quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Finalmente os «casos» nacionais são literalmente inclassificáveis
No futuro. Agora, há casos difíceis. Por exemplo: que «caso nacional» se deslindou ultimamente, na verdade? Algum? Temos ideia de que não, não temos a certeza, lá está, é um dos casos difíceis que há. Parece que quase nada, ou nada, se deslindou ainda, de modo que está tudo lindo. E amoroso. E depois há outros que meu Deus.
Tipo meu Deus. Mas isto foi engendrado à sorte numa agência noticiosa por meio de alguma criança, um saco preto e palavras aleatórias escritas em papelinhos embrulhados, ou pediram ao miúdo para simplesmente inventar uma história maluca? Há coisas que um gajo não perecebe quando se põe a pensar, e essa é outra possível explicação.
Bancos. Dão abrigo a pessoas, e tal, luzes, profissionais bem vestidos e cordatos. Barba bem feita. Muito bem, mas, se um gajo lá vai, sente-se mal se não tiver as unhas aparadas e, de qualquer maneira, é aliciado a cometer um empréstimo para ir à Galiza no fim-de-semana e depois não é bem assim, mas se fôr uma empresa com necessidade de dinheiro para trabalhar está lixado, e se o gajo fôr um país como Portugal está lixado e paga do belo. Países. Portanto tínhamos bancos, agora temos a palavra países (e gajo, mas esse está sempre lixado e não conta). Dizer então que é incrível a quantidade de histórias que podem ocorrer com a regência destas duas palavras. Podemos ter bancos que têm que ser a dada altura salvos pelo estado para que não acabe em desintegração o sistema financeiro do país, sendo que com isso os países que o façam ficam à mercê do pouco crédito concedidos por bancos para se financiarem, uma das razões para que os bancos desse país, alguns dos quais podem até não ter grandes problemas, fiquem dependentes de um eventual apoio do governo desse pouco creditado país para que eles próprios, bancos, tenham crédito. Ou seja, acabámos de torcer as linhas da cabeça e alguns de nós vomitaram, à falta de melhor. Claro que tudo isto é uma verdade tão clara e profunda que a podíamos repetir, não sei quê bancos que têm que ser a dada altura salvos pelo estado para que não acabe em desintegração o sistema financeiro do país, etc., mas mesmo n' Os Diferentes Media se podem encontrar ecos dessa Escritura Sagrada (aqui um exemplo), a qual como sabeis começa assim, não sei quê bancos que têm que ser, etc., apesar de quase tudo nos ditos media na verdade não passar de um amontoado de simplificações grosseiras da realidade. Como sabeis.
Se casos assim entre bancos e países são possíveis num país qualquer, num país específico como Portugal as possibilidades de criação de enredos são infinitas e calha que os de comédia romântica ainda tenham admiradores mas que sejam os de gangsters e espionagem internacional os preferidos. Ora, não só neste quadro mas também, como classificar o «caso BPN»? Parece lógico dizer que existem na verdade pelo menos dois casos extraídos do mesmo monte de adubo orgânico. De um lado, teríamos a história da trafulhice em larga escala que poderia envolver, ou não, mais ou menos figuras da política nacional, e na qual no fim de contas nada se viria jamais a saber (um clássico); do outro, mais um thriller do Ministério das Finanças, ou de responsáveis pelos dinheiros públicos em geral, relacionado com o tema do misterioso desaparecimento de inocentes quantias astronómicas, na prateleira ao lado dos desenhos animados. Estivessem assim as coisas e nós, público batido em produções de quinta categoria, talvez nem déssemos por nada. Mas alguns dos «críticos», que nem sempre são muito melhores, têm andado mais enredados nos meandros teóricos e práticos da sua escola de origem do que noutra coisa e têm-se mostrado demasiado parciais, ora enfatizando o lado funesto, ora o escabroso, o que os confunde em vez de fazer distinguir. E isso não só tem tornado difícil a classificação, como nos tem chamado a atenção, que tanta falta nos faz, para este estranho caso BPN.
Muitos são os casos aparentemente irresolúveis e simultaneamente horríveis, eis inaugurada a era dos casos literalmete inclassificáveis.
Enquantu, e eu
Enquanto não vier o FMI, enquanto não houver uma nova geração de agentes que ponham a mão a isto, enquanto as mentalidades não mudarem, enquanto essa malta, enquanto as forças vivas não se libertarem do garrote, enquanto não aparecer para aí um novo Alberto Caeiro para pôr a coisa fina, enquanto houver chicha para sustentar todas essas raças de parasitas, enquanto o eles, enquanto dantes era assim, enquanto algumas reles criaturas puderem andar por aí a fazer o que bem entendem como donos do mundo, já se sabe, nada, só depois é que vai ser, e ainda bem.
Isto a propósito de um resfriado colectivo que se espalhou aqui pela arrecadação d' O Mesmo. Parece que só lá vai com FMI, a maior parte do pessoal já desistiu da aspirina. A cabeça doi-nos e a garganta não está capaz de engolir nem mais uma pevide.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Que raça de cães
Nós não somos juristas, mas a ser verdade que Santos Ferreira, presidente do BCP, se ofereceu para espiar o Irão em favor dos EUA, associá-lo-íamos a uma raça, mas em termos meramente metafóricos e para benefício e eficiência da linguagem, a uma raça portanto qualquer, porque todas se prestam a fazer esse tipo de truque.
Ao Caniche. Pronto. Luis Amado, o ministro que terá andado um pouco baralhado quanto à sua fidelidade mas ao mesmo tempo sempre ferozmente fiel, não sabe muito bem a quê, e cujas palavras (no parlamento, há tempos) ecoam mais convictas e mesmo mais ameaçadoras do que seria talvez razoável, daquilo que, ataravés dos documentos divulgados pela WikiLeaks, agora se percebe da história do transporte por via aérea de 'combatentes inimigos', bom, pode para já ficar associado ao pastor alemão, está bom? [Talvez não, pelo menos no sentido que quisemos dar; analisando as notícias de hoje, dia 17, já pômos em causa o que (nos) parecia estar sugerido, ou mesmo enunciado, nas notícias de ontem; embora ainda fiquem por esclarecer algumas dúvidas, pode ser que isso nos aproxime daquela raça tão chata quanto fascinante que é a das cadelas apressadas (e não somos só nós!).]
Ora, não vamos depois ter tempo para pôr os links, esta semana está a ser um aspirador industrial de tempo, e esta hitória é quase tão vasta e complexa como aquela da pulseira do equilíbrio, felizmente um diplomata português já nos adiantou o serviço e associou o estilo exaltado de Ana Gomes, a deputada socialista que vem pondo em causa o comportamento do governo na matéria dos voos da CIA, ao de um rottweiler (ao menos este link, eise-o). Seria espectacular um confronto entre Ana Gomes e Sarah Palin, só para não acabar assim, sem dizer uma estupidez qualquer que, vendo bem, não sei quê.
E Sócrates seria obviamente da raça «gato». Por ser o eterno felino, que por exemplo desconfia quer dos americães, que é «americannus no que toca a lidar com prisioneiros de maneira imprópria» em português, quer dos lulus da lulusitânia putativamente presentes nesta história? Por sobreviver sempre fino e elegante a todos trambolhões abismais e lutas mortais? Claro, para quem gostar disso num homem, mas nós referíamo-nos a «gato» no sentido brasileiro, isso sim, é a qualidade que enaltecemos nele como político, só para se ter uma ideia do quanto não gostamos de gatos, muito menos no sentido brasileiro.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Lista de boas notícias no Portugal
1 – os alunos portugueses conseguiram melhores resultados do que em anos anteriores nos testes feitos no âmbito do PISA (Programme for the International Student Assessmente), que avalia o desempenho escolar dos jovens de 15 anos dos países da OCDE e de outros países ou parceiros económicos (foi tudo graças à avaliação dos professores de há uns tempinhos, tão má ela foi, que, dizemos nós, comoveu e revoltou os alunos a ponto de os fazer querer demonstrar, quanto a avaliações, como é que se faz, e esperando nós até que eles não tenham simplesmente copiado tudo; como aliás nós fizemos ao que está antes deste parênteses, obrigado Público, e obrigado portugueses de 15 anos, por nós a nação ficava imediatamente nas vossas mãos viçosas, tipo orçamento feito na casa do Edu às tantas, e depois só um bacano é que conseguia sacar do telemóvel para apanhar a cena, e tipo fazer download no facebook, bué.)
3 (pronto, vá) – as exportações estão a destacar-se pela positiva.
4 – até as do Magalhães.
5 – e até de vinho para a China.
6 – fundo de pensões da Noruega investe em Portugal.
7 – vamos deixar isto por aqui e fazer algo positivo e realmente produtivo.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
A força da amizade
Entre tantas tragédias nacionais, a única coisa que para nossa alegria ainda se mantém segura, forte e saudável é a amizade. Há quem estude estas coisas (finalmente, aliás). Assim é que precisamente um estudo vem agora informar que afinal um amigo de governante pode à partida aspirar com relativa tranquilidade a um lugar. Numa administração, numa empresa pública, numa coisa assim. Especialmente se o governante governa há pouco ou está em vias de poder deixar de o fazer: «eleiçõe»s rima com «colocações», assim como «já sabíamos» rima com «mas ficamos furiosos na mesma».
E «ai o que lhes fazíamos». Mas não deixa de ser um valor e não sei quê, a amizade. Mesmo quando não existe realmente «a amizade», é mais aquela coisa um bocado distanciada do «conhecido», enfim, também não importa: negócios, negócios – amigos à parte, é o que sempre dizemos.
Resumindo, é bom ter amigos, mas os conhecimentos também não são maus. Bem diz Sócrates que caminhamos cada vez mais para a «economia do conhecimento». É isso. O «conhecimento» é que é a chave. Tem sido. Não só durante a sua governação (que muitos empregos tem desta forma conseguido providenciar (promessas são promessas!)), mas, para sermos justos, nas governações de muitos outros. Mais concretamente, digamos que de todos. Desde 1980, de acordo com o estudo, ano, curiosamente, a partir do qual se recolheram dados para o referido estudo. Como seria antes? Durante muito tempo, foi completamennte diferente, pelo menos no que diz respeito ao «factor eleições». Já quanto à «amizade»...
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Atracções baratas
Onde é que ficava mesmo bem uma árvore da Natal de 25 metros toda feita de luzes? Em Fátima, e porquê? Porque se trata de um lugar sem atracções baratas (só que do tipo caríssimas, neste caso), à parte um ou outro boneco fabricado com restos de plático na China, e onde, para mais, nunca se viu uma árvore iluminada de maneira pouco natural. Um lugar também sem qualquer espaço amplo para andar volta e meia de joelhos no chão, fora do santuário, mas que agora vai finalmente ter uma pista de gelo. Ah: e um lugar que vai ter iluminações nas ruas, o que à noite é bom, porque os parques de estacionamento estão vazios e assim quem quiser vai para lá andar nem que seja em estilo crawl, ou mesmo de bruços, sem tropeçar nas coisas. E com isso não incomoda os cristãos, que têm todo o direito de estar em paz no santuário.
As pessoas de Fátima queixam-se do desperdício de dinheiro, mas esquecem-se de que é Natal. E de que é Fátima. O Natal simplesmente não seria o que é sem desperdício de dinheiro, e Fátima também não. A própria Nossa Senhora, diga-se, tem alguma culpa nisso, uma vez que é por causa dela que temos quer uma coisa, quer outra. Mas o Pai Natal é que estragou com o resto: se não houver árvore de Natal certificada por técnico de luzes, não há presentes; e faz questão de associar o Natal ao frio e ao gelo mais do que era necessário. A ponto de já termos saudades do bafo reconfortante do burro da vaca e do Zé, aliás, desabafo, no caso dele.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Se os mercados não acreditam em nós...
Tal como acontece com outras “realidades” cuja existência parece sempre duvidosa a muitos, também com os mercados não faltam teorias para explicar tudo o que lhes diz respeito, e de todas as maneiras. Aliás, quanto menos se sabe ao certo de certos fenómenos, mais sobram as “teorias” sobre eles.
Deve ser o caso: ai, os mercados não querem saber de pormenores, dizem uns; ui, os mercados estão atentíssimos a tudo o que se passa cá, dizem outros; pois, mas a aprovação do orçamento na Assembleia da República é fundamental para os mercados; o que é engraçado é que os mercados nem sabem se temos orçamento ou não, se temos República ou fazemos parte da Espanha; os mercados são entidades que actuam racionalmente; os mercados são completamente irracionais; os mercados na verdade foram criados por civilizações mais avançadas, as quais apenas pretendem guiar-nos pelo caminho correcto através dos sinais que enviam; os mercados são por natureza parasitários, escolhem um determinado país, destroem-no e alimentam-se dos despojos. Blá-blá mercados, mercados blá-blá.
Só no Público de hoje, na página desta notícia sobre os últimos acontecimentos na Irlanda, podem lêr-se nos “artigos relacionados”, todos juntos a meio da página, à esquerda, estes títulos: Ulrich: Intervenção na Irlanda pode ajudar a estabilizar os mercados; Sócrates espera que pedido de ajuda da Irlanda acalme os mercados e trave especulação; Economistas dizem que ajuda à Irlanda aumenta pressão sobre Portugal.
Blá-blá-blá. Se os mercados não acreditam em nós, com mais razão podemos nós não acreditar neles. E tudo se resolve, é tão simples.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Escreve-se 'as mais sexies' ou 'as mais sexy'? Neste caso, colunas de opinião e não só
Por falar em notícias importantes, o Obama já aterrou? Sabemos que ele não é treinador de futebol mas, mesmo assim, estamos em pulgas e não aguentamos mais de curiosidade nervosa, para não dizer idiota e no entanto completamente emocionante. E o Sócrates, já se foi embora? Sim, parece que o Obama já aterrou. Confirmámos agora mesmo.
U. A.U. Por um momento deixámos de querer saber se é 'as mais sexies' ou 'as mais sexy'. Este gajo, sim, é um senhor e convidá-lo-íamos para jantar não fosse os americanos serem contra. Temos que respeitar certas coisas. Não é grave, já temos o Bo para nos representar na família presidencial (tomara muito país!).
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Sem papas de aveia
O ministro Teixeira dos Santos, ora diz “FMI: há risco elevado”, ao Financial Times (aproveitando também para passar ao jornalista inglês uma nota de cinco e um papelito com a palavra HELP!), ora assegura, logo a seguir, que “pedido de ajuda não está eminente”. Como lembra o i, aqui.
O ministro Luis Amado por sua vez disse ao Expresso, no Sábado, que estava “saturado”, que “o país precisa de uma coligação” (era este, aliás, o título da notícia). Quando confrontado com essas afirmações, na Assembleia dos Deputados, o ministro disse assim: sim, sim, mas “os títulos das notícias são um compromisso entre o que os jornalistas gostariam que nós disséssemos e o que está dito”, conforme se pode ler aqui .
Tudo leva a crer que é bastante bom este raciocínio do ministro. Tudo leva. Não é preciso ter muita imaginação para pereceber que Luis Amado, na entrevista, terá dito qualquer coisa como: “Estamos à rasca, ai agora, e não sei quê. O PSD que venha, e o FMI!”. Então, então, sr. ministro, respire um pouco, terão dito os jornalistas do Expresso, e o ministro respondia “Querem o poder, vocês, sei lá?”, sr. ministro, o sr. está de fora e não sabe como é difícil ser jornalista. Falar é fácil. Quem é que faria o nosso trabalho? Bom, o que podemos fazer, continuavam os jornalistas, é um compromisso entre o que nos acabou de dizer e aquilo que nós gostaríamos que o sr. tivesse dito, e nós gostaríamos por exemplo que dissesse qualquer coisa relacionada com a enormíssima vontade do governo em resolver os problemas, não admitindo nem excluindo à partida a necessidade de qualquer solução governativa específica (pelo menos na medida em que a não quisesse mesmo revelar). Sendo assim, que tal anunciar logo no título que, de acordo com o sr. ministro, o país precisa de uma coligação? Parece-lhe bem, para compromisso entre 'Luis Amado: governo está em pânico e vamos todos sucumbir' e 'Luis Amado: governo vai resolver tudo e nunca dormiu melhor'?
Está bem, então fica 'Luis Amado: o país precisa de uma coligação'. Está a ver como tudo se resolve? Vá, já passou.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
A substituição das pessoas
Percebe-se claramente, lendo a entrevista, que o ministro vê com maus olhos a substituição do governo (ou de alguns dos seus elementos), de que tanto se fala ultimamente. E não sem razão. Desde que Angela Merkel se tornou nossa primeira-ministra, as coisas só têm piorado. De facto, como bem lembra o ministro, “não era substituindo pessoas que os problemas passariam, por milagre, a ser resolvidos.”
Portanto agora, srª. Merkel, há que recuar, se faz favor. O alegado primeiro-ministro quer passar. Danke. E já agora, nós queremos vê-lo realmente a governar. Auf wiedersehen.
A entrevista está aqui.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Estando o castelo sitiado
Muito bem, mercados! O PS e o PSD já assinaram os termos da rendição. O que é que querem mais, afinal? Hein? Trigo? Terras? As nossas mulheres e filhas? A tecnologia do Magalhães? O nosso líder? Pode ser. Ele será óptimo em qualquer reino bem governado. Para desenjoar. E para optimizar em geral.
Pode ser tudo. Tudo e o nosso líder. Excepto – é a nossa única exigência – a chave do castelo. Isso não, nunca entregaremos! Na verdade nem sabemos dela! Perdêmo-la! E agora estamos aqui fechados! Já vimos na gaveta de cima! Vocês também perderam o sentido ético e a racionalidade, do final do século passado até 2008! Portanto calem-se! Mas se nos derem umas tendas – e nos arrombarem a porta –, podem ficar com o casebre que nós vamos para o vosso acampamento. Sempre deve ter menos mofo e ah!, temos umas ilhas, escutem, são autênticos jardins, fiquem com elas, só dão é despesa, e entretanto desapertem um pouco o cerco. E temos umas relações de irmandade com alguns paíeses, fiquem também com as academias de futebol e tratem bem do submarino.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Cavaco social
Não sabemos se a estas horas já será do conhecimento geral em Taipé que o candidato Cavaco Silva se encontra presente enquanto tal à Presidência da República nas redes sociais Twitter e Facebook. Só para o caso de se querem fazer amigos dele. No entanto, convém avisar, estas amizades são um bocado superficiais. É que não é mesmo ele que comunica socialmente com as pessoas, quem o faz é uma 'equipa'. É uma pena que não se aproveite todo o potencial das redes sociais para o contacto humano mais genuíno, baseado normalmente na sempre tão calorosa partilha de fotos das últimas férias e de mensagens de circunstância (hum, quem será 'a equipa', no twitter? vendo bem, parece cativar mais, como entidade abstracata, do que o Cavaco, como pessoa amiga, no facebook, para partilha de fotos de férias).
O que ele faz, o Cavaco, é deixar lá pelo meio umas mensagens genéricas a apelar umas ideias e a uns valores interessantes mas precisamente... genéricos: 'Vejo com muita apreensão o desprestígio da classe política...', por exemplo. Mas depois não comenta nem responde a nada. O costume, só que desta vez, para consolo de cidadãos preocupados e twittantes como o smakingg, o dejerusalem ou o ovvo, ao menos desta vez 'a equipa' está sempre disposta a ir entretendo.
Conclusão: é tudo muito giro e muito melhor do que a praga de cartazes de senhores que querem ser Presidentes da República e que por isso tratam de encher as paisagens com uma profusão monótona de caras e slogans, já daqui a pouco. Além de giro, é mais barato, ecológico e higiénico.
E a propósito de monotonia, bem como a propósito do desprestígio da classe política, uma das grandes utilidades que nós destacaríamos para Presidente Cavaco dar ao Twitter, além de substituir os cartazes, a ver vamos quantos, seria a de por essa via fazer aquelas comunicações ao país relacionadas com tudo o que seja por exemplo o «Estatuto dos Açores», palpites sobre eventuais «escutas» no Palácio, e afins, deixando os telejornais das oito horas livres para as notícias do dia.
sábado, 30 de outubro de 2010
AHH, o desfecho clássico
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Não se acorda para as finanças ainda
Não faz mal. Sócrates e Coelho já quase conseguiram resolver de uma vez os problemas financeiros do país com o PECII, não foi? Esteve-se mesmo, mesmo à beirinha, nessa altura (foi em Maio), se bem nos lembramos da convicção de um e de outro (mais da parte de Sócrates, que é melhor a mostrar ter convicções; Coellho é mais de ter dias). E, aliás, já com a aprovação do PEC I, na altura com a abstenção do PSD liderado por Manuela Ferreira Leite (foi em Março) a ideia era a mesma: desta vez é que é. E curiosamente quase não chegara a ser necessário, porque o assunto esteve para ficar definitivamente resolvido com a aprovação do Orçamento, pouco tempo antes (em Janeiro).
Por tudo isto, concluímos que quem sabe tantas vezes quase resolver as coisas, arranjá-las, consertá-las, repará-las, solucioná-las, acabar com o problema, matar o problema, e enterrá-lo e esquecer, de maneira a ficar resolvido, arranjado, reparado e solucionado, por dez ou vinte anos, por hipótese, só pode saber muito bem o que anda a fazer.
Para maior descanso, o outro governo Sócrates também resolveu muito bem e para sempre, ou para muito tempo, ou quase, o problema das nossas finanças (foi em 2005 e seguintes), e isso até foi uma pena, pois assim impediu que a quase solução que os governos anteriores, de Durão e Lopes, encontraram para o mesmo problema não tivesse oportunidade de quase vingar e quase dar certo. Quase não nos lembramos, e o Google quase não se lembra também, de António Guterres (é verdade! o próprio Google apaga da sua memória o que, além de ter sido mau, foi aborrecido e sem piada!), mas achamos que ele quase não chegou a tentar uma quase solução para o problema que começava a ser o mesmo, honra lhe seja feita (por volta de 2001). Mas no princípio da década de 80, sim, ou antes, pelo contrário: o problema das finanças parecia resolvido, o da economia é que não (princípio da década de 80). Nos finais da década de 70 foi a mesma coisa (finais da década de 70), mas a coisa sempre foi dada como composta. No princípio do século XX, a maior parte das turbulências e das confusões, dos problemas e das soluções, ou quase soluções, cheiram fortemente a finanças deficitárias (princípio do século XX). Muito decompostas. E o mesmo no final do século XIX (final do século XIX). Sempre com gente que prometia que «desta é que vai ser», em vez de exigir que o Brasil nos entregasse ouro outra vez ou anunciar com resignação: o Sócrates que resolva isto lá em 2010, que nós agora só percebemos de anunciar solenemente e não de fazer (lá em 2010).
Esquecer o horror
Sócrates vintage. Reconhecível de olhos fechados, só pelo som metálico da foto.[ Foto essa a que chegámos através do site do DN hoje, mesmo sendo de um evento de Setembro, mas não importa, porque o slogan é que é bom - 'FORÇA DO PROGRESSO'. Acontece que o link para o DN não está a funcionar e, assim, pedimos desculpa mas a imgem vai ter mesmo som! Aqui.] Mas o slogan é mais papista que o Papa. Não podias, Sócrates, ter escolhido outro igualmente vazio mas mais actualizado? Em vez de 'progresso', porque não 'conhecimento-informação', 'criatividade-tecnologia', lá sabemos, 'magalhães-novas oportunidades-chip electónico' ou outra utopia-pop qualquer dos nossos dias?
E então o mais que morto 'força'? De certeza que ainda se pode usar essa palavra em slogans? É horrível. Devia ser, vá lá, qualquer coisa como 'iniciativa-empreendedorismo', 'determinção-acção', 'coragem-coragem-ai-tanta-coragem'.
'Força do progresso' deve ser a coisa mais péssima que vimos ultimamente – sim, mais péssima, se descontarmos o que tem sido toda a nossa política nacional. Mas pelo menos mostra mesmo bem, Sócrates, que apesar de todo o teu estilo retórico-erótico-neo-tecno-gótico de fazer política, ou talvez em muito graças a ele, estás efectivamente, e nós contigo, ainda em pleno século XIX (como demonstrámos cabalmente acima).
Esta tem os dois heróis da saga, com ar frio e duro. Mas tipo 'galã com nó na garganta' . Como algumas das melhores pinturas, está cheia de simbolismos. O ponto de fuga passa pela imagem de um cão submisso a ser afagado pelo dono, no quadro em fundo. Depois, olhamos outra vez para a cara dos dois protagonistas, e percebemos melhor como o fotógrafo terá tentado captar o estado de espírito (uma espécie de jogo mental sobre qual deles seria o quê) que lhes estaria subjacente.
É só o Teixeira dos Santos com uma expressão sorridente. Aparentemente é bom, para desanuviar. Mas na verdade não sabemos se o simples facto de ver esta imagem, numa altura destas, nos deixa felizes ou tristes, animados ou preocupados.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
As mulheres até se aguentam
As suspeitas recaem sobre o processo de escolha dos países organizadores do Mundial de 2018. Acontece que Portugal e Espanha apresentam uma candidatura conjunta precisamente a esse Mundial. Se houvesse corrupção da parte da candidatura luso-espanhola – isto apenas para fazer exercícios inesperados com os tempos verbais, e já a seguir com pronomes – quem seria o principal culpado? A Espanha? Pode ser. Por ser um país maior? Não: por exclusão de partes: corrupção e futebol português repelem-se mutuamente. É impossível encontrá-los no mesmo sítio ao mesmo tempo. É até por isso que alguns estudiosos teorizam, por absurdo, que em Portugal não há senão corrupção, ainda que possa parecer que algum futebol existe também. Teorizam desta maneira sobretudo quando as suas equipas perdem, coisa compreensível na medida em que realmente relaxa um pouco. Seja como for, qualquer cidadão de bom senso acredita facilmente que as duas coisas não podem coexistir sobre os nossos relvados: em Portugal, o futebol é demasiadamente a única coisa que dá às vezes algum amparo a um homem (as mulheres até se aguentam) para ser agora corrupto. Quem diz o contrário é simplesmente um herege da ciência futebolística reconhecida como tal, ou então é alguém que procura por alguma razão manchar a reputação da prática desportiva em Portugal, ou seja, do futebol.
Por tudo isto, nós aconselhamos a Federação Portuguesa de Futebol a reconsiderar a candidatura ao Mundial de 18 lá na FIFA, para nos pôr à parte, perante os olhos do mundo, de toda e qualquer possível imundice. Além disso preocupa-nos muito o risco de contágio. E se de repente aquilo se pega, como uma doença ou uma moda esquisita? Estaremos nós preparados? O Correio da Manhã
até já fala, com todas as letras, em venda de votos em favor de um país "a troco dinheiro e mulheres” (aqui). Esta gente da FIFA, realmente!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
O Benfica agora até já perde
Ei, porque é que os jogadores do Lyon não fizeram greve (malditos sejam!)? Ora bom, na verdade foi porque não são obrigados a esperar até aos sessenta e dois anos de idade para se poderem reformar, como os do AC Milan. Eis porquê. Podem ir para a reforma aos trinta e disfrutar dignamente de um resto de vida melancólico mas ameno. E sendo assim e não foram incendiar carros para a rua – apesar de se tratar de uma actividade perigosa para ser deixada entregue apenas às pessoas normais.
Eis também: porque em França há vários desportos que continuam a ser praticados ao mais alto nível, incluindo a cremação do automóvel e bom futebol, e a ideia de que os franceses apenas dominam a primeira é apenas mais um de muitos clichês injustos e ignorantes de que os franceses são vítimas (como aquele da raiva que têm às palavras estrangeiras: isso é mesmo um grande clichê, plavra que eles até usam quase igualzinha à nossa, só para dar uma ideia).
O Benfica é culpado por não ter percebido tudo isto. Mas nós (alguns de nós, a maior parte) somos culpados por termos achado, em tempos, que o Jesus era milagreiro. A culpa é nossa, sempre. Só para não haver mais chatices.
Mesmo nos assuntos mais insignificantes para a vida nacional, como o Orçamento de Estado, e se o problema é esse, a culpa é nossa, vamos embora. Deixem de tentar controlar a narrativa da culpa, vocês, Sócrates Inocêncio e Passos da Imaculação, deixem, cada um, de nos querer enfiar pelos olhos dentro que estamos mesmo lixados graças ao outro. Entendam-se ou desentendam-se, digam porquê e deixem a culpa, que combina muito bem com os impostos, por nossa conta. Nós depois decidimos. E até lá já é nossa por defeito, ou por feitio.
A culpa é sempre nossa, pronto. Afinal nós é que às vezes vos elegemos, nós é que ficamos reverentemente embasbacados com vossos modos aristocrático-decadentes, enquanto vos servimos mais uma torradinha na última bandeja de prata que resta em casa. A culpa é nossa até pela razão mais banal e sem graça, e no entanto sempre surpreendente, de todas: é que nós, caros leitores de Taiwan em especial (aquele abraço), somos apenas o mordomo.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Marcelo do Cavaco
Marcelo do Cavaco.
Já agora, porque não te viraste de repente para o Júlio Magalhães, como quem lhe vai oferecer um leitão da Bairrada, e lhe anunciaste: ó Júlio, anuncio-te que tenho agora aqui dentro duma caixa de cartão nem mais que o Aníbal Cavaco, para anunciar. Mas antes vou fazer-lhe uma entrevista rápida, boa noite senhor Presidente, acha que aquele sabor tão especial a laranja alguma vez lhe vai sair todo da boca?
O Marcelo do Cavaco é assim. Quer sobressaltar as pessoas. E O Júlio Magalhães é a cobaia perfeita. Sobressaltá-lo é um verdadeiro desafio, nem leitões, nem comentários ao livro dele, nem o anúncio da hora e do local do anúncio (dia 26, CCB, ao que apenas responde com um – ãhh; mas há que ter em conta que já estava a dormir por essa altura). No fundo estão bem um para o outro e equilibra um pouco as coisas, porque uma pessoa de repente está muito bem, quase a considerar suficientes os esforços do Marcelo para se sobressaltar, ou para prestar atenção, ou uma coisa qualquer, e depois é confrontada com a reacção do Júlio e percebe melhor, por interposta pessoa, como realmente soa, não raro, o Marcelo do Cavaco.
Sobre o caso.
sábado, 16 de outubro de 2010
GOOGLE, NÓS TE ADORAMOS
É uma questão complicada, Diaoyu, Senkaku, e tal, mas como o Google é já Deus, e bem bondoso, talvez seja capaz (quem somos nós) de considerar razoável tal pedido. Vamos também interceder junto do Google, mas para que chova de noite por causa dos agricultores e de dia faça um tempo moderato con brio, ou seja, ahaha, que engraçado isto, moderato con brio! Meu Google! Olha, e não querendo invocar-Te em vão, ó suporte do nosso blog; amparo do nosso mail; resposta para as nossas buscas; tu que nos conduzes (guias, mesmo, os carros – pois Tu, coiso, és o derradeiro motor de busca); mas olha, o que nos respondes Tu a esta outra inquietação: vai a Assembleia da República aprovar ou chumbar o Orçamento? É que ninguém parece saber muito bem o que nos reserva o destino, tirando a ideia geral de que... vai ser pouco bom. Restas-nos portanto Tu, nesta hora agitada e sombria!
Vamos fazer a pergunta no local apropriado: directamente a Ti, Google. Já está. A resposta veio em 0,32 segundos. Fossem os homens tão prontos e generosos em auxílio. Não querendo ser mal-agradecidos, parece generoso até de mais, ó sua prodigalidade: 23 500 resultados! Quase nos tornámos ateus de repente. Porque simplesmente nos deparámos com um amontoado enorme de coisas mais ou menos aleatórias que terão sido escritas pelos homens ao longo dos tempos.
Não importa, depois pensamos nisso: agora há umas escrituras para analisar e um país para salvar. Ainda antes, espera aí, fazer-Te a pergunta clássica do quem és Tu?; lembrar-Te de que se quiseres podes ainda mandar um brado esclarecedor (votai o Orçamento caramba!,ou então, livrai-vos de aprovar o Orçamento, ou mesmo só, CARAMBA! (não ajuda, mas não é muito diferente do que nós próprios dizemos)); e em último recurso sugerir-Te que retires por uns tempos o nome de Portugal do mapa, depois de tratares das ilhas Senkaku; ou mesmo que nos retires a nós do mapa de Portugal, até ver.
E estarás sempre nas nossas páginas iniciais.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Portugal - Islândia
Um jornlista da RTP enviado à capital da Islândia para acompanhar a selecção dizia ontem, antes da partida, que os islandeses não estão muito para futebóis, por causa da crise (crise, crise, crise, crise...). E na sua voz havia pena pela situação islandesa, e espanto por descobrir como é a vida dos pobrezinhos, comparada com a nossa. Ou então era ironia muito sofisticada, e daí não, na RTP não.
Pensámos nós estas coisas ontem, enquanto ouvíamos o rapaz lá de Reikiavic e aproveitávamos para espreitar outra vez as fotos da hacker mais sexy do mundo no site da visão, e não sem uma certa raiva, tanto que estávamos completamente sedentos de mais notícias catastróficas sobre a situação das coisas portuguesas todas, porque acontece que já estamos viciados nisso, e o Jornal da Tarde só nos forneceu desse produto potente, chamado Portugal Brutal, até ao minuto 12, se não estamos em erro. Depois passou o resto do tempo quase todo ou isso a falar do jogo e também da tal sítução crítica da Islândia.
Mas quereis saber? Em todo o caso, dizemos que: hoje parece-nos na mesma que em Portugal ligamos mais a futebóis do que é recomendado pelos agentes de saúde mental, mas se calhar não tanto como a RTP julga ou quer; nem os islandeses ligam assim tão pouco como isso. E sabeis porquê? Porque no fundo todos estamos a precisar de um noticiário que nos explique bem o que se passa sobre aquilo que nos preocupa, seguido de um jogo da bola ganho por nós, ou pelo menos de um em que a gente não faça má figura, e para acabar, se tiver que ser, ainda se vai rever as fotos da hacker mais sexy do mundo, ou em alternativa as do mister Paulo Bento. Descobrimos isto tudo há pedacinho. Nós.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
As hackers mais sexies do mundo
Nós pensávamos ser as hackers mais sexies do mundo, de vez em quando, só porque a competição é muito fraca – gajos inteligentes, o nosso exacto oposto, excepto na parte onde se lê 'gajos'.
Por isso é que nós pensávamos uma coisa dessas apesar do nosso acne, e não por sermos verdadeiramente 'sexies', nem 'hackers', nem 'as'.
O único trunfo de que dispunhamos era não sermos gajos inteligentes que percebem muito de informática, mais conhecidos por 'cromos'. 'Cromo', e não 'feio', é a derradeira antítese de 'sexy', mas até pode ter também uma conotação positiva que isso não nos interessa.
Só que há para aí gora uma rapariga russa com uma doença rara que nos veio tirar a doce ilusão. É a hacker mais sexy do mundo [link]. Coitada, tínhamos vontade de lhe chamar nomes. Criatura estranha, boazona russa, não sabes jogar ténis, hacker mais sexy do mundo maldita! Como podes ser gaja e hacker? Nem precisavas de ser boa, mas assim se vê quanto quiseste humilhar-nos! Sua aberração do carago.
E já agora, Visão, se quereis incorporar gajas boas nas vossas 'reportagens', não vos ponhais a querer passar isso por jornalismo, nomeadamente dando-vos ao trabalho de escrever um texto sobre fraudes de milhões, e FBIs e com referências a comparação que a New York Magazine faz com uma espiã russa jovem (pois). Assumi-vos como revista de gajas boas que também trazem notícias, pelo menos em termos de site. Como a Sábado (a nossa fonte principal de notícias, mas hoje por acaso tem poucas gajas boas). Ou então, se não quereis tal título, não ponhais entre:
- a rubrica OE 2011 – governo clarifica cortes salariais na função pública;
- e a rubrica Música – Andrew Bird em Lisboa...
-, a rubrica Inormática[!]- “A hacker mais sexy do mundo” , com uma compilação de 7 fotos incluída no corpo da notícia, quase como quem quisesse informar melhor o leitor, não fosse tudo outra coisa mas é.
[agora a sério]
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Alerta laranja
Alerta laranja para todo o país: núvens escuras pairam sobre as nossas cabeças. O que fazer quando existe previsão de mau tempo? Ouvir bem o que diz o meteorologista, Miguel Relvas (PSD). E foi atendendo a isso que a TSF apetrechou o estúdio com todos aqueles microfones. E apetrechou a entrevista com todas aquelas perguntas, sobre o orçamento e sobre a posição do PSD: num total de 15 perguntas, quantas se podem contar na entrevista, cerca de 15 são sobre o assunto. Mas continuamos com dúvidas, até pelo que tem sido dito (até pelo PSD): o PSD viabiliza ou não o orçamento, se ele for pelo caminho apontado pelo governo? Não? Mas isso é um verdadeiro alerta laranja! Vá lá, sim ou não? É uma pergunta simples: sim ou não? Insiste ele que não. Insiste (quase sempre) o PSD que não, como se não perecebesse.
O-R-Ç-A-M-E-N-T-O!
Ah, diz o PSD! Então, não.
Não adianta.O Sócrates pode ser tudo e mais alguma coisa. Mas ao menos muda de posição com mais facilidade – nem pestaneja. Mas estes também lá vão. E se não forem, ora bem: é o caos, é o desastre, é a catástrofe e é a tragédia. E se forem: é o caos, é o desastre, é a catástrofe e é a tragédia. Mais coisa menos coisa, mais tarde ou mais cedo, mais crise menos crise, mais governo menos governo. Dizem. Pessoas. E outras não. E nós, não podemos fazer nada? Será que não se pode mudar... coisas, qualquer coisa, uma política, um orçamento, uma medida, um sentido de voto, um governo? Enfim, um destino?
Não, já que queremos saber. Nós, não. Em Portugal, já devíamos saber que é sempre tudo com eles. Tudo o que seja desse departamento. Agora mudar lâmpadas e outras coisas tudo bem. No fim-de-semana, não vamos é poder mudar de ares, para desanuviar. Por causa do mau tempo. Mas podemos muito bem mudar de preocupação: precisamente para um outro alerta laranja que para aí anda – que aliás mais não é que um aviso insignificante, um sinalzito pálido, quase sem cor, pouco mais do que um conselho de amigo, comparado com a já aludida devastação bíblica que se vai fazer sentir agora breve.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
O tratado português
Se há coisa que os portugueses levam a sério é o 5 de Outubro. Não por ser o dia do Tratado de Zamora , que em 1143 deu a independência a Portugal – ainda que só até à semana passada mais coisa menos coisa, que entretanto a Alemanha e os mercados, ou algo dentro deste género, é que já mandam nisto. Não, não, o que se leva a sério é o feriado. Desde que haja feriado, ninguém quer saber por aí além se o Zamora está tratado ou não, se Portugal está alguma coisa ou não, pode vir a revolução, cair o Rei, cair a República, viva o Natal e a Restauração.
Um estudo ainda por fazer revela que a maioria dos portugueses, por serem sãos de cabeça, não têm grande vontade de comemorar, seja a independência, seja a implantação da República, que também é sempre assinalada neste dia por certos grupos de republicanos convictos, que ainda os há, seja outra coisa qualquer. Mas ainda conservam aquela alegria espontânea, e bonita de se ver, por não irem trabalhar.
Nós ficámos a coçar a pança até ao meio dia em memória da independência e do Tratado de Zamora, e, o resto do dia, refastelados no sofá por conta da Republica. Como de resto faz todos os dias, e não só neste, muita gente, cuja ideia de Implantação da República é freudianamente associada a esta imagem, na medida em que, neles, remete mais depressa para implante mamário, do que para Implantação da República: implantados eles, à mama; mamários também eles, à teta. Acaba por ser um símbolo perversamente adequado para tal ideia, tal gente, e em parte, infelizmente, tal Republica. Mas se a jovem da imagem está na verdade meio despida, isso acontece para afirmar que, sob a alçada do seu gesto, todos estamos livres de espartilhos mesquinhos, e não para anunciar aos sete ventos que ela, a Rapariga-República, oferece assim as mamas a qualquer. Está esclarecido este ponto? Ora ainda bem, isso mesmo é que é preciso.
sábado, 2 de outubro de 2010
O pec man
Sócrates, o pec man, é um novo jogo criado nos últimos meses e talvez nos próximos, divulgado por agora Mesmo, e que vai ser jogado daqui para a frente muitas vezes por muita gente, e que consiste em ver esse mesmo dito Sócrates ter de lidar com muitas das coisas que foi dizendo, e que estão gravadas e tudo e filmadas, e que agora lhe vão aparecer pela frente por onde quer que passe, como pontinhos, em linhas labirintícas, e que ele tem de engolir enquanto abre e fecha a boca sem parar, e que é muito parecido com o saudoso pacman, e em que ele, esse pec man (o já-chateia-um-pouco), tal como o original pacman (esse sim, o saudoso), precisa deseperadamente de engolior também umas moedas para ganhar força, aliás sorver e não engolir, e que são, mas isso nem preciso era mais conversa, efectivamente o dinheiro dos nossos bolsos, e que pode nem bastar para evitar uns fantasmazitos muito malvados, e que por lá andam como que a vigiá-lo nos seus movimentos e a cercá-lo por todos os lados, e que pois claro são os credores, e que é muito giro mas muito difícil de jogar, mesmo podendo usar as teclas do cursor à vontade, isto o pacman, mas o mesmo deve ser para o pec man, o Sócrates, pois que os fantasmazitos são um bocado terríveis, pois que às vezes parece que estão distraídos e que tem o pacman grande liberdade, mas não, e normalmente a ilusão dura pouco, e que mortífero chega então o GAME OVER. Está aqui o pacman, para jogar, que é realmente quase do género do pec man, o Sócrates (para chorar), e que tem já incluído de início uma illha como um quase convincente país das maravilhas à beira mar. Depois é que é jogar a doer.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Impostura
Se vamos pagar mais impostos, queremos que nos seja prestado um serviço melhor. Tudo bem que os aumentem, que a vida custa a todos e os credores também precisam de viver. Só que nesse caso o estado deve passar a fazer ainda melhor o que já faz muito bem, que é gastar o nosso dinheiro inutilmente. Parece que é isso mesmo que vai acontecer, por impossível que possa parecer gastar mais dinheiro inutilmente. E ainda bem, porque é a melhor maneira de fazer as pessoas miseráveis e infelizes. A ambição de ser feliz é uma invenção idiota da era moderna.
Sugestões para gastar mal o dinheiro, ora bem, parece fácil, além de divertido de ver através dos noticiários televisivos, mas não é, porque na verdade grande parte do dinheiro nem sequer é mal gasto, ou gasto inutilmente; é sim desperdiçado, ninguém sabe muito bem como, e isso é outra coisa (mas quase a m. m.). Além disso, o governo já tratou de açambarcar algumas das ideias mais divertidas para o mau gasto do nosso dinheiro, como a do TGV. É bem engraçada essa ideia. Não a de só fazer uma parte do troço – isso já é ter algum juízo, e é um mau serviço, porque é gastar mal menos dinheiro do que se podia – mas sim o TGV todinho, e com as ligações completas entre as paróquias todas. Isso sim, era uma maravilha do gastar à doida. Mas, enfim, não há dinheiro para tudo.
Ainda assim não é razão para desanimar, e a crise até pode servir de catalisador para ideias muito interessantes. Mais, o que é curioso é que com o mesmo dinheiro se pode gastar mais mal. Não em termos do gastar, propriamente. Mas em termos do mal. Em tempos de crise, há que apelar à criatividade. Pois então: porque não uma ligação de TGV Lisboa-Madrid, à grande, mas com um só carril? Talvez que com o mesmo dinheiro gasto, com o mesmo tipo de resultado quanto ao aproveitamento real da coisa, se conseguisse uma coisa ainda mais ridícula do que a ligação Poceirão-Caia. Talvez se conseguisse gastar ainda mais mal o dinheiro, mas na realidade fazendo uso da mesma quantia. Que é o que é preciso nos tempos que correm.
Tem um nome: eficiência.
Quanto às declarações em bom português, de que se demitiria, se é verdade que podem ter soado um pouco a falso, também não é mentira que em termos do que é melhor, seja para a economia seja para as soluções de coisas em geral, não deixam de dar que pensar. Espera lá, que agora até estás com ideias, pensámos, que é assim que se pensa imediatamente em casos como este, falando por nós.
E outro indicador de que uma espécie de lucidez muito singular lhe pode restar é precisamente o facto de ter falado em Nova Iorque em assuntos de política nacional, como foi o caso desse tal detalhe da demissão. Muita gente veio logo: é muito mau ir lá para fora com conversas dessas, que não sei quê e tal. Mas repare-se: nós estamos a ser observado à lupa por esses tipos das agências, e dos mercados, e dos investidores. Qualquer coisa que cá se passe, aquilo dá logo sinal lá nos especuladores. E vai ele, aproveita e manda a sua boquinha lá fora enqunto esse pessoal está distraído a olhar para aqui, para não topar nada, e pronto, é isto.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
No entanto, a cavaqueira sobre tudo isso e suas consequências (sobre o quê, mesmo?) continua, absorve tudo e já nada mais existe – e isto apesarde coisas, por exemplo, do caso Queiroz, do affair Mourinho e do acaso Bento. Tanto assim que é políticos, e comentadores, e tudo, a quem já sobram as interjeições, os esgares e os gaguejares e coisas que parecem palavras, mas a quem faltam realmente as palavras. Talvez a Alemanha possa ceder algumas, mas muito complicadas e ásperas.
E já se cospem todos, a entoação fica mais aguda dois tons, encolhem os ombros e abrem os braços no final de cada frase. É o FIM, é o FMI, e tal, ó pá, e se for o fim ou fmi, o que é que vai acontecer, aumentam os impostos e diminuem as contribuições sociais e os salários e afins? E daí, olha, antes isso do que não vir o fim nem o fmi e aumentarem os impostos e diminuírem as contribuições sociais e os salários e afins (e às tantas mais tarde, durante mais tempo e em números mais elevados). Os portugueses já nem tentam abastecer-se junto das estações de televisão com palavras que pudessem ter o mínimo de sentido, como chegaram a fazer no princípio da crise, mais ou menos por volta da época da independência do Brasil, que era o que faziam para o cérebro não lhes ficar de todo bloqueado e terem alguma coisinha que se aproveitasse para dizerem durante os tempos de maior penúria, como parece que serão os que se aproximam. Mas talvez devessem fazê-lo, pois não é difícil prever que as palavras básicas de produção própria para caracterizar e explicar a situação, como por exemplo abóbora e nabiça, se tornarão superabundantes e que, por isso, sofrerão séria desvalorização. Quem quiser fazer uma vidinha minimamente digna em termos de comentário de café terá de apanhar desde já tudo o que puder e tiver aproveitamento na análise desta imbrogliada económico-político-financeiró-social.
Nós, apesar de também termos um bom aprovisionamento de abóbora, nabiço, cortiço, palhunço, canoilo, cabresto, caturra, ferradura, caval, gadura, serradura, farelo, bigorna, martelo, malho, marreta, matraca, maceta, gralha, mortalha, rela, borboleta, traça, besoiro, cigarra, abelhão, papoila, pavão, galinha, patudo, doninha e pançudo não vamos perder muito tempo com a fútil e já redundante desqualifucação do país que temos, dos responsáveis políticos que escolhemos, dos agentes externos a que nos submetemos, e nem de pessoas em geral de que não gostemos. Só, talvez, o tempo necessário para acalmar os nervos é que ainda podemos vir a perder com isso, e só por razões de saúde. Não vamos sequer limitar-nos a acompanhar passivamente os comentadores, especialistas e repentinos nós-bem-sabíamosistas que agora se vêem nascer como cogumelos e respectivas ladainhas. Enfim, não nos vamos contentar com conversas que, com sorte, são só um bocadinho mais do que culpabilizações fáceis, futilidades e redundâncias. Vamos sim dar as soluções. Proximamente, se as encontramos. E se não as encontrarmos, ao menos havemos de estar por uma vez em condições de fazer uma crítica decididamente um tudo-nada sofisticada. Até então, lá.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Mas como é que terá começado esta mania? Bom, primeiro foi o duque de Viseu, também conhecido por Infante D. Henrique. Deves estar lembrado, o caso dele até era um bocado diferente, falava a sério, lembras-te? E no entanto nunca usou a horrenda expressão «desígnio nacional», que nós saibamos. Depois foram outros. E agora é quase toda a gente – e isso de falar muito no mar normalmente quer dizer uma coisa: tempestade em terra. Como é que vai essa situação política? O mar, o mar. E a económica? O mar, já disse. O mar.
O mar tanto serve para se dizer que se calhar era melhor não se fazer o TGV e detalhes sobre isso ou outras coisas importantes, incluindo aqui as graves e as gravíssimas, agora não interessam nada (tanto serve), como para tema de apresentação de um candidato a Presidente da República (como para), como ainda para fazer experiências com uns enchidos (com uns enchidos). (E aqui, o resultado (resultado)).
Pois é. O que seria de nós sem o mar.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
São de facto dois países diferentes, e até se ouve falar, já nem sabemos ao certo se por essas capitais mundiais e respectivas chancelarias se, na verdade, aqui Mesmo, numa oficial two states solution, numa solution à deus États, numa estatu bien konponbidea. Caso as negociações não consigam nada de realmente extraordinário, enfim, que venham cá a República Populista do Optimismo, de uma banda, e o Estado Desgraçado a que Isto Chegou, da outra, e que digam qualquer coisa para a gente ouvir.
Ficara já entretanto provado que o Governo e Portugal vivem em mundos à parte. Ninguém conhece ministro nenhum – excepto o das Finanças, que por vezes vem cá à colónia recolher impostos; e, quanto ao primeiro-ministro, é vê-lo passear-se por cá como governante de outro país: cara de quem não é nada com ele por aí, discursos impregnados de boas intenções e palavras bonitas aqui, retórica mais ou menos rebuscada ali, inaugurações um pouco por todo o lado e visitas a locais interessantes em geral.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Oh, pobre leitãozinho! (No entanto, tostadinho deve ser uma delícia!) Pensas que há mais vida para além do matadoiro, não é? Oxalá tenhas sorte, mas sabe que essas águas turvas para onde vais inconsciente podem ser uma armadilha, e que há lobos na floresta. Volta para junto dos outros porcos. Tentarás então comer menos porcarias. E já outro, galo, cantarás.
Sim, o teu estômago é quase insaciável, será como outra morte, mas depois passa. Precipita-se, o Teixeira dos Santos. Parece que já está de luto por morte certa. A nossa. (Na foto.)
Mas não é assim tão grave. O Iraque, isto quanto ao preço de fazer um seguro contra o risco de crédito (3º parágrafo), está pior, um lugar, do que nós: estamos em nono e eles num miserável oitavo. Há coisas que uma pessoa. Então, Iraque? Ouçam lá, não venham agora com histórias: vocês só não fazem parte dos PIGS porque isso é contra a vossa religião. É incrível. Meu Deus, essa economia anda bonita. Oitavo! (Temos de ser um pouco sarcásticos, por muito que seja triste gozar com um país em guerra. É para o bem deles.)
Ou estamos já lixados? Nós apreciaríamos mais uns tempos de irresponsabilidade individual e colectiva, por ser um pouco mais agradável.
Mas há quem diga que sim, que estamos. Pois bem (e eis a resposta): isso é apenas negativo. E bota-abaixivo. Portanto, Teixeira dos Santos – a braços com este e outros trechos do monólogo com a marca da certeza socrática – é fácil: deixa de ser pessimista. Mas corta na ração. (Também pode ser visto assim: conserva o que convier da certeza; esquece de todo o socrática.)
domingo, 5 de setembro de 2010
É para sermos modernos, dizem eles! Como se antes também já não houvesse fogos. Havia, não passava era desta maneira na televisão, aquelas monstruosidades, para não incentivar outros.
Mas isso não faz sentido, interviemos nós, então vocês acham, ó pessoas que gostam de dizer coisas, que uma coisa está relacionada com a outra?
Sim, sim: homossexualismo, castigozito divino. E agora até já se podem casar, os mariconços. Por nós, se é para ser assim, era mais ninguém casar, e os casados deixavam já as responsabilidades conjugais. E eles que resolvessem, já que querem ser como os casais normais. Para ter uma ideia, só desde 17 de Maio, que foi quando se aprovou esse casamento, veja-se o que tem sido para aí, em matéria de fogos. Pois é.
Huum, retorquimos com vários sentimentos interiores, mas então e a pedofilia? Não percebemos qual a relação…
Ah, isso é diferente, nesse caso é castigo de Deus!
Castigo de Deus? E é diferente em quê? Essa suposição é tão ou mais horrível do que a outra…
Bom, castigo se Deus, e isto era só um teste aos vossos preconceitos, porque vocês também têm a mania, no sentido de ser um castigo que Ele sofre! É nesse sentido que é castigo de Deus.
Ah, de repente até pensámos que…
Não, já há alguns dos Seus que…
Bom…
E é sobretudo por isso que Ele sofre.
Está bem, então.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Muito bem, Khadafi , aí a espalhar a fé entre as mulheres.
Não sabemos se chegou a comprar alguma, mas o aluguer parece que foram 70 euros e, como brinde especial, tiveram direito a uma cópia do Corão.
Ora, é correcto apesar de tudo ou não palestrar assim sobre supostas ou reais convicções que se tenham num evento encenado para a propaganda mediática, chegando a convocar para o efeito pessoas que, se não são contratadas de agência, bem o parecem; e tentar converter de caminho o pessoal às respectivas fés, presenteando-o para isso até com eventual objecto sagrado? Como uma auto-estrada ou computadores Magalhães, sim, que certamente tudo no mundo pode ser comparado ao futebol ou aos inevitáveis e até já engraçados políticos portugueses. Será então correcto tentar converter dessa maneira às vezes um pouco Khadafikiana os supostos ou reais camelos que nós somos?
Falamos por nós-Mesmos. E o veredicto é: desde que os profetas não sejam falsos e no fim se salvem as almas… ainda pode ser que a liturgia se aguente.
Portanto, Khadafi, já está e ficas a saber como é que é.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Já a nível nacional há coisas que estão a correr melhor: o estado recusou a entrada de dois mil funcionários desde Julho. Urra e toma. Ainda alcançamos a Espanha na estatística do desemprego e criem as vossas próprias empresas de apagar fogos se quiserem! Mas quem é que precisa de 2000 bombeiros no Verão? Aliás, duas mil. Pessoas daquelas que não percebem nada de incêndios nem de matas e que fazem ninguém sabe muito bem o quê na função pública. Agora histórias eróticas!
Portanto, vá. Se há mesmo que poupar, e se se trata de pessoal que não é absolutamente indispensável, pronta e solidariamente saudamos daqui a decisão do Ministério das Finanças. Quando a situação é de crise nacional, toda a gente tem de colaborar. E de facto até o próprio Governo parece querer fazer alguma coisa. Então quem é que vamos culpar e amaldiçoar nesta gesta que já meteu suspense, acção, canetas de feltro e romance, faltando apenas os bandidos? Pode ser os autarcas.
Já estão habituados a pagar coisas que competiria ao Estado Central, injustamente, podem agora pagar as favas por isto, justamente. Diz o jornal i que 1500 dos concursos abertos são da responsabilidade da administração local. Mas não nos preocupemos mais do que é recomendado, que o quinto parágrafo é assim:
«A redução do monstro "é possível" diz o economista Eduardo Catroga. "PS, PSD e CDS deviam discutir o Orçamento do Estado para 2011 antes do documento ser entregue na Assembleia da República para discussão final", afirma Catroga.»
O que é que claramente chama logo a atenção neste parágrafo? É de facto a inexistência de aspas na palavra «monstro» (ou de itálico: monstro). E a presença delas em «é possível», como quem não acredita (no abate do mosntro) e se ri por dentro. Isso é muito negativo. Já não bastava o monstro existir mesmo e ser oficial e sem aspas?
Sim, sim, “citação”!
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
A nova orthographia constrange. Confirma-se o que não poucos anunciaram. E nisto de coisas indianas adeptas do sexo escriptas ao abrigo do novo acordo, emfim, nem se fala. A verdade é que queríamos perceber de que tratava o texto principal , uma vez que a nossa condição de conservadores reaccionários a um temppo nos causa repulsa e phascínio pellos novos rumos da língua portugueza e todas as discussões à volta delles. Bem como um ligeiro phascínio scientíphico pelo sexo indiano, que dizem ser de singular perenidade. E víamo-nos de todo sem perceber sequer se aceiptavam inscripções.
Muito menos entendíamos o fundamental das linhas conceptuaes da seyta, tão bizarra nos parecia a othographia. Jornalistas parece que não são especialmente bem-vindos. Para nossa sorte, no entanto, acabaram por aceiptar um (ou talvez o seu primo), que foi quem depois tentou escrever a crhónica ainda sob o efeito combinado da «Meditação para a Auto-Consciência, (AUM)», da «Simulação Orgíaca» e do caril. Ou talvez seja tudo efeito do acordo orthográphico. Se não, vejamos: temos o «SAR (Sistema de Ativação Retilínio)» – pela sonoridade das palavras parece um conceipto espectacular, mas o que é isso de «ativação»? O nosso diccionário não tem essa palavra. Falta certamente um “c”, pello que seria «Cativação» – ou seja «captura», como nós aprendemos na escola. Só não percebemos se o sistema está vocacionado para capturar «rectas» ou «répteis», pois que de facto o nosso primeiro grande constrangymento foi esse: «retilínio». Diz logo a seguir que é um «filtro mental fantástico» – talvez seja «rectas». No sentido de «linhas».
E assim percebe-se melhor que Atmananda, um indivíduo praticante, diga que a empresa onde trabalha lhe tenha dado «(…)um lugar na informática. Eu não sabia nada de informática, mas é como tudo: aprendese fazendo. E fui subindo." Até agora, que se vai despedir. Nos seus projetos para os próximos dois anos estão a criação de um espaço, franchisado, de depilação a laser(…)». Com esforço, mas perecebese. Ou que o Nuno (mas têm mesmo de usar estes nomes indianos?), que anda «numa busca», se tenha despedido da empresa depois de esta ter « (…) mandado em- bora várias pessoas [que não ele!] por causa da "crise"». Em-boa hora o fizeste. Parece-nos que já começamos a perceber estes estranhos e novos falares.
E a gostar. Vamos inclusivamente voltar àquella página com a música inspiradora e depois lêr mais algumas frases para praticar:
«Assim, o Kundalini abre com dezenas de rajneeshees [ pois, mas no nosso tempo escrevia-se rajneeshehes] a abanar o corpo na tenda grande (ou dome), uma espécie de aquecimento para a fase seguinte, a da dança, a que se seguirá a da meditação propriamente dita»;
«Mas quando a coisa começa a descer e o xamã chama os ícaros da planta... Wow! Que clareza, que awareness (autoconsciência).»
«Que sensação." Mais tarde, Mónica F., uma bonita ex-controler financeira e designer gráfica, leu-me a aura descobri que tenho uma energia feminina muito forte, uma presença maligna, e que devia era ser músico e convidou-me, desinteressadamente, para uma destas sessões xamânicas. Custam 90 euros e são semiclandestinas para não dizer ilegais. Mas fazem furor entre os adeptos de Osho."Queres vir?", sorriu-me.»
«Ao nono estágio "a dança dos amantes", é distribuída uma venda a todos. A ideia é passarmos os próximos 20 minutos numa simulação orgíaca: agarramos um corpo, qualquer corpo, homem ou mulher, desde que ambos se sintam confortáveis, e dá-se um contacto semelhante ao que têm os amantes, antes do início do sexo. Confesso que nesta parte quando me vi agarrado entre um homem e uma mulher não consegui deixar de pensar: "Mas que raio estou eu a fazer aqui?"
P.S.: por favor, não contem isto à minha mãe.»
«O pai, conservador, achava que o destino de um homem era formarse, casar e ter filhos três, de preferência.»
Lemos e percebemos que há toda uma ausência de regras aqui. Muito interessante. Não deixaremos de tentar estudar o assumpto em maior profundidade, se a oporttunidade surgir. Ainda bem que não querem lá essa gente mesquinha dos jornais, que nós, ilustres moralistas hipócritas que sommos, também não apreciamos particularmente a exposição em folhetim dos nossos vícios mais exóticos, como o do yoga de frutos silvestres (isto para confessarmos apenas o mais belo e, sim, não menos infame).
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
De quem gosta Narciso? Do PS, especialmente quando nele vê reflectida uma boa imagem de si. A do autarca modelo, que pode ser candidato quando ele próprio não quer (certo, há mais vida; e o PS?, não sabemos), e é candidato - por outro ‘partido’ - quando já quer e o PS já não quer (certo; mas faz coçar a cabeça). Foi em 2009, pelo ‘partido’ Narciso Miranda Matosinhos Sempre.
Agora, espanta-se e revolta-se com um processo que pode levar à sua expulsão do PS. Ou talvez não leve, se acabar por não arranjar maneira de abrir as cartas que o partido lhe envia (um x-acto e facultar ao PS um endereço válido, ou, caso não se trate disso, agir com coerência e clareza, pode ajudar). Bravissimo, para quem diz ter argumentos (talvez atendíveis) para pôr em causa a validade da expulsão, do processo de scolha de candidatos em 2005 e do próprio governo Sócrates (neste caso, é mais o prazo de validade, e o argumento é, claro, Narciso - e se ele o diz...).
Não perecebemos muito bem é porque razão a sentença do processo de Manuel Alegre, que concorreu nas últimas presidenciais contra o candidato apoiado pelo PS, vai no sentido de apoiá-lo agora em 2011 (talvez pensem que proporcionar-lhe com uma valente derrota seja o que aquilo que mais o fará sofrer, bem visto); mas quanto ao resto, está quase tudo por aqui:
De quem gosta Narciso?
De quem gosta Narciso?
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Já não nos bastava o pessoal dos blogs? Não, e agora os vídeos deste sujeito comentador da SIC Notícias e da Sábado, para ali com ar manhoso, quase sinistro, de óculos escuros e tal. Não é um artola qualquer, ele estuda mesmo aquelas matérias. E aquilo é uma tartaruga em boneco? E por entre as brumas, a memória, e os Roxy Music e a salvação da pátria, etc. (está escrito por cima)? Mas, que pinho, que carvalho? Só sabemos que é um deleite, gesto a gesto, palavra por palavra (e a música e o genérico, e o gabinete mobilado e as poses, e a 'coerência' da 'narrativa', e os livros nas estantes), tão delicioso que até faz mal ao açúcar natural.
Por favor, clique aqui para visionar.
E assim se prova que, sim senhor, pode-se ler muitos livros e ouvir muito rock progressivo do Vietname todo em flauta de osso de andorinha, que isso não impede ninguém de fazer figurinhas tristes. Sabemos bem do que falamos, pois nós não ouvimos rock progressivo nenhum precisamente por causa disso e de ser muito à esquerda, em termos de mãos nos teclados dos sintetizadores.
Por favor, Nuno, continua a mostrar-nos como não ser um Hitchcock e perceber de mísseis ao mesmo tempo em estilo caseiro, que é um regalo para o espírito. Aqui fica mais uma maravilha, mas há lá muitas outras.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Temos sim que o Procurador Geral da República diz ter os poderes da Rainha de Inglaterra. Não, claro que não estamos a brincar. Nunca. Pronto, vá, é mesmo a sério. E outros magistrados do Ministério Público que dizem o contrário do que outros vêm dizer com toda a confiança e tranquilidade, e os outros que garantem ter ainda gritado, ou escrito num despacho, ‘larguem-nos que a gente agarra-os!’ (também: ‘empurrem-nos que a gente puxa-os’, ‘amandem-nos que gente ampara-os’ e ‘lembrem-nos se não a gente esquece-os’) - isto em antes de o PGR ter assumido a sua inesperada faceta real. São formas originais de dizerem que muito podem, em estatuto, e muito querem, mas. Muito mandam, na aparência, e muito tentam, mas. Mas: o sistema. Mas: as circunstâncias. Mas: os interesses. Mas: nós vamos tentar compreender-vos, MAS, temos dúvidas de que agora seja o melhor momento para, vindo a público para aparentemente se justificarem, por essa via aparentemente procurarem ser ouvidos uns pelos outros.
A não ser que, no caso do PGR, faça algum sentido a revelação e ele tenha de facto os poderes da Rainha de Inglaterra (e ainda o poder de ir embora, que ela não tem), como por exemplo o poder de fazer uma cara grave e séria no dia seguinte à publicação nos jornais das coscuvilhices e escândalos à volta dos membros do Palácio Real. Ou o poder de suportar o governo. Qualquer que seja o significado que se atribua a ‘suportar’.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Aliás, não sendo juristas, sabemos que em geral os espermatozóides dão excelentes procuradores. E que a Justiça bem precisada está de robustos órgãos que os produzam de qualidade, aos procuradores.
Mais de robustos órgãos do que de tempo precisa a Justiça, na verdade. Grandes. Redondos. Ali, realmente! Ó meus amigos, se muitas e muitas vezes os processos PRESCREVEM por passar demasiado tempo! Então, quer dizer, quando passa demasiado tempo, ah, prescreveu e tal. Se o tempo é pouco, pois, nós dávamos cabo deles, se tivéssemos tempo; mas para a próxima, agarrem-nos, se não e tal.
Mais valia recorrer às justificações tradicionais: falta de coordenação, falta de meios, falta de indícios, falta de formação, falta de pessoal, falta de instalações, falta de peritos, falta de colaboração de entidades externas, falta de tradutores, falta de legislação adequada, falta de viaturas, falta de especialização, falta de provas, falta de organização.
Falta de jeito, mal por mal, seria preferível. Não é vergonha nenhuma o marido que se esqueça de comprar o presente de aniversário para esposa alegar falta de jeito para escolher presentes. Ou alegar falta de presentes de jeito para escolher. Ou falta de dinheiro. Ou falta de vontade. Ou que a amante não o quis ajudar. Ou até mesmo que se esqueceu. Agora falta de tempo? Isso é o mesmo que estar a dizer à senhora que para ele há coisas mais importantes, na vida, do que ela. Especialmente se o indivíduo em causa tiver saído de casa há seis anos com o objectivo explícito de ir comprar o presente.
Não somo juristas, mas sentimo-nos traídos, enganados e completamente solidários com a senhora.
(Que não tiveram tempo, dizem os procuradores, mas isso será no pouco tempo que as autoridades se concederam para investigar (e ainda assim...); mas o Tempo, o verdadeiro, que é o que a gente vê passar, foi mais generoso e esteve bem à disposição, palpitante.)
segunda-feira, 26 de julho de 2010
A São, como prefere ser chamada, foi concebida em local ermo, quase clandestino. E que início difícil de vida teve! Há quem afirme que continua a ser uma jovem em risco, desajustada e desequilibrada. Diz-se ser seu pai, no entanto, figura proeminente, nos ideais monárquicos e cristãos – seguríssimos – , e na carreira de gestão de bancos – muitíssimo distinguida. E mais que dá pelo nome de Paulo Teixeira Pinto. E que, para que não haja mesmo dúvidas, está nesta foto a resolver equações muito difíceis, ainda por cima em verso, no quadro preto, .
E agora é ver como a alta linhagem de São falou mais alto e acaba por fazer a sua entrada na mais alta-roda, e logo pela mão do próprio Passo Coelho, O Genro Que Toda a Sogra Gostaria de Ter. O destino vem-se encarregando de endireitar as linhas tortas em que a jovem Constituição se viu inscrita ao mundo, e assim fica um exemplo e uma bela lição para os mais jovens.
Bem constituída (está bem que coxa, zarolha e gaga e outras coisas miúdas, apesar das melhoras); irreverente (mas nada custa, a quem cedo não responde pelo que diz); generosa (no que apresenta querer alcançar, pois no que alcança é que se está para saber); livre de preconceitos (demasiado liberta do pensamento consagrado, na visão de alguns, para não estar já presa a outros preconceitos): é assim a São. E agora Passos Coelho, o seu tutor, deverá tratar de lhe encontrar um bom partido, ainda que até agora poucos se tenham deixado seduzir por seus encantos.
Mas, com isto tudo, o que quer ela afinal? Diz-se que quer dar mais poderes ao Presidente da República, por exemplo. Apesar de ser filha de um monárquico, quer ver o pouco Real Cavaco num trono mais alto. É muita generosidade. Ou então um golpe de mestre do Coelho e do Pinto, como bem avisam os analistas que O Mesmo teve oportunidade de ouvir: a campanha presidencial está à porta, este tema será um dos mais importantes, e um dos mais incómodos para o actual Presidente. A ideia parece ser a de oferecer mais a Cavaco na medida em que com isso lhe retira esses e todos os outros poderes! Pois que lhe põe em risco a reeleição (ou pelo menos fá-lo passar um mau bocado)! Genial.
Já se sabia que Passos Coelho não gostava do Cavaco, mas havia mesmo necessidade de ser tão cruel? Quem diria, com aquela carinha de Ângelo...
Diz-se também por exemplo que quer permitir que se possa reformular o Modelo Social Europeu em Portugal, seja lá isso o que for. Que possam os ricos pagar pelos serviços de Saúde e Educação e os pobres sejam obrigados a tê-los à borla. Mas obrigados pela pobreza, uma vez que se tivessem dinheiro, falando neste caso da saúde, recorreriam aos serviços de qualidade aonde se dirige quem tem dinheiro (aí por volta do meio-dia, e não no dia anterior, para ‘fazer vez’, e ‘rezar para que haja médico’, e ‘conversar sobre doenças com outras pessoas’).
Claro que esta injustiça só seria possível se a Constituição, tal como a temos vindo a descrever, fosse aceite. Nesse caso, sim, talvez viesse a haver um sistema de saúde para ricos e outro absolutamente diferente, para pior, para pobres; e o mesmo para o sistema educativo, e já agora para a justiça e tudo o mais, raciocinando por absurdo e hipótese académica. Parece-nos que não suportaríamos nem saberíamos viver assim. É simplesmente inconcebível.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Mas será que é assim tão difícil extorquir o dinheiro e ser-se amado pelos utentes ao mesmo tempo?
É que se fosse, ainda se percebia. Não podem, eles, perguntamos nós como quem só quer ajudar, e isto para facilitar no engolir da pastilha, contar uma história muito bem contada, como fazem aqueles pais que conseguem convencer os filhos de que a sopa faz bem e sabe a chocolate? Sendo que se verificar ser isto impossível, e não existirem pais como esses, nem sopa assim, que façam ao menos o que têm a fazer de uma vez por todas. Eles. Se são homens. Já é suficientemente doloroso ter de pagar; fazê-lo enquanto se assiste a esta cegarrega é como ouvir o dentista que nos deveria tirar um dente em data marcada informar-nos de que terá a dita de ser alterada para que possa estudar os procedimentos da extracção de dentes, discutir o assunto com os colegas, etc.
Ou como ser assaltado por larápios incompetentes e brigões. É humilhante. Aconteceu ao herói do Sozinho em casa, mas os maus da fita, desta fita, das portagens, devem ganhar. Pudera, com as forças da ordem do nosso lado, mais a tropa e os F16, também nós ganharíamos.
domingo, 18 de julho de 2010
Por agora vamos apenas tratar de reflectir sobre uma coisa completamente diferente: o desfasamento entre aquilo que o Governo diz e aquilo que o Governo diz, pouco tempo depois (porque ele pode não existir, mas, ai, não se cala, ai). E também sobre uma ou outra incongruência entre aquilo que o Governo faz e aquilo que vem a fazer depois. Ora a reflexão já estava feita antecipadamente, para não se estar aqui três quartos de hora à espera que apurasse. Quem quiser pode e deve fazer a sua, e há-de sair igual à nossa: trata-se de uma situação desagradável. Seja como for, em certas áreas não essenciais, são poucos os que verdadeiramente se preocupam, e o Governo pode estar mais ou menos descansado.
Por exemplo, pode o Governo estar descansado na área da Educação depois de ter vindo a respectiva ministra dizer que as escolas vão fechar todas e que será criado um Centro Nacional Educativo (na casa dela, com assistência da dona Armanda para fazer os croquetes para a criançada e os jogos de objectos escondidos pela casa, uma grande aventura), centro esse dotado das mais excelentes condições materiais (80 000 livros Uma aventura) e humanas (a ministra e a dona Armanda) e de, mais tarde, ter dito que afinal não é bem assim? Pode. É um processo, as aventuras da ministra estavam em situação de claro excesso de stocks, etc., etc., tudo bem, escapa.
Provas de ingresso para admissão na carreira docente para todos os professores, depois só para os que tenham classificação inferior a menos mau, ou coisa assim, está-se bem? Está.
A ministra da Cultura começa por avançar com a ideia de cortar nos apoios à actividade cultural, depois pensa melhor e decide deixar estar como estava, isto chateia alguém? Nada, e de qualquer maneira cinquenta euros a mais ou a menos não fazem diferença nenhuma.
Não convém é brincar às grandes obras públicas, que isso é como ofender a religião que se pratica. O TGV não pode passar de milagre anunciado a piada de mau gosto, os aeroportos não podem estar aqui estar ali, o segundo concurso para a terceira travessia sobre o Tejo não pode ser lançado em Julho sem que antes tenha sido anulado o primeiro, de Janeiro. E com as taxas e impostos é o mesmo, o Governo não pode ser tão pouco claro, ao nível do discurso e da acção, seja no que respeita ao período sobre o qual incidirão as novas taxas de IRS seja com a introdução de portagens nas SCUT, para dar dois exemplos em que inclusivamente o Governo, receando não conseguir criar muita confusão sozinho, terá pedido ajuda do PSD.
Aumentar os impostos e fazer obras, muitas obras, e muitos impostos para pagar as muitas obras (e outras manobras): já se sabe que assim também qualquer um de nós poderia ser governo, mas continua a ser o mínimo que se pode esperar. Tudo o que seja pior do que isso – ou, dito de outra maneira, quando até isso é mal feito - começa a ser um pouco desagradável.