguns; mas talvez não seja assim, desde que, e oxalá, seja o tal do competente).
Os ministros serão poucos. Ou nenhuns, se Passos Coelho acabar por nos convencer de que quantos menos, realmente, e agora que falas nisso, melhor. E também porque parece que quase ninguém quer aceitar! Sim, apesar de tanta descrição, já todos os jornais sabem ou inventam ministros que são e eram para ser. E diz (lá mais para baixo) que muitos bons nomes se têm recusado, por causa da situação em geral do país; e também por causa dos baixos vencimentos. Mas acontece que é precisamente por causa da situação em geral do país que era importante haver bons nomes! E que, se calhar, foi por não haver na mesma bons nomes, a governar, já antes, quando a situação não era tão em geral má, portanto tivessem havido, bolas, que agora a situação em geral é assim. Quanto aos vencimentos, dá ideia que dizem mais ou menos às pessoas: se os ordenados fossem melhores, talvez os contributos fossem outros; e as pessoas vá que respondam mais ou menos : os ordenados talvez fossem outros, se os contributos fossem melhores.
De ministros, entretanto saberemos.
terça-feira, 7 de junho de 2011
terça-feira, 31 de maio de 2011
É uma bebedeira triste, apesar de tudo, e ao contrário do que é costume com as boas bebedeiras (talvez porque sobretudo, aiai, nos chega o bafo), mas para entorpecer um bocadinho a noção da realidade que atravessamos sempre serve – por isso, siga a campanha.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Ok, ok, por princípio não deve haver temas tabu na discussão democrática, mas também não deve haver temas-tipo-antónimo-de-tabu, isto é, tão-politiqueiramente-obrigatórios-que-até-já-metem-nojú.
E ok, ok, quase parece que as barrigas das portuguesas ainda são das poucas coisas sobre as quais se pode exercer alguma soberania nacional, através da vontade das donas. Mas será realmente oportuno, neste momento de troikas, de decisões difíceis para o futuro e de outras coisas etc. estar, a pensar (e fazer-nos pensar) em possíveis decisões a tomar relativamente a esta matéria?
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Mas ninguém ataca o futuro, só o PSD?
Atacar o futuro no sentido de apontar baterias ao que é preciso fazer, só o PSD no sentido de que nada mais é atacado. Ninguém fala do que se vai fazer (e do que se fez, então…) a gente parece que é suposta é escolher quem é que melhor dá porrada no PSD. Para já, o PSD vai à frente, mas por quanto tempo mais? O CDS está já a ficar muito bom a molestar sociais-democratas, Sócrates é completamente PSDófilo, o BE e o PC também apreciam espremer a laranja.
Então é assim:
- PSD, essa táctica de bateres em ti como um maluco para não sobrar para os outros nada por onde pegar não está a resultar; tens mais corpo para apanhar do que julgas;
- outros: há mais vida para além do PSD;
- todos: digam qualquer coisa de Portugal;
Em vez do PSD, vamos atacar o futuro.
domingo, 22 de maio de 2011
Seja como for, depois da pré-campanha e dos debates eleitorais, sabemos finalmente em quem votar (num qualquer, no fundo é isso; mas de maneira a preservar o Sócrates noite e dia do lado de fora dos edifícios do governo). Ora bem, o PS diz-se mais estado social, e bem, a julgar pelo que se tem visto: inaugurações, anúncios, recepções de copo de Martini à mão, o Sócrates bem vestido, militantes socialites e pessoas bem à frente de eventos e instituições de beneficência (própria). Muito social. E, sem dúvida, não pouco estado. O PSD tem ideias concretas, apresentadas num belo programa. Muitas ideias, aliás, em muitos programas: enfim, ideias diferentes a cada programa, a cada entrevista, a cada resposta, parece que era mais isso, ou o catroga. O CDS é competente, coerente, responsável, ponderado e realista. Quem o diz são os seus dirigentes máximos. Poderíamos suspeitar de algum exagero, se se tratasse de outro partido, mas não tratando-se deste: precisamente porque, como se deixa logo bem claro para não haver dúvidas, este partido é tudo menos incompetente, incoerente, irresponsável, imponderado ou irrealista, pelo que não poderia agora passar uma mensagem que fosse em sentido contrário. O PCP assume-se, desta vez, como a voz dos trabalhadores. Infelizmente para os comunistas, nós, como a maioria dos portugueses, nunca votaremos neles: o nosso partido ideal é mais o que defende os interesses dos preguiçosos. O BE, enfim, é pena exalar por vezes alguma superioridade moral desnecessária, porque tem excelentes ideias, pelo menos para um universo onde a metafísica substitui a física.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Passos preocupa-se demasiado em dizer o que pensa (e o resto do PSD também faz questão). Sócrates preocupa-se demasiado em pensar demasiado no que há-de dizer (e todo o PS o imita).
Um, isto. Outro, aquilo. Mas agora o que mete mesmo graça é só dizer mal do Sócrates. Até o Passos Coelho já se atira a ele. Diz o DN: « Passos Coelho insurgiu-se contra o que classificou como uma "campanha de medo" contra o PSD que tem sido organizada pelo PS, ao "mentir" sobre o que o seu partido de facto defende para a sociedade portuguesa.»
Bom, em defesa de Sócrates, pode sempre alegar-se que também mente quando fala sobre o que ele próprio se propõe fazer. Não há cá tratamento de desfavor para nenhum dos lados. Digamos que usa a mentira com magnanimidade. Com generosidade, se for preciso. (Psst, admitamos: já só um método da CIA, do Tempo da Guerra, para Detectar a Mentira, a que Tivemos Acesso, nos tem permitido perceber quando o Engenharias Impossíveis em Lata está a mentir: diz assim:
VOCÊ, QUE AGORA LÊ ESTE MÉTODO DA CIA PARA DETECTAR A MENTIRA, SABE COMO É QUE SE FAZ PARA SABER SE O ENGENHARIAS MENTE?
Não.
TEM QUE OLHAR MUITO BEM PARA OS LÁBIOS DELE.
Sim.
SE SE MEXEREM, ELE ESTÁ A MENTIR!
Ora.
AH, AH, AH,AI, AI, NÃO POSSO, AHAHAH AHA.
Estúpido.)
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Ganhámos, festa , vai! Nós somos, pá. Ok? Vocês deviam era, ganhámos, man! Culpa? Vossa, vossa! A vitória é nossa. A culpa é vossa. Culpa? Culpa o quê? Vossa, vossa. Vitória? Nossa. Isto agora é assim: a culpa é vossa, a vitória é nossa. Não, não, escutem, esta merda agora é assim: (desgraçámos um tanto as pessoas não foi? fogg!). Vossa, vossa. Nossa. Não sei quê.
A culpa da nossa vitória é vossa.
sábado, 23 de abril de 2011
Primeira muçulmana na Playboy
Mas esta parece que se virou para a família e disse Hoje apetece-me hoje fazer qualquer coisa radical, O quê filha adorada, posar nua para a Playboy? Não, caldo verde com chouriço de cobaia! Ah. E vai a família toda e só lhe deu uma bofetada, cada um. Ela nem se tinha atrevido a dizer ‘porquinho-da-índia’ – por ser matéria sensível e perigosa de abordar, experimentou com a cobaia – mas aquilo, como se sabe, é gente implacável por natureza. E quando é para enveredar pela radicalidade, não importa em que sentido, não há cá meias medidas: vê lá mas é se não queres rebentar com um grupo aleatório de pessoas numa praça qualquer, ou então se não te apetece fazer qualquer coisa inadmissível e superchocante, para depois rebentarmos nós contigo à porrada, ou tipo a tiro.
E foi assim que ela pensou que seria melhor tornar-se explosiva pela via da Playboy. Os pais é que foram uma decepção: apenas deixaram de lhe falar (mas ao menos nem lhe disseram nada sobre isso, e ela, coitada, toda confusa). Foi assim.
E muito bem. Porque, ao contrário daquela malta que se rebenta na rua, matando quem passa, para conhecer setenta gajas tocadoras de harpa no Paraíso, este tipo de mulher-bomba, além de até parecer devolver a vida aos mortos, dá a conhecer o paraíso a milhões de gajos tocadores de gaita cá na terra. É muito mais pragmático e altruísta aparecer na Playboy do que interesseiramente alguém matar-se para ser playboy no céu (como todos os muçulmanos fazem, todinhos, como sabemos, e pelo menos uma vez! essa malta!). Ser-se modelo da Playboy é ser paraíso que não se sonha: já se vê. Enfim, até nós, que apreciamos pouco religiões que não exijam uma autodisciplina implacável e masoquista como forma de ter ao menos a possibilidade de ouvir falar na promessa do paraíso e da sua música harpaica, até nós, confessamos, estamos completamente convertidos.
Para quem não sabe, se é que há alguém, dizer ainda que qualquer religião proíbe os gases em reuniões com o FMI (já cá fora, para dispersar os chatos dos anti-globalização, é expressamente recomendado). Mas nós agora já estamos num nível completamente diferente das coisas, e o que muita gente concretamente gostaria de saber é qual a posição do Islão quanto ao assunto em questão. Não sabemos. Bem qual é. Mas sempre dizemos que há muitas maneiras de encarar o véu (e especialmente depois de termos visto a foto). E também que, se é absolutamente inaceitável, para qualquer pessoa decente, a morte de inocentes, como é – para não falar em ser inaceitável para qualquer religião decente, como é –, já no caso de quem queira livremente aparecer nu na Playboy, sem aleijar ninguém, meu Deus. Nem mais nem menos: seria caso, achamos nós, para cada um simplesmente dizer «meu Deus», dando-lhe a entoação que quisesse (tipo ‘meu Deus, que esta leviana se arrependa e pague duramente pelo mal que fez’, no caso dos mais beatos; ou tipo ‘meu Deus, esta gaja é tão boa’, no caso dos mais depravados, como nós; ou tipo ‘meu Deus, confio apenas no Teu julgamento, e não no desses moralistas de trazer por casa, nem no desses outros (ou Mesmos) depravados’, como poderia ser o caso do que pensa a rapariga, dizemos nós).
quarta-feira, 20 de abril de 2011
A culpa, a culpa. A culpa! A culpa é toda da conjugação de coisas: dos nossos atrasos estruturais, da crise financeira internacional, do nosso modelo económico das últimas décadas, das opções políticas, as mudanças políticas na Europa, da inexistência de Deus em Portugal (ou pensam que não há para aí malta que O tem?). Enfim, não interessa, e nem é agora o momento, de andar à procura dos culpados.
(Mas, não esquecer: começa por ‘S’! Ahahahah).
segunda-feira, 18 de abril de 2011
segunda-feira, 11 de abril de 2011
A receita
batatas e feijões,
batatas e feijões,
batatas e feijões,
e o Sócrates aos trambolhões.
Lá-lá-lá a gosto, e já está. Uma delícia, aquele gostinho a engenheiro a desfazer-se no céu-da-boca. A única coisa decente, pensava-se, que muita gente poderia saborear nos anos mais próximos. Mas não, nem isso ele dá aos pobres: afinal até está disponível para governar com o FMI (já não lhe sobravam os defeitos, para agora vir ainda enveredar pela mentira? Hã?) Como é evidente, para nós, um bom FMI não é assim. Claro que é assado, mas bem passado, feito a tempos e horas, e sem osso. Tenrinho. O osso é muito duro de roer. O que o FMI tinha de bom, parecia-nos, era justamente afastar o osso para o lado. Que é como que diz: afastar o José Sócrates. Isso é que sim. Sai ali para o lado, andalápámaséecala-te. Depois, bastava pôr um lourinho, para quem gostasse (ou inventava-se), e juntar as batatinhas.
quarta-feira, 30 de março de 2011
O estranho caso mais ou menos do costume. Agora em muito mau
domingo, 20 de março de 2011
Também sabemos dizer coisas sem sentido
É agora, a nossa vida colectiva espera ansiosamente por conhecer o seu destino, tudo está prestes a ser decidido: se se confirma a crise política, se as finanças se estatelam, se é o caos, se logo surgem soluções redentoras, enfim, o costume de há 200 anos para cá. Mais uma vez, é agora.
Só que é diferente, pela simples razão de que desta vez é agora. E é sempre assim que funciona, a cada vez. Mas também porque desta vez parece que realmente estamos a caprichar na dose, ditosos os portugueses a quem coube viver este tempo.
E porquê? Não perecebemos nada do que está a acontecer, na verdade, mas o Sócrates tem razão. É mais simples passar simplesmente a acreditar em tudinho o que diz. Fazer outra coisa dá muito trabalho – e muito medo –, daí que a partir de agora tem ele a razão e acabou.
Assim, a anunciada austeridade só se pode efectivamente dever a diferenças na análise das estatísticas: o governo diz alhos, na União Europeia dizem bugalhos, pelo sim pelo não austeriza-se um pouco mais. Com a magninimidade de quem sabe que tem razão, o governo pode dar-se ao luxo de olhar de cima para a coitada da Europa. Não quer que ela fique mal ela que, aiás, nem se sabe governar e já tem tantas dívidas e está numa situação de tão grande fraqueza. A apreciação do que será a médio ou longo prazo o desenlace do confronto entre os deves e os haveres das nossas contas, e mais sabendo nós o que são também as contas das economias europeias, tendo em conta quer os encargos assumidos e os previstos quer as melhores perspectivas de crescimento, convence de imediato mesmo o observador mais desatento sobre as razões desta austeridade. Na dúvida, decide-se a favor do mais fraco (a Europa). É uma questão de cautela, não vá a Portugal por exemplo ter um desempenho económico e financeiro tão bom que as entidades europeias venham a ter que morrer de vergonha ou coisa assim. Faz ou não faz sentido a austeridade neste quadro? Sócrates só pode ter razão.
Pobre Europa.
domingo, 13 de março de 2011
Engenheiros e cientistas sabem fazer contas (e ainda conseguem não ser escravos com doutoramento)
300 mil pessoas na manifestação da geração à rasca, uau! Isso é muito, mesmo tendo em conta a mais que o contagem deve estar errada. Nenhum dos presentes tem a inteligência necessária para fazer contas acima de 100, como se sabe – aqueles que a têm são engenheiros e cientistas, e pessoas em geral que tiravam mais que nove a matemática no secundário. Não se metem nestas coisas, mas seja como for. Trata-se de certeza de um número de pessoas (ainda que do tipo sociólogos e relações internacionais) cuja ordem de grandeza está acima do razoável para ser expresso através da unidade de medida «concerto Tony Carreira no Pavilhão» ou mesmo da unidade «estádio da Luz cheio». E até talvez seja mais do que o número de telespectadores do último Benfica – SPG que aproveitaram o minuto 81 para ir ao estádio de Alvalade lá de casa, depois de Franco Jara ter colocado o resultado em duas bolas a favor dos homens de Jesus. Estavam à rasca, e bem se sabe como é por vezes importate ter um estádio de Alvalade onde possa uma pessoa aliviar-se.
Até agora, só o SLB conseguia pôr fatias inteiras da população a satisfazer em simultâneo uma necessidade qualquer por todo o país; mas eis que os 300 mil de ontem vieram demonstrar que é possível, e posssivelmente desesável, estar mais gente ainda ao mesmo tempo à rasca e já completamente a cagar para a conversa de quem manda. É obra.
Querem coisas concretas; tipo condições; tipo empregos. Trabalho, sim; desemprego, não. Coisas boas e positivas em geral, pelo menos aparentemente, sim; coisas más, não (somos parvos mas não somos malucos). Estamos unidos nisto, sim; sabemos como é que se alcança, ou pelo menos cada um de nós individualmente, já nem se pergunta colectivamente, tem uma ideia, népia. É mais ou menos isto. Sempre é alguma coisa...
terça-feira, 8 de março de 2011
Bom, gostamos muito de momentos António Sala, em termos de ditos com espírito, mas realmente a Dívida Soberana é que é. É nossa e temos dela para dar e vender, não fosse uma das nossas maiores exportações, viva. Vai lá para os gajos que precisam de soberania, ou de dívida, ou lá o que é essa porcaria, tipo roubalheira, a bons preços para eles.
Que os nossos juros disparam mesmo a sério. Pau. Os pequenos (embora cada vez mais espigadotes) juros da tal dona Soberana é tipo pau-pau-pau. Logo a partir dos 5-10 anos é pau-pau, toca a disparar que Meu Deus. Com uma mãe assim tão soberana, que põe e dispõe, pois já tudo roda à sua volta, o que é que se esperava? Que saíssem mansinhos?
Devíamos era reflectir no que terá levado a que uma coisa assim como a dívida se tivesse tornado na nossa inchada soberana. Será que basta ter um presidente que, quer constitucionalmente, quer por feitio, não esteja para intervir; e um governo que, quer por ser composto por quem lá está, quer por lá estar quem o compõe, só faça de conta que faz?
Está bem, então. O problema é que isso significa que será preciso muito mias para que por exemplo a Maria, ou quem sabe a Competência, que isso é que era, se torne a soberana.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Quem é Medina Carreira?
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Vai-se falar: do Egipto
Nós que, apesar de tudo, ainda somos meio mouros, da parte do D. Duarte de Bragança, pelo menos do Mondego para baixo, deveríamos pensar nisso. Já está: o nosso Grão-Vizir Sócrates é que anda para aí com isso das tecnologias, mas isto somos só nós a pensar alto, não estamos a dizer nada. Literalmente. Portanto, pormenores à parte, agora é combinar tudo no facebook e ir para a rua gritar assim: Fora, Sócrates, vai lá para a para a Arábia Saudita (e qualquer coisa num cartaz em inglês, e pronto).
Entretanto, o ainda presidente Mubarak veio dizer: “não tenho intenção de me apresentar às próximas presidenciais”, transcreve o Expresso, “vão mas é chamar Egito à vossa avó, ou gostavam que chamassem Exresso ao vosso jornal? Demitiam-se imediatamente é o que era, eu ainda espero até Setembro”, terá acrescentado, mas essa parte só passou na Al Jazeera em árabe (como se o Ricardo Costa não percebesse a língua de Bin Laden com aquele bronzeado!). Para quem não sabia, aí está: o presidente Mubarak leva a ortografia muito a sério (naturalmente é um patife com todas as letras). Ainda bem para os egícios.
E mesmo os egípcios, com este anúncio, poderão ter, qualquer dia, oportunidade de escolher novo Presidente. Obviamente que o leque de candidatos incluirá um radical islâmico, um moderado islâmico, um islâmico não praticante (às vezes mistura vinho na 7up, mas usa bigode), um ateu islâmico e um que apenas se chama Mohamed; além disso, fala-se também da possibilidade de um candidato surpresa, que poderá inclusive ter a ver com o legado dos faraós, e que terá portanto mais ou menos a mesma idade de Mubarak (e igualmente um coração empedernido e ar impassível): uma pirâmide. Não tem nada de mais, afinal as pirâmides têm uma sólida base de apoio. E é ou não verdade que nós próprios temos uma esfinge na presidência? O Mário Soares é que diz.
Com tudo isto, e indo ao que verdadeiramente interessa à civilização, o que poderá o Ocidente esperar do novo regime? Uma onda terrível de fundamentalismo? Uma era de maravilhoso desenvolvimento político, social, espiritual e humano? Um impasse de meses ou anos assente em muita retórica inflamada, gente sempre em protesto e em concurso ocasional de arremesso de pedras da calçada à cabeça dos que são anti aquilo que quem arremessa é pró (levando Manuel José a deixar o Egipto , confessando a O Mesmo que se era para assistir a moiros a serem apedrejados tinha ficado como treinador do SLB)?
Quem sabe. Se afinal não teremos apenas mais um palco, mais ou menos estabilizado, de intermináveis debates sobre a compatibilidade entre a barba farfalhuda e a homossexualidade envergonhada; ou sobre a obrigatoriedade ou proibição (só uma das duas parece poder ser admissível) do véu islâmico nos espaços públicos, sobretudo fechados – tendo em conta que quem não usa pano não tem culpa e pode ainda assim ser contaminado\salvo (de apanhar uma constipação ou caspa no cabelo); e outras coisas semelhantes e igualmente importantes, como já vai acontecendo em diversos países muçulmanos, tais como a Turquia o Afeganistão e a França, entre outros.
Oxalá seja este último cenário o pior que pode acontecer ao Egipto.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
O que é certo é que fica sempre alguma suspeita e que isso incomoda e chateia, independentemente de se culpar mais quem a lança ou quem não a desfaz. E é deste modo que alguns cidadãos são levados interrogar-se nos termos seguintes: mas terei eu de prescindir de uma porção da minha regalada vida, tão trabalhosamente repleta de porreiridão, sabe Deus o que me custa purificá-la de toda e qualquer chatice, e preocupar-me com o meu país? Não posso simplesmente ficar a ver e a dizer mal? (Aliás, pago em geral os impostos, para que saiba quem gosta de opinar sobre coisas simplificando tudo, ok?)
E mais, foi por estas e por outras que a restante cidadania ficou um pouquinho magoada. A frase «o professor Cavaco está acima de qualquer suspeita» ameaçou inclusive tornar-se comparável àquela do «eu acredito na justiça portuguesa»! Mas onde é que nós estamos? Trata-se do nosso PR, não se está para aqui a falar de um Afeganistão ou de umas eleições autárquicas, onde, aí sim, às vezes se passam coisas que fazem lembrar o género de suspeitas que temos tido nas legislativas.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Enquanto isso, Renato volta de viagem para procurar Marcela.
Quem é afinal Abu Dhabi? É algum sítio na Ásia, por acaso, para o ministro das Finanças estar assim a voltar-lhe? Deus nosso. Por acaso. De qualquer maneira, deve ser uma relação séria. Digamos, aliás está dito, que ele «vai», não sei aonde, a Bruxelas, tanto faz, só para dar um olá, mas está de «volta». De volta para os braços de Abu. E nada de “vai a Bruxelas e volta para LISBOA”, não, nem pensar, está bem está, isso é para os piolhentos, ora já viram, tu realmente, Fernando Teixeira, quem diria que fazias essa ideia do teu país.
Agora como é que vamos salvar o país sem ministro das Finanças? E sem uma «supercomitiva governamental», que o Público diz ter-se deslocado para lá (fujam, amigos do Abu Dhabi, fujam; ou declarem a jihad).
Acontece, ainda por cima, que em Bruxelas se vai discutir uma coisa importante, o tema comunitário inclusivamente mais difícil do momento, a b&<@ merda em que estamos metidos. Mas é assim, ministros das finanças fundamentalistas da Europa do Norte, vocês têm toalhas de mesa na cabeça ou dinheiro para nos dar? Por acaso? Têm? Ok, talvez tenham dinheiro, mas nós não concordamos com a maneira como vocês o tratam nos vossos países em termos de direitos humanos (e que queriam implementar no nosso), ali, sempre controladinho. O dinheiro público precisa de apanhar sol de maneira a evitar a traça. Está bom? Então vá, dirá o ministro, muito de passagem, aos seus colegas europeus, foi bom Qatar um bocadinho mas agora com licença que o Abu Dhabi ainda vai ser melhor.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Nós também, obrigado. Sim, sim, igualmente e com licença. Então vamos lá a 2011, que começa Alegre para ligar algum Cavaco, nós às vezes, mas calma que há melhor.
Iva. A todos e a tudo. Iva, iva, muito iva! (Obviamente, é preciso um sentido de humor especialíssimo para pereceber onde exactamente está a piada do iva, não podemos fazer mais nada; é mesmo assim, uma coisa cheia de piada, o iva; para quem não é burro; ok?)
Vulva, vulva, mas podia ser uva ou pipa, já não temos nada a perder, depois deste início!
A propósito – de não ter nada a perder – o doutor Manuel Alegre quer que o candidato Cavaco Silva explique as acções. E o Cavaco, que não é bem candidato, diz que já explicou tudo. Sim, as pessoas que sofrem do mesmo tipo particular de paralisia verbal selectiva aguda que o nosso Presidente não precisam, a partir de agora, de continuar a viver em sofrimento: contam tudo à Internet. No caso dele, e uma vez que até foi ela que o elegeu, hum, «faz sentido».«Todo». Além disso, perguntamos nós, que acções serão essas? Hã? Se o homem nunca faz nada! Como é que querem que uma pessoa que nunca se justifica e raramente dá explicações seja do que for vá justamente explicar coisa que não se lhe conhece desde que é PR, como“acções”?
Ah.
E o bipartido Manuel Alegre, então se é isso, e se se sente tão incomodado, também deveria ter exigido explicações a dirigentes máximos de partido que o apoia a propósito de outros casos, nomeadamente o caso da farsa oculta. Em que estará implicado Francisco Louçã, em termos de ideias políticas.Vá, quem é que quer apanhar mais? Não, mas parece que pelo menos alguns dos que agora alegremente apoiam o candidato das esquerdas na sua «campanha de denúncia», ainda há pouco «denunciavam campanhas» – alegadamente – orquestradas contra Sócrates, relativas a casos que em todo o caso tinham mais substância, na nossa jactante opinião. Queremos nós, vamos apanhar já a seguir: não conseguimos dar mais objectividade ao nosso post, mas, em grande, parte porque dá muito trabalho. A impensa: parece-se mais ou menos, para usar o lugar-comum, com aquelas pessoas que querem quer ver (mostrar, aliás) o foguetório e ao mesmo tempo ser um bocadinho dispensadas do risco de se molhar com os pingos da chuva (exactamente, essas pessoas, coitadas), na medida em que, se (aparentemente) não investiga para poder falar com mais autoridade ou calar-se para sempre (enfim, no mínimo para baixar um pouco o volume), podia pelo menos dar melhores explicações, fazer comparações com outros casos, fornecer contexto, opinar de maneira mais fundamentada. Enfim, conformemo-nos. Alguma coisa havia de funcionar menos bem em Portugal.
E assim, e inclusive de maneiras diferentes, como por exemplo a mais terrível de todas as notícias do ano, já nos esquecíamos, aquela de ser agora reconhecido pelo próprio fabricante da pulseira do equilíbrio que afinal o dito objecto não passa de uma fraude, enfim, viva 2011, mas já não se pode confiar em ninguém, é o que temos para dizer. Nem no fabricante da pulseira do equilíbrio.